sábado, 14 de abril de 2012

A missão do Gerente de Recursos Humanos


 
A missão do gerente de Recursos Humanos é um drama bem simples, que se apóia na velha história da transformação a partir do momento em que seus personagens mergulham numa viagem onde se conhecerão melhor ou redescobrirão os reais valores da vida. Apesar de soar batido, o filme é cativante e sincero, trata de temas delicados numa região em que a tensão é constante. Nos faz ver que por detrás de toda dor, raiva e medo, há pessoas, simplesmente pessoas.

Yuilia é uma romena que migrou para Israel para tentar uma melhor qualidade de vida. Não sabemos muito dela e nem vamos saber, o fato é que ela morreu num atentado terrorista e a empresa onde trabalhava nem havia percebido sua falta, mesmo após dias sem ela ter ido trabalhar. Quando o assunto cai nos ouvidos de um jornalista, ele ameça a empresa com um artigo. Para tentar resolver esse problema, o gerente de RH vai tentar compreender o que de fato aconteceu.

Após tudo ser explicado, a dona da empresa pede para que ele leve o corpo da falecida à sua cidade natal para seguir os rituais corretos da família. A intenção é sair o menos queimado possível desse incidente. Porém, a viagem que era para ser simples e fácil, torna-se complicada e desgastante. Na viagem, além do gerente, vai o jornalista que quer cobrir todo o caso, a Vice Consul de Israel na Romênia, seu esposo que serve como motorista e posteriormente o filho da falecida. 

 

Do mesmo diretor de Lemon Tree, esse drama toca muito na questão humana, se no primeiro havia o cenário da política, aqui, por mais que esse aspecto seja importante, o fator humano prevalece. Esses personagens estão perdidos, anestesiados diante de tanta morte, vivem e apenas vivem. Não teem uma identidade, tanto que a única a ter um nome é a Yuilia, a jovem morta. Todos os outros são descritos pelas suas ocupações, o gerente, o jornalista, o garoto, a dona da empresa, o marido e por assim em diante. Mas essa falta de identidade não está apenas no nome, mas também na vida desses personagens. A mãe de Yulia não sabe se realmente ela pertence verdadeiramente a sua terra e nação.

No filme o diretor toca em assuntos importantes, como no número de atentados terroristas e como as vítimas dessa atrocidade tornam-se simples desconhecidos, simples estatísticas, mais um número em meio a tantos. Entretanto Yulia veio para provar que não, ela é uma pessoa com uma vida, um nome, uma história e um passado. Tanto que é somente aos poucos que vamos conhecendo melhor sua vida, uma personagem de grande presença, porém que nunca vemos, apenas uma foto sua ao final.
O drama caminha lentamente, as transformações pelo qual todos passam também. O interessante é que ao final da história, não há nenhuma mudança radical, apenas o fato de que todos esses veem e enxergam aquela mulher como realmente ela é, uma pessoa. Essa deixou de ser uma funcionária desconhecida sem importância para o Gerente para ganhar um rosto, nome e passado e para o jornalista, deixou de ser apenas um caso sensacionalista para se tornar numa história de verdade, uma história com um final trágico. Essa falecida deixa a posição de um número dentre os mortos para se tornar numa personagem de carne, osso, sonhos e desejos.

O filme possui uma trilha muito terna, ótimas paisagens marcada por cenários em que o gelo ganha contornos belos, todos estão frios diante dessa morte. Mas aos poucos, o calor reaparece para tentar aquecê-los. O elenco está muito bem e a direção é o que há de melhor. Esse é um drama, mas com um tom leve, cômico e engraçado. É estranho, mas a morte está ali, mas não se percebe isso. É a partir do fim que se busca um começo ou uma tentativa de recomeçar.