Cante mais docemente e olhe um pouco mais e logo você vai estar lá.
Aqui, tudo o que temos é o céu. Como o céu tão azul, como o azul, mais um colorido, mais um colorido.
Um advogado chega à uma pequena cidade no interior do Canadá. Sua intenção é convencer a todos a processarem a empresa responsável pelos ônibus escolares exigindo uma indenização. No caso, um acidente provocou a morte de mais de vinte crianças, todos os pequenos da cidade morreram e o luto se abateu sobre toda essa comunidade. Mitchell Stephens (Ian Holm),o advogado, também possui seus próprios traumas, ele perdeu sua filha para as drogas.
"O doce Amanhã" é um filme calmo, lento, instrospectivo e singelo, um drama em que somente com o passar dos minutos, vamos compreendendo toda a dor de seus personagens.
O longa aborda três histórias, sendo vividas em tempo distintos, mas isso só percebemos com o decorrer dos minutos. Há uma trama nos apresentando a cidade e seus moradores antes do acidente. Cores vivas, um sol quente, sorriso por todas os lados e crianças brincando, a felicidade está na simplicidade dos pequenos atos e os moradores da cidade se sentem assim. Nesse meio, conhecemos cada família que será de grande importância para a trama e também, com o denserolar dos acontecimentos, vamos conhecendo também as imperfeições desta cidade, aquele lado que todos queremos esconder, mas que ainda sim, existem em nós: nossos pecados. Temas como traição e incesto são abordados de forma muito leve e quase natural.
Vemos também um outro tempo, a cidade após o acidente de ônibus. Após esse trágico acontecimento, todos morrem em vida, todos parecem mortos, pálidos, frios, distantes e amargurados. O frio do inverno ganha presença, nem o calor da lareira consegue esquentar essas pessoas. Nesse momento é que entra a fígura de Stephens. Ele representa toda dor que quer ser expurgada, ser esquecida. Ele incita, provoca, manipula e direciona os sentimentos. Ele deseja com que todos da cidade tenham um responsável a quem culpar, a quem direcionar sua raiva, mas nessa vida, náo há culpados, nem responsáveis ou vítimas, há simplesmente a vida.
Uma terceira trama caminha juntamente com todos os acontecimentos da cidade. Stephens também tem seus traumas. Sua filha se perdeu no mundo das drogas e ao seus olhos, ela já está morta. Ele não consegue mais encara-lá, busca-lá ou acreditar que esteja bem ou viva. A morte é a solução para ele. Assim como os moradores desta cidade, ele quer também encontrar um culpado. Quando sua filha era pequena, ela ficou entre a vida e a morte, mas ele a salvou, a tirou daquilo que poderia causar sua morte, mas agora não. Quem é o culpado por esse fato? Por esse destino? Nesse momento, vemos um homem com suas limitações e dores.
Essas três tramas correm paralelamente e se intercalando constantemente. Metáforas, são com elas que o diretor irá trabalhar toda o longa. É o carro numa lava-rápidos que tem todo o seu exterior lavado por águas e seu interior ainda sim intocado. É o frio que congela a alma e que nenhum calor é capaz de fazer vencer esse inverno, a madeira envelhecida pela ação do tempo e a mais bela de toda as comparações.
Um flautista deseja se vingar de uma cidade devido aos moradores desta terem agido com desprezo para com ele, então ele resolve, com sua flauta mágica, levar embora todas as crianças da cidade para um outro mundo, um local onde jamais seus pais poderão vê-las. Um lugar de vida, encanto e cores fortes. E assim é feito, só que uma destas crianças não consegue ser levada. Ela tem um "defeito", um "pecado", é manca e por causa dessa "incapacidade", ela não consegue acompanhar as outras e fica presa a este mundo. Essa garota é representada por Nicole (Sarah Polley) e assim como a criança da história, ela também é marcada pelo pecado e pela impureza, no caso, sua inoncência lhe foi arrancada.
Um flautista deseja se vingar de uma cidade devido aos moradores desta terem agido com desprezo para com ele, então ele resolve, com sua flauta mágica, levar embora todas as crianças da cidade para um outro mundo, um local onde jamais seus pais poderão vê-las. Um lugar de vida, encanto e cores fortes. E assim é feito, só que uma destas crianças não consegue ser levada. Ela tem um "defeito", um "pecado", é manca e por causa dessa "incapacidade", ela não consegue acompanhar as outras e fica presa a este mundo. Essa garota é representada por Nicole (Sarah Polley) e assim como a criança da história, ela também é marcada pelo pecado e pela impureza, no caso, sua inoncência lhe foi arrancada.
"Um doce amanhã", drama do diretor Atom Egoyan, é um filme soberbo. Trabalhando com temas fortes como a morte, traições, incesto e a mais pura dor, ele não se rende às lágrimas fáceis e entrega uma película cheia de nuances, detalhes e metáforas e em que a dor e angústia estão presente em cada semblante, em cada gesto e olhar dos moradores desta cidade. Um filme em que a ferida é tocada da forma mais peversa possível.
A todo momento, o drama nos dá a entender que algo irá acontecer, que toda dor será vivida ferozmente, mas não. Ao final, a angústia permanece, mas a vida continua. Dois personagens não se rendem aos argumentos de Stephens. Nessa vida não há culpados e também nesse acidente não teve. Quem poderia ser culpado por tal fato, a motorista, o prefeito da cidade ou o dono da empresa de ônibus? Com fortes conotações cristãs em seu interior, o filme aborda o pecado, o castigo e o perdão.
A trilha sonora é excelente. O instrumental soberbo, a canção que inicia o longa cantada por Sarah Polley é doce e pura. A todo o momento, essa canção e esse instrumental tentam dar leveza a tanto peso, a tanta dor e tentam amenizar a algo que é pesado.
A direção não deixa a nenhum momento o filme cair no melodrama e nem a provocar lágriamas desnecessárias. O roteiro, tratando de divertos temas, mas sem dar destaque a nenhum deles, deixa o longa ainda mais interessante.
O único ponto a abordar aqui nessa trama é a dor, simplesmente a dor, a angústia de viver, de morrer e de continuar a se manter vivo.
O único ponto a abordar aqui nessa trama é a dor, simplesmente a dor, a angústia de viver, de morrer e de continuar a se manter vivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário