Todos estamos conectados, apenas esperando simplesmente sermos tocados. Touch nos mostra a história do pequeno Jake(David Mazouz), um garoto que tem a capacidade de perceber o mundo de uma forma diferente. Ele vê padrões numéricos e estes revelam a esse garoto todos os mistérios da vida. Sua função é conectar as pessoas, ajudá-las a superarem suas dores e seus medos. Se algo não está no seu caminho certo, seu toque promove a mudança, a cura e o reencontro.
Após a primeria temporada, Martin (Kiefer Sutherland) consegue salvar seu filho, com a ajuda de Clea (Gugu Mbatha-Raw). A primeira temporada se encerra tendo bons episódios, mas se revelando desgatadas em alguns elementos. Ao final da temporada, conhecemos um pouco sobre a mitologia que rege a série. No caso, Jake pertence a um grupo de 36 justos. Estes existem para a permanência dos humanos na Terra. Eles conseguem sentir as dores dos outros e tem como função ajudá-los.
Na segunda temporada de Touch, o que se percebe é uma mudança brusca com relação ao formato da série. Não que isso tenha sido ruim, pelo contrário, deu um excelente fôlego ao seriado, mas ficou uma impressão estranha. Apesar de serem os mesmos personagens, ter o mesmo drama, a mesma mitologia, tudo está modificado, dando a sensação de que estamos vendo uma outra série completamente diferente.
Após Martin deixar a cidade, fugindo da Artes Corps, vão em rumo para Los Angeles. Guiado por Jake, eles se deparam com Lucy (Maria Bello), mãe de Amélia (Saxon Sharbino) que ainda está em busca da filha, mesmo com as autoridades terem declarado que ela está morta. Após Martin se abrir para Lucy e dizer tudo o que sabe sobre sua filha, os dois então partem juntos com um único propósito: achar Amélia e destruir as organizações Aster Corps. Porém essa empreitada não será nada fácil, já que essa é uma organização poderosa com ligações em várias partes do mundo.
Para esse segundo ano, além de Lucy, novos personagens são inseridos neste universo. Calvin (Lukas Hass) é um cientista que trabalha com números. Ligado a Aster Corps, vai se desligar da empresa. No começo da temporada, ele é mostrado como alguém com muitos segredos. Seu desejo no caso, é encontrar a sequência de Deus, um conjuntos de números que é capaz de responder aos grandes mistérios que regem a vida e até capaz de prever o futuro. Para isso, muitas de suas ações seram guiadas por atos não tão bons assim. Esse será um personagem que estará entre o certo o errado sempre. Suas atitudes são ambíguas, mas seus motivos nobres.
Guilhermo Ortiz (Said Taghmaoui) é um sujeito que aparece aos poucos. Não conhecemos seus motivos e sobre ele, tudo será revelado aos poucos, de forma continua no decorrer da série. Mas sua presença é forte na trama. Ele tem como propósito elemiar os 36 justos. E é isso que faz. Chega, conquista a confiaça, releva sua missão e o mata. No segundo episódio da trama, Perto, sua presença foi forte, sua aproximação foi tensa e seu desfecho foi trágico. Com essa história, King mostrou que não teme matar seus personagens se isso for preciso. Uma lição que aprendeu em Heroes.Nessa gama de novos personanges, Ortiz é um dos mais ricos. Em suas tramas se concentraram os momentos de maior tensão até os momentos finais em que esteve.
Mas quem se destaca do começo ao fim dessa temporada é Lucy. Maria Bello é uma excelente atriz e em Touch prova isso. Ela encanta, conquista, mostra força e determinação. Consegue mostrar fraqueza e delicadeza de forma impressionante. Sempre estando presente em toda trama, a meu ver, ela de certa forma, roubou toda trama para si, até ofuscando o protagonista da série, Martin. A busca pela sua filha a levará a um caminho dificil e doloroso. Seu introsamento com Jake, sua postura e seu olhar, enfim, uma bela atuação. Infelizmente, ela não permanece até o final da temporada, deixando uma dúvida e colocando numa situação delicada Amélia.
Amélia é reservada. Assim como Jake ela é capaz de prever os padrões. Ela e Jake estarão intimamente interligados. Cada um a seu modo, ajudará o outro. Ela é o outro achado da série. Sempre calada e fechada, ela se mostrará como uma garota que tenta ser forte, mas que ao final se revela normal, ou seja, frágil, como uma criança que necessita de proteção. A cena em que Lucy e Amélia se despedem é marcada por fortes diálogos e um intenso introsamento.
É assim que Touch nos conquista em sua segunda temporada. Se na primeira, toda a trama esteve presa a personagens e com suas tramas paralelas que ao final se intercalavam. Para esse segundo, tudo está intimamente ligado a mitologia. Não há personagens que entram do nada e saem do nada, não há muitas histórias paralelas. Todos os personagens estão apenas ligados a mitologia da série, os 36 justos.
O que se percebe é que no primeiro ano, o diretor ficou tão preocupado em mostrar como seria a série que esqueceu de mostrar o que é de fato esse garoto e como é sua história. Essa falha foi colocada como eixo princial na segunda temporada. Em compensação, os dramas dos "outros" que eram o destaque de Touch, saem de cena. Neste segundo ano a importância está sobre Jake, Astes Corps e toda a trama que os prende, ou seja, o resto perde importância.
É essa mudança que ficou e que marcou. Talvez se o diretor tivesse dosado isso entre as duas temporadas, talvez teria dado mais ligação entre os dois anos. Mas em se tratando de roteiros, ao final da primeira temporada, pecebia-se um certo desgastes nas tramas. Elas não nos impactavam mais, mas nesse segundo ano, todos os episódios conseguiram marcar, conquistar e nos prender. O episódio que mostra o primeiro confronto entre Guilhermo e Jake é marcado por uma tensão do começo ao fim. Sabemos que algo vai acontecer e acontece. Assim como o drama vivido por Amélia e Lucy. Em todos os episódios, houve um trabalho mais elaborado com o roteiro envolvendo os personagens principais. A ideia não é mais simplesmente emocionar e mostrar uma ligação onde menos se poderia ter, mas apenas abordar esse personagens da melhor forma que se pode fazer, dando humanidade a eles.
Humanização, essa é uma característica fundamental a todos. Todos foram guiados por algo, seja ambição, desejo de reparação, reconquista ou fé. Em todos os atos, haviam pessoas sendo movidas por sentimentos humanos. Nesse sentido, perde-se um pouco a noção do "vilão" e "herói".
Humanização, essa é uma característica fundamental a todos. Todos foram guiados por algo, seja ambição, desejo de reparação, reconquista ou fé. Em todos os atos, haviam pessoas sendo movidas por sentimentos humanos. Nesse sentido, perde-se um pouco a noção do "vilão" e "herói".
A trama que se encerra na sua segunda temporada, não se renovando para uma terceiro ano, conseguiu dar um bom desfecho a todos os personagens. Faltou explicações, faltou mais dos personagens, faltou um pouco mais da mitologia, houve uma forte ausência daquela caracteristica fundamental que formou a série, "todos estamos interligados, esperando apenas sermos tocados", porém apesar de tudo isso, a série entregou uma trama bem elaborada e tocante.