domingo, 20 de janeiro de 2013

Hemingway e Gellhorn


  
Hemingway foi um dos grandes escritores que a literatura já conheceu. Com uma personalidade forte e bruta, escreveu obras que marcaram e ainda marcam. "Por quem os sinos dobram" é invocada e mostrada nesse filme e é nos mostrada como se deu sua inspiração. 

Em meio a uma guerra espanhola, há um amor, um romance e um casamento marcado por duas pessoas com personalidades fortes e intensas. Gellhorn foi uma das maiores conrrespondetes de guerra que o jornalismo ja teve. Foi a terceira esposa desse escritor e a única a pedir o divórcio. É sobre esse encontro, esse romance e término que esse filme também vai abordar. 

Nicole Kidman e Clive Owem dão vida a essas duas personalidades. Ele, homem, forte, viril, dono de uma língua afiada e uma escrita poderosa. Ela, linda, aparentemente delicada, mas ousada, forte, destemida que sente que deve relatar ao mundo os horrores que são escondidos por belas imagens divulgadas pelos meios oficiais dos estados. 

"Hemingway e Gellhorn" é a história de duas vidas que se encontram e veem no horror da guerra, o motor para suas vidas, para ele, o combústivel para seus romances, para ela, não apenas em sua escrita, mas em sua vida. A guerra civil espanhola foi algo que marcou fortemente os dois, pois ela representou como o homem pode ser falso, insensível e frágil. Vidas são lançadas em campos de batalha por ideais, sonhos, desejos e são usadas e mortas. 

Estas duas vidas nao foram marcadas pela morte, mas tiveram sua visão sobre o mundo fortemente abaladas e ceifadas, pior do que morrerem em guerra, morreram aos poucos em vida, perderam a fé no homem, na existência, no amor, na esperança, enfim, na vida. Quanto mais morriam em vida, mais se lançavam em empreitadas perigosas até chegarem ao seu limite. 

A morte incomoda, ficar de frente a dor nos fere. Muitos foram as vidas que se perderam, muitas foram as cenas que viram. Gellhorn relata em entrevista que duas foram os fatos que a abalaram fortemente, uma foi a guerra civil espanhola e outra foi as vidas perdidas no campo de Dachau. Não como há não ver essas cenas e não se chocar ou se impactar diante de tal imagem. E foi que aconteceu a esses dois. Ao f inal da vida, os dois sairam feridos, cansados, marcados e machucados. 




Um drama impecável e uma direção mais do que glamurosa. Conseguir captar os pensamentos ou sentimentos de duas pessoas que existiram em vida é uma das coisas mais difíceis. Pensamentos são tão abstratos, tão complexos e tão obscuros, não podemos jamais compreender o que uma pessoa sente, teme, receia ou deseja, mas podemos apenas tentar e tentar e esse filme é uma tentativa. Se tudo isso os marcou realmente, jamais saberemos. Esse drama não é apenas sobre a história de amor de dois personagens, mas sobre como estes foram marcados pela vida.

Kidman está incrível como Gellhorn. Com uma atuação avassaladora, ela traz peso e sentimentos a essa personagem. Seu olhar delicado que tenta a todo tempo impressionar, com o passar dos minutos é cedido por um semblante de uma mulher ousada, determinada, mas ao mesmo tempo frágil e limitada. Todos temos um limite e ela nao é diferente. Kidman, depois de se lançar em projetos que nao deram muito certo, parece que encontrou o caminho certo. Com esse drama, encerra um ano com boas interpretações. Owen também leva o destaque, um homem de presença, forte, viril e que transpira ousadia, mas faltou algo a ele. O elenco de apoio está ótimo, temos até um Rodrigo Santoro com um personagem belo e idílico. 

A trilha sonora brilha, apesar de quase não há percebermos. Misturando cenas de documentário da época a ficção, o longa tenta compor um olhar de documentário sobre ele. A todo momento, imagens em preto e branco se mesclan a imagens de arquivos. Apesar de ser um filme para TV, ou seja, ter um orçamento menor, o longa naão faz feio. 

Ao final, o que fica é o drama e a história e de certa forma, uma tentativa de mostrar quem foi em vida, a terceira esposa deste que foi um dos grandes escritores que a história já teve. Ao começo do longa, temos uma frase de peso, dita por Gellhorn "não foi minha intenção ser nota de roda pé de um livro", talvez é assim que ela tenha se sentido durante toda vida, como apenas mais uma esposa dentre as várais mulheres que esse escritor já teve. Mas o que esse filme veio mostrar é que ela não foi apenas mais uma, mas teve forte presença e sua vida continou e ao seu modo, ela marcou a história também.


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