domingo, 6 de outubro de 2013

True Blood: 6 Temporada




Toda vida tem seu valor.

O que é a dor? Ela nos move, ela nos faz perceber a vida, a morte e tudo que nos cerca. Damos tanto valor a ela. O sofrer é algo que está no centro de nossas atenções. Queremos decifrar a dor, seus estágios, seus modos. Ora, ela faz parte da vida assim  como a morte, assim como a vida. Somos limitados, estamos sujeitos ao sofrer. Ninguém vive para sempre. Esse é o enredo do sexto ano de True Blood.

Mas o que dizer sobre a sexta temporada dessa série? Ela foi intensa e tensa, isso sem a menor sombra de dúvidas. Ousada e bizarra, ao mesmo tempo que foi extremamente violenta, foi também tão terna e sensível em certos momentos. Mas algo não deu certo, algo ficou a desejar. Ela teve inúmeras tramas que não tinham tempo a perder e mesmo diante de toda essa agilidade, conseguiu nos dar momentos de paz e calma para o seu derradeiro final. Mas ainda sim houve falhas.

Com uma temporada mais curta, a série chegou a sua sexta temporada, mas a impressão que ficou é que a série andou e andou e não chegou a lugar nenhum. Alguns personagens mudaram, outros permaneceram em sua mesmice. A impressão que fica é que a série não soube elevar seus personagens e suas tramas. Tudo ficou no mesmo. Seis anos se passaram e nada praticamente aconteceu. E a sétima temporada será a sua temporada final.

Mas o sexto ano também teve momentos bons, ainda nos trouxe momentos excelentes, únicos e bizarros também. Com uma história mais simples, os personagens voltaram ao centro da trama. O que importa agora não é mais uma grande trama envolvendo seres mitológicos ou algo parecido, apenas o homem e seus medos. E o que não foi esse sexto ano, se não um confronto contra aquilo que mais tememos.O sexto ano serviu de fato para arrumar a casa e trazer os bons ares ao seriado novamente. Tudo isso para preparar o terreno para a sua temporada final.

Após o final apocalíptico do quinto ano, a sexta temporada teve como função consertar tudo aquilo que não deu certo nas  temporadas anteriores e o saldo para essa missão foi positivo. Mas eis um problema: o reconhecimento que toda a história guiada até aqui não deu certo. Em True Blood sempre a fantasia teve um terreno fértil e forte, afinal precisamos do sonhar  para poder  viver. Essa era a ideia de Ball, trazer a imaginação e toda sua mitologia para este mundo e revelar que mesmo em toda imaginação, ainda sim não seriamos felizes. É a falta que nos move, que nos eleva e que nos torna pessoas melhores. Porém, diante de tanta fantasia, o que as pessoas sentiram falta foi da mais pura e simples realidade. 






Com a ascensão de Bill (Stephen Moyer), todos temem o que irá acontecer agora. Algo imprevisível aconteceu e eles não sabem como se comportar diante de tal fato. O que é Bill? Quais serão seus objetivos? Até que ponto vai seu poder? Esse é um arco que será desenvolvido por toda a temporada.

Por fora outro fato ganha importância. Com as inúmeras mortes dos humanos, o governo toma as rédeas da situação e declara guerra aos vampiros. Desde a primeira temporada, sempre houve um clima de tensão no ar, mas isso nunca de fato aconteceu, tirando apenas pela presença da Sociedade do Sol na segunda temporada e Marmie na quarta. Fora isso, nunca os humanos se levantaram contra os vampiros. Guerra, o sexto ano será uma verdadeira guerra declarada entre humanos e vampiros. Morte, levante e tentativas serão feitas, cada ato de violência provocará um outro ato mais forte ainda. Diante da dor, o que podemos fazer?

Os vampiros serão presos, perseguidos, confrontados e exterminados. Um campo de concentração será criado para estudos. Nesta temporada, haverá uma inversão de valores com relação a quinta temporada. Os vilões agora serão os próprios humanos. Não há heróis ou vilões de fato, há apenas homens e mulheres com seus medos e suas dores. Quais são os nossos limites e os nossos desejos mais profundos. O mal o bem caminham lado a lado de mãos dadas dentro de nós. Enquanto isso, Bill tentará compreender qual será seu objetivo em tudo isso e terá a ajuda de Jéssica (Deborah Ann Woll) nessa busca. Seu desejo de impedir o futuro o transformará num herói, porém, num forte vilão.

A missão de Bill e a guerra entre humanos e vampiros serão o centro da trama, mas por fora, os outros arcos vão correndo e fazendo pouco a pouco uma junção com o arco principal. Esse foi outro ponto positivo para o sexto ano. Desde a terceira, muitas foram as tramas, muitos foram os personagens e pouco foi a conexão com a história principal. Aqui não, todos serão interligados e no penúltimo episódio será mostrado apenas dois lados, de um os vampiros, e de do outro, os humanos.

Andy (Chris Bauer) e suas filhas fadas terão seus destinos cruzados com os de Jessica e Bill, assim como o arco de Sookie (Anna Paquin) , Jason (Ryan Kwanten) e Ben/Warlow (Robert Kazinsky) serão interligados ao de Liliht. Do outro lado, Erick (Alexander Skarsgård) e os outros vampiros serão alvos do Governador que estará a espreita caçando a todos os vampiros. Mas já na metade da temporada, essas duas tramas se cruzam e a verdadeira vilã dará as cartas. Sarah (Anna Camp), a esposa correta e religiosa devota é que estará por de traz de todos os passos do governador e ela que guiará os fatos finais.





Caminhando paralelamente a isso, temos Alcides (Joe Manganiello) e sua matilha de lobos em busca de se manterem unidos e longe das influências dos vampiros e cruzando o caminho deles estará Sam (Sam Trammell). Após fugir da Autoridade, Luna morre e ele fica com os cuidados de sua pequena filha, mas Marta deseja a garota, afinal, ela é a única família que lhe restou. Além disso, Nicole, uma garota idealista que acredita ferozmente na convivência entre humanos e vampiros descobrirá a identidade dos lobisomens e metamorfos e tentará convencê-los de se apresentarem à sociedade. Esse desejo e essa busca por uma vida pacífica apenas colocará sua vida em risco e provocará a morte de todos o seus amigos. 

Essas são as tramas que guiarão o sexto ano de True Blood. Dentre essas o arco do Bill fica confuso. Ora ele é um profeta, ora um semi-deus, ora um mensageiro. Sua função nunca fica clara, da mesma forma que a figura de Lilith. Quem de fato é essa vampira? Toda mitologia criada na quinta temporada era verdadeira? Junto a essa trama eis que aparece Warlow. 

Um dos vampiros mais antigos, se não o mais. Ele que é um ser da luz, ou seja uma fada, foi transformado ainda jovem por Lilith, no desejo dela de tentar fazer com que os vampiros pudessem andar sob o sol. Ele deseja mais do que tudo a Sookie e ela chegará como Ben. Se aproximará dela e tentará ganhar sua confiança. Esse foi um personagem interessante, pois ele representou essa mudança de valores, ser "vilão" ou "herói" é uma questão apenas de ponto de vista. Sobre Sookie descobrimos mais um detalhe sobre sua vida e seu passado. Ela descende de uma linhagem real de fadas e seu sangue é nobre, por isso o desejo de Warlow de tê-la.

Envolvendo o governador, está a melhor articulação e os melhores momentos. A ele se juntam todos os vampiros. A tentativa de Erick de finalizar essa guerra apenas desencadeará outros fatores. Nessa roda de acontecimentos, a filha do governador ganha importância na trama e simpatia, permanecendo até o final da temporada e sendo garantida na sétima temporada. Tara e Pam se destacam também, cada uma ao seu modo, Pam pelos ótimos comentários e Tara pela sua ousadia. Mas quem se destaca nesse arco é Sarah. 

Vista como uma boa religiosa e facilmente manipulada na segunda temporada, ela retorna a este sexto ano com força e muito ódio. Ela sem sombra de dúvidas, foi uma verdadeira vilã. A forma como ela mata a dona das fábricas de True Blood é uma mostra de sua loucura, perversidade e violência. A fé cega e serve de motivo para explorarmos o nosso lado mais sombrio e perigoso. 


A temporada que teve apenas 10 episódios tem sua trama principal sendo encerrada no penúltimo episódio. O último ficou por conta da finalização da trama envolvendo Sookie e Warlow. Mas o que se percebe é que se a série tivesse seus 12 convencionais, mas sobre esse vampiro iríamos ver. O que ficou ao final foi uma mudança de valores e sentimentos. Houve sentido, houve coerência, mas como sempre, a forma como a trama foi encerrada foi rápida e sem emoção. 

Toda vida tem seu valor, essa é ideia principal da série neste ano. A morte de um personagem querido revelou esse pensamento. Ninguém vive para sempre, por isso a vida tem tanto valor e como tal, deve ser respeitada. A dor está presente, assim como a raiva e o ódio. O bem o e mal caminham lado a lado dentro de nós, do mesmo personagem que pode vir um ato de carinho a afeição, pode vir um ato de dor e raiva. Assim somos nós, são os homens.

A sétima temporada será a última. Muitos arcos foram encerrados ainda neste, assim como núcleos de personagens que não deram certo. Os lobisomens e as fadas são um destes, assim os metamorfos. O eixo principal se dará entre vampiros e humanos, afinal, a série começou com essa ideia e será com esta que será encerrada. Ao final da temporada, temos de volta uma certa referência a primeira temporada e uma chamada para a temporada seguinte. 

A ideia da sétima temporada é forte, com a proliferação da Hepatite V, criada pelos humanos, muitos vampiros foram contaminados e eles procuram sangue sadio para matarem sua sede. Estão descontrolados e fora de si e são extremamente perigosos. A ideia é para cada vampiro sadio e um humano também com boa saúde e não contaminado, onde um dará seu sangue e o outro sua proteção. Uma ideia forte e ousada que representa bem a série. As diferenças existem e são elas que nos definem. O que podemos fazer? Nada, apenas aceitar e conviver da melhor forma possível. 




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