Pelo
direito de recomeçar, pelo direito de viver
Em sua sexta temporada, The Good Wife
tenta se manter. Se manter no ar, manter sua história, suas tramas e seus
personagens, mas o que se percebe é que o fim está para chegar e um desfecho
precisa ser dados às suas tramas. Entretanto, ainda sim, a série se mantém no
que é o seu melhor, as reviravoltas.
O ano já começa em alta. Cayos é preso
pelo FBI. O motivo ainda não sabe, mas seu nome está ligado a uma possível
investigação envolvendo Lemond. No caso, ele teria ajudado Lemond a permitir um
grande tráfico de drogas. Alicia entra em sua defesa e pede a ajuda de Daiane.
Neste momento, as relações de Daiane e
Alicia tornam-se mais forte e próximas e a antiga chefe entra como associada na
nova firma de advogacia. Nell convence a boa dona de casa, Alicia, a concorrer
a uma vaga para a promotoria. Ela resolve aceitar para tentar a ajudar Cayros
na investigação. Neste primeiro momento da temporada, temos então estas duas
tramas envolvendo o seriado, a prisão de Cayros e a busca por votos de Alicia.
Estas tramas deram um impulso a série e
provocaram fortes mudanças. Alicia como sempre esteve a frente do seriado com
peso, ternura, frieza e serenidade. O interessante com este arco a envolvendo,
foi que ela pode perceber como se dá os meandros da política. Todas as suas
ações, gestos e falas passaram a serem controlados, pois eles seriam usados
contra ela. Alicia então pode perceber o outro lado, o lado do seu esposo.
Já com Cayros, ele teve seu melhor
momento e seu destaque no seriado. Lançado contra a parede, sentiu o medo da
certeza de ser preso e ter sua carreira destruída. Se antes sempre se manteve
sério e calculista, revelou sua fraqueza e sua humanidade. Esta revelação da
humanidade torna-se interessante neste seriado, pois a série trabalha muito com
personagens que calculam todos os seus movimentos. As vezes faltam a eles calor
humano e mais fúria diante dos fatos.
Tanto a trama envolvendo Alicia quanto
a envolvendo Cayros nos mostraram o quanto eles são humanos, fracos e
carregados de medos. Quem brilhou também neste começo de série e que estava
apagada há um bom tempo era a personagem Kalinda. Entrando numa abismo sem fim
e se colocando em risco, ela ajudou Cayros a se libertar e pagou um alto preço
por isso.
Após metade da temporada, estas tramas
foram encerradas e novas surgiram. Alicia agora como Procuradora do
Estado, deixa a sociedade da firma de
advogacia e se vê diante de negociações. Esta personagem sempre esteve a frente
de suas ações e negociar nunca foi seu forte e nem será tão cedo. Neste
sentindo, a impressão que se dá neste arco envolvendo a protagonista deste
seriado é que criaram esta trama apenas para delongar o seriado. Um ponto
interessante talvez tenha sido os debates dela com seu concorrente e ver sua
postura frente aos lados obscuros da política.
Mas desde quando começou o seriado, a
personagem de Alicia sempre esteve ligada aos tribunais, neste sentido,
tornava-se estranho vê-la atuando dentro de um escritório. E isso não demora a
acontecer e temos então uma nova virada na trama. O grande forte deste seriado
são estas viradas e eles acontecem e não poupam seus personagens de situações
constrangedoras ou trágicas. Alicia diante desta mudança drástica em sua vida,
perde novamente o chão, a base e sua estrutura, o que fazer com sua vida?
Outra personagem que se destaca
belamente é Kalinda. Por motivos desconhecidos, a atriz que a interpreta pediu
sua saída do seriado, então para isso, os criadores desenvolveram toda a trama
da sexta temporada para esta saída.
As ações da personagem ainda no começo do
sexto ano a colocaram numa situação delicada e para poder encerrar este arco
deram a ela um desfecho que de certa forma, não foi brilhante, devido a
capacidade que os roteiristas têm em construir histórias, mas ainda sim, foi
condizente com o arco construído ao redor dela.
The Good Wife termina seu sexto ano com
menos personagens dentro de sua trama central, necessitando de novos rumos e
colocando seus personagens em reviravoltas constantemente. Estes elementos num
primeiro momento do seriado revela força, porém já passado seis anos, mostram
um desgaste.
Em outros elementos o seriado ainda
continua com grandes destaque. Os atores estao otimos, Juliane Marguile como
Alicia ainda continua exuberante, intensa e forte. Cristina como Daiane ainda
tem em sua atuação um misto de dramaticidade e comicidade. Sua postura é forte,
sua presença marca, ao mesmo tempo que gera bons momentos engraçados para a
série. Suas discussões com XX, um republicano revelam este lado engraçado dos
Estados Unidos, duas posturas totalmente distintas sobre os mais diversos
temas, mas que precisam conviver juntos e encontrar uma harmonia entre si.
A trilha sonora dita as regras,
estabelece conexões e movimenta o seriado. As tramas que estão relacionadas com
os casos isolados ainda são ótimas, talvez um ponto negativo é que elas foram
deixados um pouco de lado para que as tramas principais do seriado pudessem
prevalecer.
No mais, “The Good Wife” caminha para o
seu sétimo ano em busca de novos dramas, novos arcos, novos motivos e novas
situações, mas penso eu que o fim deve chegar. E este fim já torna-se
necessário nesta que mostrou ser uma das grandes séries da atualidade.