quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mais estranho que a Ficção


Com um estilo feito Adptação e Brilho eterno de uma mente sem lembranças,, em que uma história se intercala com outra dentro, causando uma grande confusão, isso num bom sentido, essa comédia é leve em seu argumento, singela em sua proposta e engraçada em seu resultado final.

Harold Crick (Will Ferrell) todos os dias acorda cedo, toma seu banho, escova os dentes e vai trabalhar. Todos os dias ele levanta sempre no mesmo horário, sai de casa na hora exata e caminha a quantidade certa de passos, tudo é cronometrado, ele tem o controle de tudo. Tem uma boa vida, apesar de ser um pouco solitário, mas nunca se preocupou por isso.

Todas essas informações sobre esse sujeito, podemos ver pelas suas ações, mas também sabemos por meio de uma narradora onipresente. Ela descreve todos os atos, pensamentos e sentimentos do nosso protagonista, só que tem um porém, ele também a ouve. E essa voz na sua cabeça que fará com que ele cause enlouqueça.

Como ele percebe que essa voz possui um vocabulário muito culto, coisa que ele não tem nem a metade, ele resolve procurar a ajuda de um professor de literatura para ajudá-lo, Professor Jules (Dustin Hoffman). A ideia é tentar entender o que está acontecendo. No meio disso tudo, ele tem que fazer a auditoria na loja de uma moça, Ana Pascal, (Maggie Gyllenhaal) que está meio pendurada com a Receita e ainda descobrir se a história de sua vida é uma comédia, romance ou tragédia.

Distante de tudo isso, temos Kay Eiffel (Emma Thompson), uma escritora que está tentando dar um fim ao seu livro, ou seja, matar o seu protagonista. Ela terá a ajuda de Penny (Queen Latifah), uma enviada da editora encarregada de fazer com que Penny escreva rapidamente esse desfecho, o porém é que justamente essa é a escritora que fala aos ouvidos e mente de Harold.

Com uma história irreal, Mais estranho que a ficção mostra a vida de um sujeito em seus devaneios. E se nossas vidas fosse contada pela mente de uma escritora psicopata, ou de antemão tivessemos uma voz que guiasse todos os nossos passos e nos explicasse nossos sentimentos ou preocupações? A não lógica guia essa comédia, um jogo de metalinguagem, onde diferentes tipos de se contar histórias estão entrelaçadas e uma está contida na outra. É a história que guia Harold ou ele que guia o enredo desse livro?

A comédia é suave, sem grandes momentos, mas o trabalho como um todo é muito bacana. O filme é divertido e as vezes é trágico também. A trilha sonora é muito gostosa e em falar nisso, o álbum desse filme é ótimo, com excelentes canções e algumas poucas score que também merecem destaque.

O elenco é maravilhoso. Will Ferrell, ator marcado por comédia, aqui nesse filme, tem seu lado dramático bem trabalhado. Apesar disso não ser o forte dele, Ferrell se sai muito bem, uma boa atuação, misturando um tom cômico e trágico ao mesmo tempo. Emma Tompson é hilária, sempre fumando, com cara de doente, expressa muita veracidade à sua personagem. Maggie Gyllenhaal empresa seu carisma e Hoffman seu talento, Um bom time de elenco de apoio.

A direção é de Marc Foster,depois de se lançar no intenso A última Ceia e no mágico e encantador Em busca da Terra do Nunca, aqui dirigi um filme mais simples, uma comédia mais light, porém que não deixa de ser um bom programa.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Amor a toda prova


Cal Weaver (Steve Carrel) está num restaurante com sua esposa Emily Weaver (Julianne Moore), o clima entre eles é normal, nada diferente, é o de sempre, quando do nada ela inexplicavelmente pede o divórcio. Durante a volta para casa, enquanto ela dirige, ele tenta levar essa notícia naturalmente, pois afinal é adulto e maduro. Ele a questiona pelo motivo, Emily afirma que teve um relação com outro homem do serviço, os dois não estão nada bem, é nesse momento que ele percebe em que situação se encontra.

Pior do que levar um pé na bunda é tentar levar uma vida de solteiro novamente, ainda mais quando se percebe que nunca teve de fato essa vida, já que os dois eram casados de longa data. Indo num bar todas as noites chorando e reclamando de sua vida, ele acaba por conhecer Jacob (Ryan Gosling), um típico mulherengo que pega todas. Jacob é jovem, bem resolvido e direto no que deseja, vendo a situação de Cal, resolve tentar salvar essa pobre alma de uma vida tão desgraçada. É nesse momento que os dois ficam amigos e ele transforma por completo esse recém divorciado.

No meio desse aprendizado, Cal tenta esquecer Emily, enquanto ela ainda recebe investidas de David (Kevin Bacon), seu breve caso do serviço, e Jacob tenta convencer uma garota que ele acaba de conhecer, Hannah (Emma Stone), de sair com ele, contudo ela é um pouco mais difícil de cair na queda. Além desses casais, conhecemos também Bem, filho adolescente do Cal e Emily, que está apaixonado por Cristal, a babá, mas ela, por sua vez, está apaixonada pelo pai dele.



Amor a toda prova é um filme divertido e engraçado, uma típica comedia romântica para homens, pois aqui são eles que estão no centro da trama envolto de dúvidas e questionamentos. O longa demonstra dois homens típicos: o totalmente seguro de si, de suas escolhas e que nunca se vê por baixo e aquele mais receoso, com a moral lá embaixo.

Por mais que esses homens sejam tão diferentes entre si, os dois sofreram do mesmo “mal”, o amor. É nesse sentido que o filme vai querer abordar, como esse sentimento pode nos derrubar literalmente. Seja com Cal, pois mesmo saindo com várias outras mulheres, ainda ficará preso a um forte sentimento por Emily, sempre tentando voltar com ela ou Jacob que depois de conhecer de fato Hannah, ficará loucamente apaixonado por ela, quebrando todas as suas regras de conquistas.

O longa possui um elenco maravilhoso, um roteiro bem inteligente, visto de muita comédias lançadas recentemente ao mercado. Esse filme consegue agradar e brincar um pouco com os clichês, somente o final mesmo que não agrada muito, mas isso deve ser culpa de Steve Carre, já que ele também é um dos produtores do longa e adora fazer um discurso meloso aos finais das histórias, porém até esse falatório é suportável por ser muito comovente e verdadeiro. Essa comédia lembra muito outra com esse mesmo Steve, Eu, meu irmão e nossa namorada.


A trilha sonora é boa, não estraga as cenas, o roteiro tem alguns momento únicos, como na cena da chuva, hilária. As participações pequenas de alguns atores são ótimas, em falar nisso, o elenco é o melhor do filme.

Steve Carrel e Ryan Gosling brilham no filme, sendo Gosling o que mais impressiona, apesar dele ser menos importante na história comparado a Carrol, ele se sobressai. Juliane Moore e Emma Sotne estão ótimas. Moore linda como sempre, empresta seu carisma, competência e sinceridade a sua personagem, pois mesmo ela tendo traído seu marido e pedido o divórcio, ainda sim, não sentimos raiva ou insensibilidade por sua atitude, enfim, ela está ótima. Crystal Reed como Amy, amiga de Hannah, é a melhor, as cenas com as duas são muito bacanas, a amiga dela salva o arco da personagem de Emma.

Kevin Bacon e Marisa Tomei fazem pequenas pontas, mas Tomei está nos momentos mais criativos e engraçados do filme, seus ataques de raiva são ótimos, uma excelente atriz com boas participações em filmes, mesmo sendo estas pequenas.

No mais, é um filme básico que consegue se manter acima da média fazendo uma “análise” de como o amor com o passar dos anos pode ser o único motivo para que um relacionamentos chegue ao fim, afinal, a paixão com tempo acaba, e o amor? Esse sentimento é sim estúpido, louco, mas quando ele passa por diversas provas no decorrer da vida como traições, mentiras, ciumes e perdão e ainda fica de pé, é porque ele ainda está vivo e presente e merece ser vivido.




Incêndio


A dor é dilacerante. O destino as vezes nos mostra caminho desconexos e que ao final, revelam-se muito maior do que nós. Uma história sobre o ódio e o amor na mesma medida e patamar. Um drama em que o passado caminha lado a lado com o presente e de mãos dadas com o futuro, um amanhã incerto, cheio de dúvidas que somente poderão ser esclarecidas quando o passado ter sido aceito e o presente compreendido.

Nawl (Lubna Azabal) morreu há pouco tempo, no testamento destinado aos seus dois filhos, ela deixa um pedido. Eles só poderão enterrar o corpo dela e seguir todos os rituais que a religião pede quando eles realizarem um último desejo dela, uma tarefa que ela não conseguiu cumpri em vida. Voltar ao seu antigo país e entregar uma carta ao irmão mais velho e ao pai deles. A surpresa para os dois filhos com relação a esse pedido fica por conta da notícia de que eles tem um irmão que jamais ouviram falar e que o pai deles ainda pode estar vivo.

Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin), mais sentimental e tentando compreender o motivo de sua mãe nunca ter comentado da existência sobre o pai e o irmão , resolve realizar esse pedido da mãe. A partir desse momento, vamos conhecendo pouco a pouco a história dessa mulher. Conheceremos sua vida, seu passado e seu drama. Paralelamente a isso, também entenderemos um pouco esse presente, até o motivo de sua morte.

Simom (Maxim Gaudette), o irmão gêmeo de Jeanne segue para esse país bem depois. Mais distante da mãe e nenhum pouco interessado em tentar entender os fantasmas desse passado, ele permanece neutro no começo do filme, mas a pedido da irmã vai ao encontro dela, até que se vê envolvido fortemente nessa história.


O filme é divido em capítulos, sendo que “Incêndio” que dá título ao drama, somente será apresentado ao final da história, como conclusão. A trama sempre será coordenada por fortes pulos no tempo. No começo, há uma certa dificuldade em assemelhar o passado e o presente, já que as duas atrizes são muito parecidas, mas conforme vai se desenvolvendo o drama, vamos percebendo a diferenças entre os dois tempos, e isso se dá devido ao peso do clima que percorre a paisagem, tenso no passado e uma calmaria e sossego sobre o presente.

Incêndio é um filme soberbo, arrebatador e dilacerante como um todo. Uma história forte e intensa, que poderia cair no mais puro sensacionalismo irreal se não fosse o trabalho ótimo do seu diretor. A trilha sonora é competente, misturando instrumental, ruídos, silêncios e toda sorte de som capaz de camuflar sentimentos e direcionar o espectador.

A montagem é eficiente, alterna passado e presente com competência. Todo o fato do passado ganha sentido no presente. Outro ponto interessante é o o clima de mistério criado em cima da personagem Nawl, Ela é uma mulher que tem a dor e peso da vida sobre seus ombros, mas o motivo não sabemos, algo está errado em sua vida, mas o que é, somente ao final saberemos.



Com relação a história do drama, seu grande triunfo se concentra ao final do longa e, na trama criada em torno do mistério envolvendo Nawl e a busca de seus filhos pelo irmão mais novo e o suposto pai que está vivo. A vida é uma verdadeira caixa de surpresas, o perdão e a raiva caminham lado a lado. O mesmo semblante que pode ser de amor, pode também representar ódio e raiva, numa ferida imensurável. “Pode um mais um ser igual a dois”, é com esse diálogo cheio de simbologia que o filme entrega um desfecho arrebatador.

Não é possível ficarmos neutro diante dessa revelação, desse fato, o único pecado do diretor é explicar em imagens, sons e no próprio diálogo essa verdade, se tivesse ficado apenas nessa expressão, esse roteiro seria um dos mais metalingüísticos e simbólicos da história do cinema.

O longa foi merecidamente indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, como representante oficial do Canadá, mas injustamente não levou o prêmio. Em um mundo melhor, filme ganhador deste Oscar, tem suas qualidades e sim, também é um filme excelente, cheio de nuances com um drama competente, porém esse Incêndio consegue ser superior na história, no desenvolver da trama, na mensagem e na forma como conduz o tema violência.



uma forte tensão envolvendo questões religiosas nesse território, sendo que em nenhum momento do longa sabemos de fato qual é esse país, supõem-se que seja Líbano. Islâmicos e cristãos estão num sangrento confronto, mas apesar de ser o primeiro grupo a levantar uma revolta armada, proibindo a livre expressão da religião, são com os cristãos que acontece a cena mais forte e impactante do filme. Um ônibus com islâmicos é cercado por um grupo de pessoas e todos são mortos a sangue frio sem piedade, sendo apenas Nawl a única a sobreviver, seu crucifixo que antes a condenava, naquele momento a salvou. A câmera, nessa cena e durante todo o longa, assume uma posição de observador que fica sempre a distância. Não é o interesse do diretor dar valor ou tentar escolher um lado, mas apenas ver como simples homens podem ser impiedosos e provocar atos irracionais.