Ser feliz é possível
Sorrir, olhar
com bons olhos tudo o que nos cerca e perceber os pequenos milagres da vida.
Simplesmente sentir o prazer de estar vivo e ter a certeza que tudo dará certo.
Não é uma tarefa fácil, porém não é impossível. Em “Simplesmente feliz”, esse
drama/comédia irá abordar a vida de uma professora convencional. Alguém normal,
como todos nós, mas ela tem um diferencial, se sente bem com o quem tem, se
sente simplesmente feliz.
Poppy
(Sally Hawkins) é uma professora do primário, mora com uma amiga nos subúrbios
londrinos. Não tem nada de valor a não ser uma bicicleta que lhe roubaram. Não
tem ambições, não tem um plano de vida a longo prazo. Sua irmã mais nova está
casada e prestes a dar a luz e não aceita ou concorda com o modo de vida de Poppy.
Ela
sai com as amigas e fica bêbada com drinks coloridos. Na faixa dos trinta,
ainda está solteira e se diverte e dá risadas. Não há como explicar essa idéia
ou essa sensação, afinal, outra pessoa no lugar dela estaria em lágrimas, mas
não, ela não. Ela dá risadas e vê graça onde geralmente não há. Uma risada
gostosa, divertida e cativante.
Mas
ela não vive num mundo perfeito. No colégio em que trabalha, um aluno está lhe
dando dificuldades. Seu professor de direção é o seu oposto, oras, será nessa
relação de opostos que o filme irá trabalhar. Tudo é uma questão de ponto de
vista, é isso que dizem e é esse o lado que o drama irá defender e abraçar.
Em
“Simplesmente feliz”, o diretor constrói um filme simples, mas é justamente é
essa simplicidade que nos conquista. O longa começa com Poppy caminhando até
uma livraria, ao perceber que roubaram sua bicicleta, ela dá risada. É algo
estranho, é algo diferente, mas ela vê nesse fato um ponto positivo: hora de
finalmente aprender a dirigir e tirar uma carteira de habilitação. É nesse
sentindo que essa comedia será guiada. Ora, tudo nos acontece, mas a forma como
vemos “tudo” é o diferencial na vida dessa professora.
A
partir desse fato entra em cena um personagem que será o oposto dessa
professora, Scott (Eddie Marsan). Ele é áspero, fechado, calado e sério. Sempre
estar a reclamar de tudo o que lhe cerca. Literalmente, o oposto de Poppy. Como
seu professor, ele vai se estressar com a forma extrovertida e “irresponsável”
com que essa sua aluna guia sua vida. Mas apesar destas diferenças, algo mais
estará interligando estes dois personagens.
Nesse
singelo drama inglês, é Hilary quem rouba a cena. O filme é simples, mas sua
atuação é charmosa e gostosa, criativa e divertida, nos toma e nos faz rir.
Desde a primeira cena, seu sorriso nos cativa, nos prende e nos faz caminhar
pela sua vida. O longa não possui uma historia em si, ele é um agrado. Para se
ver e se deliciar e dizer realmente que a felicidade está nos pequenos detalhes
e nos pequenos momentos da vida.
Um
drama suave que tem seu ápice no contraponto de figuras como as do personagem
de Scott e Poppy e o mais interessante, os dois são imagens de pessoas que nos
ensinam como devemos agir, ou nos comportar diante de algo em nossa vida.
Hilary
é atriz talentosa. Com uma beleza particular, sua atuação é hilária, profunda e
extravagante. Mereceu sua indicação ao Globo de Ouro de melhor atriz, afinal
ela convence e conquista no papel. Fora isso, o drama vai construindo sua trama
aproveitando a vida dessa hilária professora. A fotografia é quente, as cores
vivas, o clima ótimo. Enfim, nada muito grande, porém nada pequeno, como o
próprio título em português (que foi bem acertado, milagre acertarem assim), é
simples, entretanto é uma simplicidade que nos agrada. Não há um motivo para
tal felicidade, se procurar, talvez nem encontraremos nada de fato, mas eis a
beleza da vida, apenas viver, sem muitos questionamentos.
Sorrir, chorar, viver, dar altas gargalhadas, se
impactar com algo que bobo, bradar, enfim, a vida é simples e ser
feliz não é tão difícil assim como se pensa
Nenhum comentário:
Postar um comentário