quinta-feira, 13 de março de 2014

Simplesmente Feliz




Ser feliz é possível

Sorrir, olhar com bons olhos tudo o que nos cerca e perceber os pequenos milagres da vida. Simplesmente sentir o prazer de estar vivo e ter a certeza que tudo dará certo. Não é uma tarefa fácil, porém não é impossível. Em “Simplesmente feliz”, esse drama/comédia irá abordar a vida de uma professora convencional. Alguém normal, como todos nós, mas ela tem um diferencial, se sente bem com o quem tem, se sente simplesmente feliz. 

Poppy (Sally Hawkins) é uma professora do primário, mora com uma amiga nos subúrbios londrinos. Não tem nada de valor a não ser uma bicicleta que lhe roubaram. Não tem ambições, não tem um plano de vida a longo prazo. Sua irmã mais nova está casada e prestes a dar a luz e não aceita ou concorda com o modo de vida de Poppy.

Ela sai com as amigas e fica bêbada com drinks coloridos. Na faixa dos trinta, ainda está solteira e se diverte e dá risadas. Não há como explicar essa idéia ou essa sensação, afinal, outra pessoa no lugar dela estaria em lágrimas, mas não, ela não. Ela dá risadas e vê graça onde geralmente não há. Uma risada gostosa, divertida e cativante. 

Mas ela não vive num mundo perfeito. No colégio em que trabalha, um aluno está lhe dando dificuldades. Seu professor de direção é o seu oposto, oras, será nessa relação de opostos que o filme irá trabalhar. Tudo é uma questão de ponto de vista, é isso que dizem e é esse o lado que o drama irá defender e abraçar. 



Em “Simplesmente feliz”, o diretor constrói um filme simples, mas é justamente é essa simplicidade que nos conquista. O longa começa com Poppy caminhando até uma livraria, ao perceber que roubaram sua bicicleta, ela dá risada. É algo estranho, é algo diferente, mas ela vê nesse fato um ponto positivo: hora de finalmente aprender a dirigir e tirar uma carteira de habilitação. É nesse sentindo que essa comedia será guiada. Ora, tudo nos acontece, mas a forma como vemos “tudo” é o diferencial na vida dessa professora.

A partir desse fato entra em cena um personagem que será o oposto dessa professora, Scott (Eddie Marsan). Ele é áspero, fechado, calado e sério. Sempre estar a reclamar de tudo o que lhe cerca. Literalmente, o oposto de Poppy. Como seu professor, ele vai se estressar com a forma extrovertida e “irresponsável” com que essa sua aluna guia sua vida. Mas apesar destas diferenças, algo mais estará interligando estes dois personagens. 

Nesse singelo drama inglês, é Hilary quem rouba a cena. O filme é simples, mas sua atuação é charmosa e gostosa, criativa e divertida, nos toma e nos faz rir. Desde a primeira cena, seu sorriso nos cativa, nos prende e nos faz caminhar pela sua vida. O longa não possui uma historia em si, ele é um agrado. Para se ver e se deliciar e dizer realmente que a felicidade está nos pequenos detalhes e nos pequenos momentos da vida. 



Um drama suave que tem seu ápice no contraponto de figuras como as do personagem de Scott e Poppy e o mais interessante, os dois são imagens de pessoas que nos ensinam como devemos agir, ou nos comportar diante de algo em nossa vida. 

Hilary é atriz talentosa. Com uma beleza particular, sua atuação é hilária, profunda e extravagante. Mereceu sua indicação ao Globo de Ouro de melhor atriz, afinal ela convence e conquista no papel. Fora isso, o drama vai construindo sua trama aproveitando a vida dessa hilária professora. A fotografia é quente, as cores vivas, o clima ótimo. Enfim, nada muito grande, porém nada pequeno, como o próprio título em português (que foi bem acertado, milagre acertarem assim), é simples, entretanto é uma simplicidade que nos agrada. Não há um motivo para tal felicidade, se procurar, talvez nem encontraremos nada de fato, mas eis a beleza da vida, apenas viver, sem muitos questionamentos. 

Sorrir, chorar, viver, dar altas gargalhadas, se impactar com algo que bobo, bradar, enfim, a vida é simples e ser feliz não é tão difícil assim como se pensa