sábado, 24 de agosto de 2013

Touch - Temporada final




Todos estamos conectados, apenas esperando simplesmente sermos tocados. Touch nos mostra a história do pequeno Jake(David Mazouz), um garoto que tem a capacidade de perceber o mundo de uma forma diferente. Ele vê padrões numéricos e estes revelam a esse garoto todos os mistérios da vida. Sua função é conectar as pessoas, ajudá-las a superarem suas dores e seus medos. Se algo não está no seu caminho certo, seu toque promove a mudança, a cura e o reencontro. 

Após a primeria temporada, Martin (Kiefer Sutherland) consegue salvar seu filho, com a ajuda de Clea (Gugu Mbatha-Raw). A primeira temporada se encerra tendo bons episódios, mas se revelando desgatadas em alguns elementos. Ao final da temporada, conhecemos um pouco sobre a mitologia que rege a série. No caso, Jake pertence a um grupo de 36 justos. Estes existem para a permanência dos humanos na Terra. Eles conseguem sentir as dores dos outros e tem como função ajudá-los.

Na segunda temporada de Touch, o que se percebe é uma mudança brusca com relação ao formato da série. Não que isso tenha sido ruim, pelo contrário, deu um excelente fôlego ao seriado, mas ficou uma impressão estranha. Apesar de serem os mesmos personagens, ter o mesmo drama, a mesma mitologia, tudo está modificado, dando a sensação de que estamos vendo uma outra série completamente diferente. 

Após Martin deixar a cidade, fugindo da Artes Corps, vão em rumo para Los Angeles. Guiado por Jake, eles se deparam com Lucy (Maria Bello), mãe de Amélia (Saxon Sharbino) que ainda está em busca da filha, mesmo com as autoridades terem declarado que ela está morta. Após Martin se abrir para Lucy e dizer tudo o que sabe sobre sua filha, os dois então partem juntos com um único propósito: achar Amélia e destruir as organizações Aster Corps. Porém essa empreitada não será nada fácil, já que essa é uma organização poderosa com ligações em várias partes do mundo. 




Para esse segundo ano, além de Lucy, novos personagens são inseridos neste universo. Calvin (Lukas Hass) é um cientista que trabalha com números. Ligado a Aster Corps, vai se desligar da empresa. No começo da temporada, ele é mostrado como alguém com muitos segredos. Seu desejo no caso, é encontrar a sequência de Deus, um conjuntos de números que é capaz de responder aos grandes mistérios que regem a vida e até capaz de prever o futuro. Para isso, muitas de suas ações seram guiadas por atos não tão bons assim. Esse será um personagem que estará entre o certo o errado sempre. Suas atitudes são ambíguas, mas seus motivos nobres. 

Guilhermo Ortiz (Said Taghmaoui) é um sujeito que aparece aos poucos. Não conhecemos seus motivos e sobre ele, tudo será revelado aos poucos, de forma continua no decorrer da série. Mas sua presença é forte na trama. Ele tem como propósito elemiar os 36 justos. E é isso que faz. Chega, conquista a confiaça, releva sua missão e o mata. No segundo episódio da trama, Perto, sua presença foi forte, sua aproximação foi tensa e seu desfecho foi trágico. Com essa história, King mostrou que não teme matar seus personagens se isso for preciso. Uma lição que aprendeu em Heroes.Nessa gama de novos personanges, Ortiz é um dos mais ricos. Em suas tramas se concentraram os momentos de maior tensão até os momentos finais em que esteve.

Mas quem se destaca do começo ao fim dessa temporada é Lucy. Maria Bello é uma excelente atriz e em Touch prova isso. Ela encanta, conquista, mostra força e determinação. Consegue mostrar fraqueza e delicadeza de forma impressionante. Sempre estando presente em toda trama, a meu ver, ela de certa forma, roubou toda trama para si, até ofuscando o protagonista da série, Martin. A busca pela sua filha a levará a um caminho dificil e doloroso. Seu introsamento com Jake, sua postura e seu olhar, enfim, uma bela atuação. Infelizmente, ela não permanece até o final da temporada, deixando uma dúvida e colocando numa situação delicada Amélia. 

Amélia é reservada. Assim como Jake ela é capaz de prever os padrões. Ela e Jake estarão intimamente interligados. Cada um a seu modo, ajudará o outro. Ela é o outro achado da série. Sempre calada e fechada, ela se mostrará como uma garota que tenta ser forte, mas que ao final se revela normal, ou seja, frágil, como uma criança que necessita de proteção. A cena em que Lucy e Amélia se despedem é marcada por fortes diálogos e um intenso introsamento. 


É assim que Touch nos conquista em sua segunda temporada. Se na primeira, toda a trama esteve presa a personagens e com suas tramas paralelas que ao final se intercalavam. Para esse segundo, tudo está intimamente ligado a mitologia. Não há personagens que entram do nada e saem do nada, não há muitas histórias paralelas. Todos os personagens estão apenas ligados a mitologia da série, os 36 justos. 

O que se percebe é que no primeiro ano, o diretor ficou tão preocupado em mostrar como seria a série que esqueceu de mostrar o que é de fato esse garoto e como é sua história. Essa falha foi colocada como eixo princial na segunda temporada. Em compensação, os dramas dos "outros" que eram o destaque de Touch, saem de cena. Neste segundo ano a importância está sobre Jake, Astes Corps e toda a trama que os prende, ou seja, o resto perde importância. 

É essa mudança que ficou e que marcou. Talvez se o diretor tivesse dosado isso entre as duas temporadas, talvez teria dado mais ligação entre os dois anos. Mas em se tratando de roteiros, ao final da primeira temporada, pecebia-se um certo desgastes nas tramas. Elas não nos impactavam mais, mas nesse segundo ano, todos os episódios conseguiram marcar, conquistar e nos prender. O episódio que mostra o primeiro confronto entre Guilhermo e Jake é marcado por uma tensão do começo ao fim. Sabemos que algo vai acontecer e acontece. Assim como o drama vivido por Amélia e Lucy. Em todos os episódios, houve um trabalho mais elaborado com o roteiro envolvendo os personagens principais. A ideia não é mais simplesmente emocionar e mostrar uma ligação onde menos se poderia ter, mas apenas abordar esse personagens da melhor forma que se pode fazer, dando humanidade a eles. 

Humanização, essa é uma característica fundamental a todos. Todos foram guiados por algo, seja ambição, desejo de reparação, reconquista ou fé. Em todos os atos, haviam pessoas sendo movidas por sentimentos humanos. Nesse sentido, perde-se um pouco a noção do "vilão" e "herói".

A trama que se encerra na sua segunda temporada, não se renovando para uma terceiro ano, conseguiu dar um bom desfecho a todos os personagens. Faltou explicações, faltou mais dos personagens, faltou um pouco mais da mitologia, houve uma forte ausência daquela caracteristica fundamental que formou a série, "todos estamos interligados, esperando apenas sermos tocados", porém apesar de tudo isso, a série entregou uma trama bem elaborada e tocante.





domingo, 18 de agosto de 2013

The Bic C: Segunda Temporada




Laura Linney retorna para a segunda temporada dessa série parar dar vida novamente a simpática, engraçada e divertida Cathy, uma professora que descobre ter um cancêr em estágio terminal. E a partir dessa notícia, entra numa verdadeira busca louca por tentar viver a vida, ao mesmo tempo que tenta enfrentar a verdade sobre sua doença.

Cathy é uma professora que possui uma vida bem pacata, casada com Paul (Oliver Platt), ela tem um filho adolescente que vive dando trabalho a ela, Adam (Gabriel Basso) e um irmão ainda mais problemático, Sean (John Benjamin Hickey). Além dessa família disfuncional, há também Andréa (Gabourey Sidibe), uma aluna do colégio que se tornará o seu objetivo de vida.

Na primeira temporada, a vida dessa professora dá um giro de 360º ao descobrir o diagnóstico dessa doença. Sempre muito correta e tentando fazer o que é certo na vida, se vê diante de uma realidade pela qual não estava preparada. Diante disso, ela se nega, se nega ao tratamento, se nega a revelar essa verdade para sua família. Negação, é sobre isso que se dá toda primeira tempoda. Após inúmeras confusões, temos um final sensível e tocante. Um belo fechamento de temporada. 

Já a segunda temporada começa com Cathy fugindo ainda da morte, agora representada por Marlene (Phyllis Somerville). Mas agora, ao contrário de apenas correr, ela tenta bater de frente com a morte, ou sua doença e busca um tratamento. Um experimento realizado por um médico que vem dado ótimos resultados nos pacientes.Cathy coloca toda sua esperança nesse tratamento e ele começa a dar certo. Nesse momento ela sente a vida novamente pulsando em suas mãos. 

Mas não é apenas os dramas dessa professora que a série vai abordar. Outros personagens ganham mais presença neste segundo ano.Sean, ao se descobrir na possibilidade de ser pai, vai tentar ser o cara mais normal possível e Rebecca (Cintia Nixon) uma boa mãe. A relação dos dois será um dos alicerces mais engraçados da série. Afinal, The Bic C trabalha um tema forte, ligada ao drama, nesse sentido, alguns momentos de descontração virão de outros núcleos da série, e um destes será deste casal louco, porém, apaixonados.

Outra personagem que ganha peso é Andrea. Ela é direta e forte, na dela, sabe o que quer e não aceita ser feita de boba. Mas nem em todos os momentos somos assim, invencíveis. E com ela não será diferente. Ela vai conhecer um rapaz, um amigo do trabalho de Paul. Ele se interesserá por ela e Andrea vai responder a esse interesse. Porém, diante de tanta felicidade, nem tudo será flores. É interessante o modo como ela será incluída na trama e dentro da familia de Cathy. 

Adam é outro que irá viver muitas experiências, sendo estas boas e más ao mesmo tempo. A entrada de Popy em sua vida mostrará alguns elementos novos em sua vida e o retorno de sua namorada ao final da temporada, o fechamendo de um ciclo. 


Mas de todas as tramas, a de Cathy se sobressai.  Durante os experimentos, ela conhece Lee (Hugh Dancy). Ele, assim como ela, também possui um cancêr em estágio terminal. Porém, diferentemente dela, ele já aceitou sua vida, seu destino e sua morte. O que ele faz é apenas viver, viver o máximo que pode e esperar. Aceitação, esse é um processo dificil pelo qual essa professora terá que passar ainda. 

O momento de Cathy nesse instante é de raiva. Raiva porque redescobriu o prazer pela vida e é justamente nessa fase que ela terá que lutar pela sua saude. A busca por esses experimentos é uma das poucas chances que ela tem. Se não, a única. Ela tem pouco tempo de vida, e o tratamento sendo positivo para ela, será um sinal que há chances, que ela pode escapar dessa com vida. Raiva, é ela que guiará Cathy a buscar ajudar Lee, a Sean e Andrea. Sua vida está presa a ela e ela a quer manter junto dela o máximo possível.

The Bic C entregou uma segunda temporada ainda mais deliciosa e divertida. O que se percebe nesse segundo ano é que o drama  ganhou mais presença e a morte também. Seja pelo cancêr, por Lee ou pelo bebê de Rebecca. Para se ter a vida, se há a morte. Estes dois elementos caminham lado a lado. A morte é dolorosa, nos causa receio, medo e angústia. Por mais que venhamos viver, ainda sim, nunca estaremos preparados para ela de fato. 

E é nesse ponto que a série soube abordar. The Big C é uma comédia, é um drama, é a história sobre a vida de uma professora comum como a todos nós. Ela possui erros, falhas e acertos. Ela está com medo, medo do que lhe pode acontecer. Medo de não estar sempre presente. Todos nós temos medo, o medo nos move e a trama em seus doze episódios, soube abordar esse temor, sempre nunca esquecer o lado engraçado da vida.

Com um ótimo roteiro, e um belo uso da trilha sonora que nessa segunda temporada é muito bem usada, a série só teve ótimos momentos. The Bic C encanta, diverti e comove. Trabalha um tema espinhoso com respeito e dignidade. Mostra que a vida está aí. Que viver não é fácil, que a morte pode chegar a qualquer momento e que nada podemos fazer para mudar isso. Não podemos controlar o universo. Não podemos prever o amanhã, podemos apenas viver o hoje.