sábado, 28 de maio de 2011

Reencontrando a felicidade

Uma declamação de dor, luto e vida

Nicole Kidman é Becca, uma mulher aparentemente normal, com um relacionamento estável com Howie (Aaron Eckhart), morando numa boa e confortável casa num subúrbio dos Estados Unidos com vizinhos sempre carismáticos e atenciosos para com ela, porém toda essa normalidade e aparente tranquilidade esconde e camufla um casal a beira de um profundo abismo de dor e angústia. Há oito meses que o único filho deles, Danny, morreu atropelado num fatídico acidente de carro. Após esse fato, tudo mudou na vida deles.

O drama começa mostrando cenas corriqueiras, do cotidiano, entretanto nada desse fato, da morte desse filho, é dito claramente. Acompanhamos a rotina desse casal e aos poucos vamos percebendo que algo não está normal, uma barreira os separa. É como se os dois vivessem na mesma casa, trocando palavras, mas no fundo, nenhum estivesse ali realmente. Seus pensamentos e sentimentos estão trafegando por lugares diferentes e distintos.

Cada um, ao seu modo, tenta superar essa dor, esse luto. Howie numa terapia de auto-ajuda tenta confrontar essa verdade e seguir adiante e Becca na fuga e na ideia de apagar todas as lembranças de seu filho, o porém é que nada disso está realmente funcionando para os dois e a vida deles estão sendo destruídas aos poucos. O vazio deixado jamais poderá preenchido. É com esse drama, de certa forma seco e frio, que o diretor tenta abordar esse momento tão complexo e difícil de se lhe dar´que é a perda de um filho.

Alguns elementos cinematográficos usados no longa conseguem conferir mais veracidade e suavidade ao filme: durante todo o drama o diretor usa planos estáticos para visualizar seus personagens. É como se ele quisesse apenas observar esse casal em suas rotinas, não é ideia do diretor dar uma resposta, uma saída, um sentido ao final dessa história ou fazer com que seus personagens encontrem a tal felicidade, proposta pelo título em português, mas apenas colocar o espectador como um mero observador. Em falar nisso, alguns planos são realmente muito bons, obtendo excelentes ângulos e ótimas paisagens.

Outro ponto positivo é a fotografia que possui um tom gélido que dá uma certa sensação de distância e frieza com relação ao filme. A trilha sonora também obtém destaque, com uma melodia sútil e minimalista, o instrumental apenas contrabalanceia as imagens, nunca se sobrepondo a elas, apenas dando uma leveza ao momento. Todos esses elementos dão uma sensação de distanciamento e por consequência, amenizando esse drama que tem como fio condutor uma história extremamente trágica, evitando assim lágrimas desnecessárias.

Há também por um pequeno momento o uso da voz em off ou narração em off, nunca gostei muito desses dramas terminarem com esse recurso, mas nesse longa, o uso da voz em over foi belamente colocado, intensificando ainda mais as qualidades desse drama nos quesitos cinematográficos.

O roteiro e a direção também mantém o filme seguro, nunca dando saídas fáceis para momentos complexos. A relação de Becca com sua mãe da mesma forma que está calcada em trocas de agressões ásperas, está repletas de verdades que nunca são ditas de forma melosa ou clichê, outro ponto forte na história é envolvimento dela com o jovem responsável pela morte do seu filho. A ligação entre eles é terna, tocante e nela está explicado o motivo para o filme ter esse título, Rabbit Hole, algo como A toca do coelho. Por meio dessa metáfora, consegue-se compreender toda a dor de seus personagens.

O elenco está formidável, destaque para Nicole Kidman que após alguns filmes em que não conseguiu ter uma boa atuação, obteve nesse drama uma ótima presença, lhe dando inclusive uma indicação mais do que merecida ao Oscar. Dianne Wiest também está excelente, sua personagem é terna, sensível e carismática. O único que talvez não tenha conseguido se impor é Aaron Eckhart, apesar de estar bom, diante dessas duas fica devendo. Sandra Oh como Gaby também leva os créditos, mesmo tendo uma pequena participação, confere graciosidade à sua personagem, sendo que até o relacionamento que é criado entre ela e Howie é compreendido, devido as circunstâncias em que dois se encontram.

A direção é de John Cameron Mitchell que tem no curriculum ótimos filmes até o momento como ShortBus e Hedwig: rock, amor e traição. Esse Reencontrando foi quase esquecido pelo Oscar, somente sendo lembrando pela indicação de Kidman à melhor atriz, porém esse drama merecia uma indicação ao Oscar de melhor roteiro adaptado e porque não, diretor. Um filme sensível que não traz a redenção para os seus personagens, um drama contundente, em que a felicidade não se encontra facilmente, pois na verdade o que esses personagens desejam nem é a busca desse sentimento, mas apenas uma forma de se manterem vivos.







terça-feira, 24 de maio de 2011

Os famosos e os duendes da Morte

Os famosos e os duendes da morte”, filme brasileiro, conta a história de um jovem de 16 anos que não conhecemos o nome de fato, mas apenas somos apresentados a ele como Mr. Tambourine Man. Ele é um adolescente que simplesmente ainda não encontrou o seu lugar, mas esse simplesmente guarda muita complexidade. Sua relação com o mundo é por meio da internet, através dos diversos sites de relacionamentos.

Ele sempre vê na net alguns vídeos de uma garota que, assim como ele, sente-se deslocada de tudo, mas ela, ao contrário dele, conseguiu encontrar as respostas para algumas perguntas com a ajuda de um jovem que tem uma pinta de Bob Dylan. Aos poucos percebemos que essa garota dos vídeos não está tão distante dele assim e que ela tem uma ligação muito forte com todos da cidade e exclusivamente com ele. Porém, as coisas começam a mudar, a partir do momento que o rapaz que aparece nos vídeos com essa jovem começa a rondar a cidade e encontrá-lo em diversos momentos


 

Composto por uma bela trilha sonora, com direitos a longos silêncios e ruídos marcantes e ótimas paisagens, mostrando uma cidade do interior de Rio Grande do Sul, o filme mergulha profundo na mente e sentimentos desse rapaz. Realidade e ilusão caminharão juntas num único passo.

Fuga e escape, é disso que o filme vai sempre tratar. Todos procuram uma forma de se refugiar dessa dor que é o mundo. A mãe dele após a morte do marido passa a conversar com o cachorro criando uma ligação muito forte com este animal, como se ela conseguisse compreende-lo e ela ser ouvida. A mãe de seu único amigo tenta manter a postura, mas seus olhos estão simplesmente perdidos num profundo horizonte sem fim. E por fim, ele, que por meio das suas postagens na internet em seu blog, tenta uma fuga e uma compreensão para si.

O filme, é em si, muito melancólico, uma angústia está presente continuamente no longa e em todos os personagens. A dor é constante, o sentimento de vazio também. As paisagens desta cidade tão fria e gélida ajudam a compor esse cenário. Uma falta de conversa e diálogos comuns é perceptível no drama. O jovem somente se abre diante do seu computador.


Dirigido por Esmir Filho, do famoso diretor do curta Tapa na pantera que rolou a beça na internet, o filme consegue captar os sentimentos e pensamentos de uma geração que tem como ponto de ligação a internet. Esses jovens estão tão distantes entre si, mas ao mesmo tempo, tão perto.

A internet trouxe muitas mudanças e dentre elas, a possibilidade de quebrar barreiras marcadas pela distancia territorial. Podemos criar laços, compartilhar sentimentos de dor e alegria e ter nossa vida sendo vista e sentida por tantas e tantas pessoas que quiserem perceber, ver ou sentir. Mas esse filme também mostra como, em uma época em que a comunicação está tão forte e presente, há jovens ainda tão solitários e distantes que se escondem em seus mundos e suas imaginações.

Se antes eles buscavam refúgios em seus livros, diários, hoje eles tem inúmeras ferramentas como o blog. Essa dor e essa falta de razão na vida que, mesmo diante de todas as mudanças no mundo, ainda tende a permanecer é captada com maestria pelo diretor. Como o personagem do filme diz: Estar perto não é físico.

O forte do filme está nas suas imagens. Composto por cenas gravadas de forma convencional, como se fosse uma postagem e por imagens granuladas, escuras, azuladas e frias, elas tentam mostrar a ilusão, sonhos, imaginação e a realidade deste personagem. A trilha sempre presente deixa os momentos mais introspectivos.

O único ponto fraco esteja no fato dele jogar com muitas suposições e ideias em aberto, como no final do filme, que apesar de ser comovente, lindo e poético, ele tende a ter muitas saídas, dependendo do pensamento de quem o assiste, não deixando uma certeza de fato.

A cena do carro também não ajudou, parece que aquela ponte nunca acaba, aquela cena esta calcada na realidade mesmo ou nos pensamentos e sentimentos daqueles rapazes? E por fim, a aparição da garota na cena próximo ao final do drama foi desnecessária, ao meu ver, ela foi colocada para não mostrar claramente uma cena ligada ao homossexualismo.

Por fim, um belo filme brasileiro, muito mais ligado ao ato de sentir do que de realmente compreender uma historia. Sensível, comovente e profundo, uma bela obra da sétima arte.

O último mestre do Ar

O grande defeito desse filme talvez seja o seu diretor, pois não pode ter outra explicação, como um filme simplesmente bom tenha sido tão massacrado pela crítica? A aparente ideia que tenho após ler diversas opiniões a respeito desse filme é que mais julgaram o diretor frente ao longa, do que a película em si, ou seja, devido a ele ter feito o sensacional “O sexto sentido”, não há nenhuma possibilidade dele fazer um filme, talvez, mais fraco ou simplesmente diferente. É aquela velha história, sempre irão comparar seus posteriores com seu primeiro e até o momento grande clássico, vai entender a crítica, mas vamos ao filme.

Dentre esses gêneros lançados ultimamente, e olha que já foram vários, desde A bussola de ouro, os dois filmes da franquia As crônicas de Nárnia, passando por Eragon e Peter Jackson e o ladrão de raios e alguns outros que não conseguiram fazer muito barulho, esse O último mestre do ar é o que conseguiu ter mais qualidades, talvez só perdendo mesmo para a franquia As crônicas


Baseado na série de desenhos animes Avatar: a lenda de Ang, O último mestre do ar, retrata a história do garoto Ang, um dobrado de ar. Num mundo em que a Terra foi divida em quatro grandes nações e cada povo tinha a capacidade de dobrar os elementos principais que compõem a vida como água, fogo, ar e terra, existia uma figura lendária que nascia a cada geração com o poder de deter esses quatro elementos e fazer a ligação entre o mundo espiritual e o físico. Porém, devido a um motivo misterioso, o Avatar desapareceu, após isso, a Nação do fogo começou a tomar os outros reinos.

Nesse mundo em guerra, ressurge Ang, o mais novo Avatar. Ele que tem como habilidade domar o vento, terá como missão aprender os outros três elementos e trazer o equilíbrio à terra novamente. Mas para que isso possa acontecer, ele precisará superar a perda do seu povo que foi massacrado pela Nação do fogo.

A sinopse, para quem não conhece ou viu o desenho, torna-se problemática, pois é muita informação para acompanhar e memorizar. Com um orçamento de 130 milhões, o longa tem derrapado feio nas bilheterias, fazendo com que o propósito de seu diretor não se concretize, que no caso é transformar essa história numa trilogia.

O longa possui vários defeitos e isso é fato: o desenvolvimento da história se dá de forma muito rápida, alguns personagens não mostram a que veio, sendo que apenas Ang e o vilão, Príncipe Zuko, conseguem expressar seus sentimentos, o roteiro é sofrível, em sua maioria, alguns diálogos parecem que foram feitos por crianças e a escolha do elenco não foi das melhores, mesmo após assistir ao filme, ainda tenho a impressão que o ator Jackson Rathbone, que interpreta Sokka, deveria ter ficado com o personagem do Príncipe Zuko devido as características físicas, mas tirando esses detalhes, o filme não é todo ruim, há alguns elementos interessantes que devem ser considerados.


Em relação as questões técnicas, os planos fechados foram bem usados, os efeitos especiais para a manipulação da água e terra foram bem consistentes, bem verdadeiros e a opção do diretor em eliminar as situações cômicas da história para apenas focar no drama e luto do Ang foi uma boa sacada, pois afinal, não tem como fazer piada num momento de guerra e após saber que toda sua família foi dizimada.

Ao contrario do Dragon Ball que não respeitou em nada as características do desenho, aqui o diretor segue o ideal e coloca como Ang um garoto de 12 anos de idade. A questão espiritual foi amplamente colocada em prática, os pensamentos orientais sobre um mundo regido por espíritos e sendo controlados pelo equilíbrio da vida foi usado extremamente em todo o longa, ponto para o diretor.

Na história, após Ang ser liberto nas geleiras, ele descobre que tudo mudou e não consegue compreender nada do que está acontecendo, sua família e sua tribo estão em extinção, tribos do Reino da terra e da água estão sob o controle da Nação do fogo, a prática da dobragem de elementos é proibida em toda terra e essa noção dele estar perdido num mundo que simplesmente desconhece foi muito bem colocada no filme e a sua dificuldade em manipular a água devido a seu próprio drama foi uma ideia genial para mostrar o quão ele está sofrendo.

O último mestre do ar não é apenas uma história de ação, mas introspectiva, sobre perdas, luto e superação, sobre como deixar os sentimentos de dor e raiva fluírem para que a vida possa assim continuar e nós fazermos o que é certo diante dos problemas. Essa é a temática desse primeiro longa, colocar a casa em ordem para depois tentar modificar o que está ao derredor, no caso de Ang, compreender e aceitar sua dor para depois tentar mudar essa situação.

Se esse filme terá uma trilogia, é difícil dizer, mas ao final deixou uma bela cena de continuação com a apresentação da irmã de Zuko, uma garota extremamente violenta, obsessiva e perigosa que não poupa vidas e enfrentará o irmão a todo o custo. Se a ideia for mantida, o próximo filme será intitulado de Livro 2: o Reino da Terra, com a queda desse reino para a Nação do fogo e por fim Livro 3: a Nação do Fogo, retratando toda a mitologia desse personagem, então sendo assim, espero que de certo.

sábado, 21 de maio de 2011

Hairspray - Em busca da fama

Divertido, com um ritmo gostoso, belas atuações e músicas que vão de empolgantes a realmente inspiradoras. Assim é Hairspray, remake musical de um grande sucesso da década de 80. Com um roteiro um pouco modificado, mas com a base da denúncia ao racismo, preconceito e uma crítica feroz aos padrões de beleza, longa mantém uma agradável união entre um filme de puro entretenimento com um pé como longa de denúncia.

Em Baltimore, nos Estados Unidos, quando os cabelos e as danças extravagantes eram a sensação do momento, a gorducha Tracy Tumblad (Nikki Blonsky) aposta todas suas fichas em um popular programa de TV, e acaba se tornando uma celebridade. Contudo, o caminho da fama para Tracy não será nada fácil, já que terá de enfrentar a ira de Amber Von Tussle (Brittany Snow), a ex-rainha do pedaço, e as ambições de sua mãe Edna (John Travolta), que ameaça mandá-la para a escola católica. Além disso, ela é apaixonada pelo rapaz mais cobiçado do colégio. Bem cliché o argumento, mas esse filme possui vários pontos bacanas.



As músicas são engraçadas, há lugar para canções tolas, com uma letra nada a ver, como o número que envolve comida, mas também há lugar reservado para letras mais sérias como “Bem vindo aos 80” ou a bela canção cantada por Queen Latifah  sobre a luta contra o racismo.

Alguns viram nesse filme a pura indústria de Hollywood tentando faturar em cima de um tema sério com um filme bobo. Já vejo de forma diferente, por meio de uma história boba, em certos aspectos até clichê, o diretor se utiliza desses meios para mostrar como um filme lançado há vinte anos que falava sobre como somos levados por meros padrões de beleza ainda pode ser atual. Está certo que as coisas não estão na mesma forma que antes, mas não podemos negar que há ainda muito preconceito, racismo e certas dificuldades por partes dos negros em conseguir realizações na vida.

É nesse ponto que o filme trabalha bem, por meio da canção I Know Where I've Been (Eu sei onde estive) o longa consegue imprimir toda dor e sentimento de luta que ainda resiste nos movimentos negros. Prova dessa dura realidade imposta sobre a cor da pele é o longa Preciosa, lançado em pleno 2010 com forte denúncia ao governo para com os negros.



Em relação às atuações, simplesmente são ótimas. James Marsdem mesmo com um papel coadjuvante está ótimo, nem parece de longe o Scott calado e mudo do X-mem, por sinal, ele canta e muito bem. John Travolta é o chamariz do filme, interpretando a mãe de Claire, vestindo roupa de mulher, usando quilos de roupa para aparentar gorda, trabalhando para afinar a voz e ainda por cima, cantando, dançando e interpretando, sem dúvida, mereceu a indicação ao prêmio de Melhor ator no Globo de Ouro. Michele Pfeiffer está ótima como a vila da história. Zac Afrom segura bem o papel, mas o destaque do filme fica para Nikki Blonsky, simpática, ela canta e dança muito. Consegue dar vida à sua personagem, um trabalho incrível e sincero da atriz.

Simpático, sério e divertido, assim é esse musical.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ao entardecer



Um filme sobre memórias. Sobre lembranças e escolhas que fazemos em nossa vida. Sobre uma pergunta que sempre vem a tona em nossas mentes: somos ou fomos felizes em nossa vida?

Ann Lord (Vanessa Redgrave) decide revelar às suas filhas Constance (Natasha Richardson) e Nina (Toni Collette) um segredo há muito guardado: que amou um homem chamado Harris (Patrick Burton) mais do que tudo em sua vida. Desnorteadas, as irmãs passam a analisar a vida da mãe e delas mesmas a fim de descobrir quem é Harris. Enquanto isso Ann relembra um final de semana ocorrido 50 anos antes, quando veio de Nova York para ser a madrinha de casamento de sua melhor amiga da escola, Lila (Mamie Gummer). Lá ela conhece Harris Arden, amigo íntimo da família de Lila, por quem Ann se apaixona.

Com uma fotografia exuberante e uma bela trilha sonora, somos guiados por lembranças ora marcados pela razão, ora pelos delírios, pelos pensamentos de Ann em seu leito de morte. Algumas cenas são simplesmente marcantes, outras desnecessárias. Mas no geral um belo filme.




Dirigido por Lajos Koltai, com roteiro de Susan Minot e Michael Cunningham, Ao entardecer reúne um grande elenco de mulheres em que elas roubam a cena. Koltai é um experiente diretor de fotografia, nesse filme ele utiliza todo o seu conhecimento, pois a fotografia é bela e exuberante, marcado muito por tons dourados. A trilha é leve e gostosa, destaque para a música Time life time e os instrumentais que abrem o filme que é extremamente bela.

Aliás, a abertura é uma das melhores cenas, tanto por sua carga literária, quanto pelas imagens. Nesse sentido, a parte técnica do filme se saiu muito bem, apenas a direção e roteiro que houve aparente certos erros. Uma falta de diálogo é percebível durante o filme, talvez seja uma dos erros que faça com que o filme não consiga caminhar. A direção peca em certos momentos, como em alguns delírios que não necessitavam ser mostrados.

Mas sem a menor sombra de dúvida, a atuação dos atores é um dos triunfos do filme. Vanessa Redgrave como Ann em seu leito de morte é de uma sensibilidade muito forte, Claire Danes interpretando Ann em sua juventude mostra toda a delicadeza, força e angústia de sua personagem, Glen Close, apesar de ter poucas cenas fortes, quando entra em cena, consegue roubar todas as atenções, Toni Collette como a filha que não consegue compreender a mãe mostra que é uma atriz competente com capacidade de ter papéis mais densos e por fim Meryl Streep, mesmo aparecendo pouco no longa, interpreta juntamente com Vanessa uma das cenas mais belas do filme.

Um ponto interessante na história é a relação de Buddy (Hugh Dancy) com seu amigo Harris, chegando a ter até um beijo acidental entre eles, dando a entender uma relação homossexual entre esses personagens. Se houve algo entre eles, não fica claro, mas que Buddy, apesar de gostar de Ann, tem uma forte ligação com Harris, chegando ao homossexualismo é meio que nítido.

Enfim, um filme que apesar de suas falhas tem muitos pontos positivos que faz com que mereça ser visto. Um longa que nos traz essa dúvida sobre as escolhas da vida, arrependimentos e sobre conquistas. Se Ann foi ou não realmente feliz em vida o longa não respondi, apenas nos mostra que a dor do arrependimento pode nos perseguir em todos os momentos de nossa vida e que escolhas tende a ter essas conseqüências: a sempre pensarmos que o se eu tivesse poderia ser melhor do que está agora.

Fica nesse longa também uma das ultimas atuações da atriz Natasha Richardson, em seu primeira trabalho ao lado de sua mãe Vanessa Redgrave. Ela faleceu em 2009, após um acidente.

Silêncio

O dia amanhece. Ainda é cedo. O despertador me acorda. Abro os olhos. Passam-se alguns segundos. Todo o dia passa diante dos meus olhos. Um receio que se mistura com uma forte angústia toma conta de mim. Desejo ficar deitado, apenas fechar os olhos, até que o mundo desaparecesse por completo. Sem responsabilidades, sem necessidades, sentir a vida, simplesmente ter a necessidade de viver. Por que tenho que levantar, me vestir, enfrentar o cotidiano e não posso ficar simplesmente aqui, agora, simplesmente assim?

Após devanear por alguns segundos, volto a mim, é hora de levantar. Levando, caminho pelo quarto, ligo o chuveiro, a água ainda está fria. Entro debaixo das águas, ela começa a esquentar. Fecho os olhos e apenas sinto ela caindo sobre mim. Me visto, deixo tudo espalhado pelo chão, vou a cozinha, olho tudo a volta, procuro algo, não encontro então saio. Caminho, mas ainda é cedo, passo por pessoas, pelos ares, pelo silêncio, todos estão tão preocupados, e eu, não deveria estar? Não sei, as vezes acho que sou meio desligado. Chego ao trabalho, levanto a cabeça e então entro.

É hora do almoço. Saio, entro em um restaurante, há tantas pessoas, tantas vozes. Sento, almoço. Meus olhos passam a ficar vidrados num quadro na parede. Não compreendo bem, mas sinto que ele me entende, mas ainda não o entendo. As pessoas continuam conversando, conversam sobre tudo, tudo e todos, mas ninguém repara o quadro. Apenas eu o noto. Levando da mesa, saio do restaurante e então vou caminhar. Por uma praça ando, sinto o vento. Há uma paz nesse local. Nada me preocupa agora.

Caminho, então começo a pensar em tudo posso fazer em minha vida, como os céus são simplesmente o limite. Penso no que irei fazer semestre que vem, o que irei faze hoje ou amanhã, começo a fazer planos, e mais planos. Ah, são tantas coisas para fazer, mas por um momento eu paro, olho tudo a minha volta, tudo, tudo. Tudo passa a me olhar então, como se tivessem me espionando e reparando a minha vida.

Sinto um calafrio, uma angústia, não sinto nada, nada, nada em minha vida. Penso, vou... não sei...amanhã será um novo dia. Vou... é sim...ainda é cedo, vou esperar esse ano, não, esse semestre, é, tudo pode ser diferente, tudo vai ser diferente. É, sim, tudo, tudo. Continuo andando, caminhando, pensando, refletindo. Chego a novas e várias ideias, vários planos, mas nenhum tenho certeza se realizará.

Chega a noite, entro em casa. Há um silêncio tão profundo. Acendo as luzes, vou para cozinha, abro a geladeira, procuro, mas não sei o que exatamente. Ligo o rádio, então paro, o desligo logo em seguida, então ligo a TV, aumento o volume, jogo o controle em qualquer lugar. Vou para o banheiro, ligo o chuveiro, entro debaixo da água, uma água tão quente, tão relaxante, fecho os olhos e apenas sinto ela caindo sobre o meu corpo. Não penso em mais nada, na vida, no trabalho ou nos meus planos, nada, tudo some.

Permaneço durantes horas, saio do banho, então vou jantar. A TV, deixo ainda ligada. A sala e cozinha são invadidas por esse som. Após isso, vou para o quarto. Arrumo minhas coisas, dou uma organizada, arrumo meu despertador, troco de roupa, pego um livro, começo a ler, leio, folheio-o, jogo no chão e então deito, estou tão cansado. Amanhã será um novo dia. Programo a televisão para desligar daqui algumas horas, me deito, fecho os olhos procurando o sono, ele não vem. Começo a imaginar minha vida diferente, o sono começa a chegar, levemente toma conta de mim e simplesmente fecho os olhos e durmo. O dia termina e outro virá, porém não muito diferente desse, sinto apenas o silêncio.

Estruturas perpendiculares

Um sino toca, um som alto e bem forte chama a atenção de todos. A igreja no centro da cidade demarca meia-noite. Os jovens já estão em seus lares, os velhos estão num mais profundo sono, as esposas dormem e os seus maridos sonham.

Uma calma percorre as ruas desta pequena cidade. Um canto repleto de silêncios prevale sobre o centro desta cidade.

Todos estão bem, todos estão bem. Em seus lares, em suas casas. Não há nada com que se preocupar, não há nada com que temer.

O céu está estrelado e escuro. A lua já não apareceu. Um clima frio e sedutor paira sobre o campo, já é meia-noite, hora em que se inicia um dia e encerra-se outro. Já não há mais nada o que temer, já não há mais nada com que se preocupar. A vida é simples e tão bela em sua simplicidade.

Os jovens em suas casas desejam viver, os velhos apenas descansar, as esposas um pouco de atenção e os maridos desejam ardentemente uma traição. Tudo é simples, calmo, tranquilo. Uma leveza guiam esses homens, esta cidade.

Em meu quarto deito e penso, imagino e uma ligeira tristeza toma conta de mim. Mas na vida tudo passa e a ideia desta pequena e simples cidade com suas pequenas ruas, seu centro calmo e seus campos gélidos permancem em minha mente, em minha imaginação.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Educação

 Clássico, com um estilo tradicional e comovente

Jenny (Carey Mulligam) é uma jovem de 16 anos. Tem uma meta que é ser aceita em Oxford, mas também possui um desejo ardente de viver a euforia cultural com suas músicas, filmes franceses e livros, ou seja, uma vida regada a prazeres. Seu pai insiste e praticamente a obriga a estudar, sua mãe fica no meio termo entre apoiá-lo e defendê-la e a própria Jenny compreende o pai.

Nesse caminho ela conhece David (Peter Sarsgaard), um homem bem mais velho. Com uma vida boa, conhecedor de músicas, lugares e gostos parecidos com os dela, Jenny se encanta pelas coisas que ele pode mostrar e proporcionar. Conhecendo seus amigos, viajando de forma inesperada para lugares nunca antes imaginados ela acaba se envolvendo com esse sujeito. Seus pais também caem de amores por ele. Mas aos poucos ela percebe que aquela vida esconde certos segredos, erros e ilegalidades que a fazem de leve perceber que toda vida, seja qual for seguida, tem as suas conseqüências.



O filme segue uma estrutura correta, fechada e linear. A trilha entra para deixar as cenas densas ou suavizá-las. Os diálogos são curtos, bem feitos e inteligentes. A atmosfera criada, que no caso é vésperas para uma das maiores transformações culturais que a Europa e o mundo viveriam ao longo da década de sessenta, foi bem construída. A fotografia e o figurino são outro ponsitvo a ressaltar.

O longa pode ser considerado em certo aspecto feminista, pois a posição que a Jenny ocupa não é muito agradável. Se por um lado ela pode seguir a carreira universitária para ser professora, do outro lado, a posição de dona de casa também pode estar esperando por ela. Mas em meio a essa jornada pela qual ela passa, por essa educação que ela sofre que no caso seria necessário, Jenny percebe um caminho diferente a seguir. Um mesmo caminho, entretanto com perspectivas e motivos diferentes das de antes.

É nesse ponto que se encontra a delicadeza e suavidade do drama. Nada é genial e o roteiro é até bem batido, o desfecho também não chega a surpreender, mas a forma como ele guiado e como a atriz leva com competência o papel dessa jovem estudante que se vê perdida e desiludida diante das circunstâncias da vida, fazem a diferença.

O elenco do filme é extremamente competente. Carey Mulligam está incrível como Jenny, uma adolescente em busca de vida, rebelde, mas tentando ser correta. Peter Sarsgaard como David, um homem que propõem a Jenny uma outra vida, carismático convence no papel. Por fora, o elenco de apoio conta com grandes nomes em belas atuações como Alfreed Molina, Emma Thompson e Sally Hawkins.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Um minuto de silêncio

Um minuto de silêncio, por favor, eu lhe peço. Um momento de reflexão, um momento para fechar meus olhos e tentar compreender o mundo que me cerca.
Um segundo ou talvez uma hora para eu possa ficar de olhos fechados, apenas imaginando, apenas tentando entender meus pensamentos, meus sentimentos, meus receios e planos que se perderam, que simplesmente, não deram certo.
O mundo gira, as horas passam, as lembram se vão, os sonhos morrem, tudo de uma forma tão acelerada. Ontem tinha cinco, hoje tenho vinte e cinco, amanha já terei cinqüenta. É tanta informação, são tantos desejos, tantas metas, eu me perco, eu me perco, me lamento, paro e penso, mas não consigo, não consigo entender.
Tudo tem estar de acordo, mas não tenho controle de nada, tudo tem que seguir conforme o planejado: uma faculdade aos vinte e dois, uma pós aos vinte e quatro, um mestrado antes dos trinta e um doutorado antes dos quarenta e, além disso tudo, tem que haver a vida, sendo vivida, experimentada, sofrida, por fim, sentida. Mas não, nada se concretiza dessa forma, tento refazer os planos, porém percebo mais do que nunca que não, eu não tenho o controle de nada e essa falta de controle me desespera, me atemoriza, me silencia.
Um minuto de silêncio é o que peço para tentar compreender esse mundo louco que me cerca e esses meus pensamentos e imperfeições que me fazem ser quem sou

sábado, 14 de maio de 2011

Angel

Uma das séries sobre criaturas vampíricas mais bem sucedidas na televisão norte-americana. Com um bom roteiro, personagens densos, histórias interessantes e dramas que vão além da superficialidade, Angel teve como centro da trama a questão da redenção. Um vampiro com alma que busca o perdão para os seus pecados e crimes, mas a dúvida que fica e que a série soube abordar é se unicamente a nossa alma nos faz ser bons ou maus, ou melhor dizendo, se podemos ser classificados apenas entre vilão ou herói. Nossas atitudes podem ser perdoadas, a partir do momento em que colocamos a culpa em terceiros, fatores ou situações que não podemos controlar?
A série que uma spin-off de Buffy – a caça vampiros, outra série de grande sucesso e que marcou um década, conta a história de Angel, que após ajudar Buffy a derrotar o prefeito, deixa Sunnydale, devido a sentir-se culpado pelo mau que havia cometido a ela e a tantos outros em toda sua vida quando ainda era Angelus, um vampiro sanguinário e sem sentimentos. Tendo conhecimento dessa verdade que o acompanha e percebendo que jamais teria um futuro certo com Buffy, pelo fato deles serem totalmente diferentes, ele um vampiro e ela uma caçadora, ele muda o rumo da sua vida e parte para longe.
Chegando em Los Angeles, ele vai permanecer nas sombras caçando vampiros e outras criaturas, até receber a visita e a proposta de Doyle, um meio demônio que possui o dom da clarividência, a capacidade de receber visões que prevêem um futuro e essas são enviadas por uma entidade sobrenatural chamada Os Poderes que Valem. A proposta feita consistiria na ajuda que os poderes dariam a ele por meio das visões e na contrapartida, o mal seria combatido que no caso é o objetivo dos poderes. Nesse sentido, todos sairiam ganhando, para Angel, quantas mais almas ajudar, mais perto de uma redenção ele chegaria e para os Poderes, o mal estaria sendo combatido na Terra.


Junta-se a ele Cordelia, a ex-líder de torcida de Sunnydale. Ela veio com o objetivo de tentar ser atriz, mas vai se encontrar por um acaso com Angel e ser perseguida por um vampiro que ele está caçando. Após esse caso, ela vai abrir, conjuntamente de Doyle e ele, a Angel investigações. Agora, ajudar não basta, é preciso receber por isso. Porém, mais tarde, junta-se ao grupo, substituindo o meio demônio, o ex-sentinela Wesley Pryce, que foi expulso da entidade dos Sentinelas, devido a não ter conseguido controlar a caçadora Faith.
Angel é marcado por bons episódios, boas histórias e argumentos. Um clima noir paira sobre a série, a fotografia escura e acinzentada, sempre supervalorizando os becos e pontes, conseguem conferir um clima pesado, denso e complexo à trama e o mais interessante disso é que Buffy, a série que o originou, é extremamente diferente nesse aspecto. Apesar de ser do mesmo criador e ter a mesma equipe praticamente, a diferenças entre as duas são gritantes. Enquanto em Buffy há um clima mais adolescente, mais autoconhecimento, mais juvenil, lembrando muito aqueles filmes norte-americanos de suspense com jovens adolescentes que são mortos de forma sanguinária, em Angel a esfera, o clima, até os personagens são outros. Maturidade, vida, morte, tudo é mais duro, ousado, há mais mortes, menos perdão, mais sangue, não há brincadeira.
O primeiro ano da série tem em sua estrutura apenas episódios fechados, sem ter de fato uma história que ligue a temporada. No decorrer da trama, em cada episódio somos apresentados a um caso, mas também, conhecemos melhor cada personagem que será de extrema importância para a série, como o grupo de advogados que vivem atormentando Angel, assim como a empresa para que eles trabalham, a Wolfram & Hart Advogacia, uma corporação que tem pactos e ligações com o inferno e é a mais pura materialização do mal.
Outros personagens ganham destaque e peso como Cordélia, se antes ela usada como alívio cômico em Buffy, aqui ela começa com essa proposta, porém ganha mais consistência. Após receber de Doyle o dom da clarividência, ela passa a ser de grande importância para Angel e para os Poderes. Wesley é outro que muda os ares, de um cara tímido e covarde, que tem apenas o conhecimento ao seu lado, ela passa a ser um forte feiticeiro e destemido. Nesse primeiro ano, também conhecemos mais sobre Angel e sobre Darla, a vampiroa que o transformou.


Para essa primeira temporada, destaque para os episódios Coração Solitário, segunda trama da série, bacana, envolvente, interessante. Um apartamento com uma bela vista, episódio centrado em Cordélia, que se muda para um nova casa, só que ela é assombrada. Herói, história em que se dá a saída do personagem Doyle, nesse drama, ele se sacrifica pelos seus, mas antes, passa para Cordélia, por meio de um beijo, o dom da clarividência.
A eternidade, uma decadente atriz tenta ser vampirizada, para poder obter a juventude e beleza eterna e para isso, tentará invocar novamente Angelus. Esse chamado causará fortes transtornos, causando sérias ferida ao grupo. Eu te peguei de jeito, em que um garoto é possuído por um demônio e o grupo tenta exorcizá-lo, mas ao final, a história é bem mais emblemática. Cinco por cinco e O santuário em que a personagem de Faith foge de Sunnydale e vai para Los Angeles onde é contratada pela empresa Wolfram & Hart para capturar Angel.
No segundo, há também a participação especial de Buffy, e por fim, dentre uma safra boa de episódios, cito o último da temporada: Shanshu em Los Angeles, nesse, Wesley e Cordélia são atacados pelos empregados da empresa de advogacia, deixando os dois hospitalizados em sérias condições. Um demônio é invocado pela empresa para realizar um feitiço, Angel o mata, mas não impede com que o trabalho seja feito. No final do episódio, apenas é mostrada Darla viva novamente. É a ligação para a segunda temporada.

Esse primeiro ano a série mostrou a que veio, dando totais chances para ser renovada. As temporadas seguintes intensificaram o clima sombrio e denso da trama, apresentando ótimas histórias. A primeira apesar de ser boa, é uma das mais fracas. Pessoalmente considero a terceira e a quarta as melhores. 

Para o segundo ano, a trama gira em torno de Angel sendo perturbado pela presença de Darla, agora como humana. Após ser ressuscitada por um feitiço, a pedido da empresa, ela trabalha com os inimigos de Angel para atormentá-lo e desviá-lo da sua busca por redenção. Uma profecia descoberta por Wesley diz que, caso uma criatura com alma consiga vencer a grande tribulação/batalha ou a luta contra o mal, teria sua vida recuperada. Nesse sentido, todos passam a acreditar que essa profecia se refira a Angel, mas os sócios majoritários da empresa também possuem planos para ele, porém estes são guardados a sete chaves, sendo revelados apenas na temporada final.
Nesta temporada, Drusila marca presença em Los Angeles e Gus entra para a esquipe e por fim Angel, devido a presença constante de Darla, se lança num profundo abismo de raiva e vingança, despede seus amigos e os deixa a deriva, fazendo com que eles possam encontrar seu próprio caminho e sua importância nessa luta. Cordélia torna-se mais sensível às visões dos Poderes e às pessoas que sofrem, Wesley assume a liderança e torna-se num verdadeiro guia e Gun entra para equipe como um fiel amigo.
Um dos destaques são as mudanças de comportamento de alguns personagens. Angel descobre um lado sombrio preso a si que é despertado pela presença de Darla. Mesmo tendo a alma, não o impede de evitar uma barbárie e Darla, já na forma de vampira, juntamente com Drusila tentam dominar os negócios obscuros de Los Angeles. Elas matando todo os diretores e corpo executivo da Wolfram & Har advogacia, deixando apenas Laila e Lindsey vivos, querem ter o controle total da empresa. Cordélia, Wesley Gun perdidos, já sem a liderança de Angel, não sabem o que fazer, porém quando os Poderes continuam a enviar as visões para Cordélia, eles percebem a importância do trabalho continuar, mesmo sem a presença do chefe. A temporada é encerrada com Angel recebendo a notícia por Willow que Buffy está morta.


Com relação aos episódios, se mantém a qualidade, sendo que alguns conseguem ser simplesmente soberbos. O primeiro que abre a temporada Agora e sempre consegue misturar um drama profundo, com um conto meio sobrenatural. Por meio de lembranças de Angel, conhecemos um pouco dele, ainda quando ele tentava ajudar os homens, uma traição o fere, mas ele tem uma segunda chance de acertar as contas com o passado, não apenas ele, mas alguém que ele conheceu há anos.
Meu menino, Darla reaparece na vida de Angel e o leva a um profundo inferno de traumas e incertezas. Reunião e Redefinição, Darla, agora como vampira, e Drusila fazem de Los Angeles um inferno, Angel tem a chance de salvar os diretores, mas os deixam condenados pelas mãos das duas vampiras, ao final do episódio, ele despede todos os seus amigos, os expulsando do hotel, passando a trabalhar sozinho. Em Revelação, Angel percebe o que perdeu e tenta recuperar a amizade de seus amigos, mas terá que salvá-los primeiramente de um futuro incerto.

Angel se mostrou acima de Buffy em vários aspectos. A história conseguiu ser mais densa e pesada. Em todas as histórias pôde-se se perceber um tom mais sombrio, sinistro e além do mais, a direção dos episódios teve um trabalho de edição mais acelerado. O seriado conseguiu trazer seus personagens a uma esfera mais real e profunda.
Em todas as histórias havia todo um drama coeso, além da presença sobrenatural de criaturas, questões como redenção, corrupção, ambição e o preço para se obter um certo desejo, também estavam presente. Nesse universo, todos tem um preço e todos trafegam entre extremos, não há bondade de fato e nem maldade, mas pessoas caminhando subordinadas aos seus desejos e sentimentos, sejam eles de raiva ou de compaixão. Há heróis que cobram para salvar os oprimidos, uma entidade que não se sente mal em receber dinheiro sujo, até mesmo por sangue, um ser superior que para trazer uma certa paz ao mundo, provoca todo um inferno na Terra e homens que para conseguirem alavancar suas carreiras, fazem de tudo, até perder todo o sentimento humano que os mantém.
Nem os protagonistas da série saem ileso dessas mudanças, todos os personagens, em algum momento, tem suas atitudes modificadas completamente. Alguns são possuídos por terceiros, outros assombrados pelo passado, outros pela dor ou por decisões que os levam a tomar medidas densas e sérias, mas como dito no começo dessa resenha, o fato de estarem possuídos, sendo assombrados, colocados em situações extremas, os beneficiam da não culpa por terem cometidos tais atos.
Essas questões emblemáticas são as que percorrem a todos nós e elas estão presentes nessa série de uma forma muita autêntica e interessante. Por esse e outros motivos que Angel obteve o seu lugar ao sol.





sexta-feira, 13 de maio de 2011

Buffy - temporada final

A quarta temporada de Buffy começa chata, encaminha para a chatice e termina ainda mais chata, mas o ano rende bons episódios. Dentre eles o que deu uma indicação ao Emmy Awards, Silêncio.

Neste quarto ano, Buffy vai para a faculdade juntamente com Willow. Nessa temporada terão que enfrentar a Iniciativa, uma organização do governo que faz experiências secretas com demônios, vampiros e toda sorte de criaturas sobrenaturais. Com essa história, Wedon brinca com as teorias das conspirações, fazendo uma referência a Arquivo –X.

Neste ano, Spike volta à cidade e se torna personagem regular da série, sendo que ele entra para os créditos no quinto ano. Anya volta a série para ter uma relação com Xander que por sua vez entra em crise por não saber o que quer da vida. Willow mergulha profundamente na magia, ainda mais depois que Seth a deixou, finalizando sua participação na série, mas ela terá conhecerá Tara, uma bruxa, com quem terá um envolvimento e Buffy terá um novo namorado, Finn que faz parte da Iniciativa.


O único destaque dessa temporada fica por conta dos episódios Silêncio e Primitivo. O primeiro pelo roteiro original. Quando todos misteriosamente perdem a voz, a cidade entra em pânico. O mais legal é que todos apesarem de estarem sem voz, conseguem se comunicar como antes não fariam. Uma ironia, pois é justamente quando há um silencio é que eles conseguem se entendem. Xander expressa que ama Anya, Willow que precisa de alguém ao seu lado e Buffy e Finn a verdade sobre suas indenidades. E o último leva os créditos, por ser o episódio que encerra a temporada com Willow invocando um feitiço que une a essência de todos da gangue e todas as caçadoras que até esse momento existiram no corpo de Buffy, para assim, conseguir enfrentar o inimigo da temporada. Mas se o quarto ano foi chato, o quinto é pior ainda.

No quinto ano, a turma enfrentará uma deusa que se intitula Glory. Entra na série Dawn Summer, irmã de Buffy. No caso, ela não possui uma irmã, mas um grupo de anciãos a enviaram para ela que fosse protegida, já que é uma fonte de energia, uma chave que é capaz de abrir as fronteiras de todas as dimensões e quem está a procura dela é Glory, vilã da temporada. Sendo assim, todas as lembranças das pessoas que convivem com Buffy diretamente ou indiretamente foram alteradas. Na terceira temporada, foi comentado por meio de um sonho de Buffy que ela estaria para chegar e esse aviso se deu novamente no último episodio horrendo de chato da quarta temporada.


Este quinto ano não teve muita graça, eu mesmo vi apenas alguns dos episódios, deixando de ver os outros, inclusive o final que geralmente são os mais interessantes. Os únicos fatores importantes deste ano é que Finn deixa a série ao perceber que Buffy não o ama, por conta disso, Spike o substitui como provável caso amoroso. Anya entra para turma e passa a ajudá-los na caçada. Joyce deixa a série, ao descobrir que tem um tumor no cérebro, não resistindo a doença, ela morre e ao fim da temporada, Buffy se sacrifica por Dawn, ao se lançar num abismo, sendo assim morrendo.

O sexto ano eu não assisti também, mas até hoje não tenho nenhuma vontade de vê-lo. Tudo nessa temporada soa forçado: a história, os episódios, até os vilões. A ideia que se tem é que o criador se perdeu totalmente no caminho, chegando a uma linha sem explicação.

Buffy é ressuscitada por um feitiço de Willow, a partir de sua nova vida ela volta a simplesmente caçar vampiros, ter um caso movido a sexo com Spike e tenta criar Dawn que dá uma de cleptomaníaca sem explicação. Xander pede Anya em casamento, mas não comparece a cerimônia, deixando-a com muita raiva, por conta disso, ela volta a ser o demônio da vingança. Willow começa a ficar viciada em feitiços e Giles volta para a Inglaterra, tornando-se num personagem recorrente e para terminar essa bagunça, Spike tenta estuprar Buffy ao final da série.


Para esse ano os vilões são tentativas de seres maléficos que não deram certo. Entram na parada o trio nerd, formado por três estudantes muito estranhos que resolvem infernizar a vida de Buffy sem motivos aparente e termina com Willow se rendendo ao seu lado negro e se transformando numa bruxa perigosa, devido a Tara ter sido assassinada pelo trio nerd.

Essa é a melhor parte da série, Willow consegue dar um fôlego a temporada, o problema que isso acontece apenas ao final do ano, ou seja, muitos episódios já se passaram e muita audiência já se perdeu. Destaque para o último episódio, intitulado Túmulo. A história foi interessante, os diálogos meio chatos, mas ficou bacana pelo desfecho dos personagens. Giles retorna para tentar resolver a situação e numa conversa com Buffy, ela simplesmente desabafa, dando a entender que essa voz é a do próprio Whedon afirmando que não conseguia entender como todos puderam ter chegado a tal situação, circunstâncias inexplicáveis essas que quase cancelaram a série.

É, se nem ele acreditava, quanto menos eu, mas como ainda nada estava perdido, o episodio é encerrado de forma comovente, dando a entender uma continuidade. Ao final, Xander convence Willow a não destruir o mundo, Buffy e Dawn se entendem e Spike recupera sua alma, tudo isso ao som de uma música envolvente e muito bonita, mas se o sexto ano foi triste, a sétima e última temporada vem com tudo.



Para este último ano Whedon resolveu tentar voltar a essência, com todas as histórias fazendo referência ao passado, uma ideia que deu mais do que certo.

Dawn passa a estudar no colégio de Sunnydale que fora reconstruído para este último ano. Buffy começa a trabalhar como orientadora na escola. Xander atua como encarregado de obras, Anya, que já faz parte do elenco regular da série, ainda continua como o demônio da vingança, só que agora, realizando desejos mais simples. Willow volta para a cidade, depois de passar uma temporada na Inglaterra com Giles e Spike, depois que recuperou sua alma, começa a viver atormentado pelo seu passado sangrento vivendo no sótão da escola.

Para este ano, a gangue terá que enfrentar o Primeiro Mal e seus servos que a mando deste estão eliminando todas as garotas que são caçadoras em potencial. Conforme a mitologia que rege a série, a cada geração surge uma caçadora, quando uma é eliminada, outra ressurge no lugar desta. Porém eliminando todas as possíveis, não haverá mais caçadora quando a atual morrer. Voltam para a temporada também, Billy e Andew, os vilões da sexta. Eles querem evitar um grande mal que está para acontecer em Sunnydale e avisar Buffy sobre a sua existência, dessa forma, tentando conseguir o perdão deles. 

Todos os episódios conseguem manter o equilíbrio de tensão da temporada e deixá-la interessante. Todos os personagens centrais são trabalhados de forma brilhante por Whedon em cada episodio. Buffy tenta manter a ordem e se centrar como líder, Spike, atormentado pelo seu passado remoto e recente, tenta se reaproximar e ganhar a confiança dela novamente. Anya se arrepende de suas ações, volta a ser humana e mantém uma relação distante e próxima de Xander e ele sentido-se péssimo ao que fez a ela, foca seu trabalho em ajudar Buffy. Outro ponto positivo na série foram os comentários engraçados, piadas certeiras e momentos cômicos que se faziam de tudo. Há referências até à própria série.





Dentre a temporada, destaque para os episódios Ajuda; Altruísmo; Conversas com os mortos; Jamais deixe-me; O assassino dentro de mim e A escolhida.

Ajuda conta é uma história comovente de uma garota, (Dakota Fanning, numa excelente participação, ela é foda) que tem pressentimentos do que irá acontecer e prevê sua morte daqui uma semana. Buffy tenta ajudá-la e até impede uma seita de realizar uma invocação usando ela como sacrifício, mas ao final, ela simplesmente morre, deixando todos tristes e deprimidos por não conseguirem lutar contra o que tem que ser. Altruísmo, história focada em Anya que consegue retirar o melhor dessa personagem.

Conversa com os mortos é o melhor da série. Com quatro histórias paralelas e excelentes diálogos, o Primeiro Mal se apresenta a todos na forma de pessoas que já morreram, tentando convencê-las a desistirem de lutarem. Nessa história, que é centrada em Buffy, Willow, Dawn e Spike, o Mal tenta persuadi-los e manipulá-los. Tudo nesse episodio contribui para a sensação de dúvida, medo e incertezas: a trilha, os planos, a montagem, enfim, o melhor da temporada.

Jamais deixa-me pelo excelente final, comovente e introspectivo entre Buffy e Spike. O assassino dentro de mim leva os créditos, que por meio de uma história estranha, o seriado consegue trabalhar com o lado mais perigoso e negro dos personagens de Willow e Spike, mostrando o quanto eles estão numa linha fina entre o bem e o mal e por fim A escolhida pelo excelente final da temporada, pelo desfecho trágico e emocionante de alguns personagens e pela presença de Faith que volta a série próxima ao final para encerrá-la ao lado de Buffy.

Nesta temporada, o destaque fica para Willow, simplesmente sua personagem cresceu de uma forma espetacular. Com ela a série teve seus momentos mais tensos, engraçados e dramáticos. Por fim, Buffy é uma série que vale a pena ter em original e completa, bom, pelo menos as temporadas de 1 a 3 e a 7. Suas histórias envolvendo o oculto, o medo da morte, as inseguranças da vida fora muito bem trabalhadas, mesmo não havendo muito profundidade em cada tema desse, a série soube amadurecer com o tempo e a prova disso é sua última temporada. Todos os seus personagens que antes eram mostrados em dúvidas e medos na primeira temporada, encerram esse ciclo seguros de si, coerentes de suas escolhas e vidas. Um trabalho bacana, vilões simpáticos, personagens queridos.