Em Touch, Kiefer Sutherland é Martin, um homem viúvo que tem dificuldades em criar seu filho, Jake (David Mazous). Jake é uma criança especial. Com 11 anos de idade, nunca disse uma única palavra. Desde que a esposa de Martim morreu nos atentados 11 de setembro, ele tem a função de educar, sustentar e tentar criar laços com seu filho, mas essa função tem sido cada vez mais difícil.
Trabalhando antigamente como jornalista, sempre estava em viagem e por conta disso, se sente culpado por não ter tido uma forte presença na vida de seu filho e por não ter passado mais tempo com a esposa. Essa é culpa que sente e que o faz pensar que Jake não se relacione com ele da forma como ele desejava.
Mudando de emprego em emprego, nunca conseguiu ter uma relação boa com seu filho. Muito ligado a números, Jake sempre está a escrever sequências numéricas. Martin sempre via essa obsessão do filho, mas nunca pensou que nada de especial pudesse existir sobre esse fato. Porém, existe.
Jake é um garoto especial, ele tem capacidade de perceber pelos números que nos cercam toda a conexão que rege a vida. Tudo está conectado. Esse é o lema da série. Pessoas das mais diversas, vivendo em lugares dos mais distintos estão todos interligados. Todos estão a espera de serem tocadas, de terem suas dores aliviadas e suas vidas mudadas, mas precisam de um fator determinante, uma ação de um "outro" que poderá modificar suas vidas.
Jake tem essa capacidade de conectar a todos, de interligar e ele fará isso. Sua função é aliviar a dor das pessoas e concertar as falhas do universo. E terá na pessoa do seu pai, o sujeito que fará fisicamente essa mudança, essa ligação.
A ideia é grande e ousada. Afinal, uma série que tem como lema uma conexão entre diversas pessoas, pelos motivos mais imperceptíveis é algo grande. Se o seriado começa bem, impactando e causando surpresas, sua continuidade perde força, expressão e torna-se normal.
Mas ainda sim, suas histórias nos encantam, nos surpreendem, seja pela sua carga dramática, sensibilidade ou honestidade com que seus personagens e suas tramas são tratadas. Diversos personagens são interligados, sujeitos marcados pela vida, pela dor, pelo presente e que estão espalhados por vários cantos do mundo. Palestina, Israel, Iraque, Europa, Brasil.
No primeiro episódio conhecemos Jake e Martin. Ele tentando criar seu filho e seu filho tentando lhe dizer algo por meio dos números. Entra em cena Clea (Gugu Mbatha-Raw), uma assistente social que terá como objetivo avaliar a educação dada por Martin ao seu filho e se ele tem a capacidade de prover todos os cuidados necessários para a criação de Jake.
Conforme a trama vai avançado, tanto Martin quanto Clea percebem o dom de Jake e como ele consegue perceber os padrões que unem a todos e como por meio destes, ele se interage com o passado e o futuro. De certa forma, tudo está coordenado a ser realizado, porém, algo dá errado e a vida não segue o seu curso corretamente, então Jake entra em cena para refazer o fluxo da vida. A teoria que rege essa série está ligada a vários campos, que vão de religião a mais pura astrologia.
Aos 12 episódios, conheceremos pessoas que voltarão ou não à trama. Pessoas simples, marcantes, dotadas de sensibilidade. Algumas tramas nos encantam, outras não chegam a impressionar, porém outras nos surpreendem. A cada episódio conhecemos mais sobre a mitologia da série e sobre quem de fato é Jake e qual a sua função nessa terra. Assim como também conhecemos uma possível organização que vai ganhando força e presença e se torna a principal vilã desta história.
Quem são? Não sabemos corretamente, só é revelado algo, eles teem conhecimento dos dons de Jake e o querem e para isso, farão de tudo. O episódio final não tem a força do seu piloto, mas encanta, e nos entrega um fim de temporada marcado pela sensibilidade.
Touch, com criação de Tim Kring, e direção executiva de Kiefer Sutherland, aposta nos dramas humanos, nas histórias de pessoas desconhecidas, e por meio de Jake, podemos conhecer melhor suas tramas. Talvez o mais interessante aqui não é de fato o dom desse pequeno garoto e sua missão de aliviar a dor do mundo, mas estas pessoas em si. O bombeiro que se sente culpado por não conseguir salvar uma mulher. Um jovem executivo que após sofrer um acidente, se sente na obrigação de realizar algo, ainda que esse “algo” ele não saiba. A garota que sofre uma desilusão amorosa, mas que por meio da internet promove uma total união entre pessoas do mundo todo, pela tentativa de juntar dois jovens que se amam. Um pai que busca constantemente uma celular, que trafega por vários cantos do mundo. Seu desejo é rever as poucas fotos que restam de sua filha, que há anos morrera.
Estas pessoas que trafegam por essa trama são pessoas, homens e mulheres dotados do mais puro sentimento e que se tornam protagonistas nesse seriado. Com o avançar da trama, Jake ganha destaque, assim como Martin e Clea e suas dores e seu passado também ganham presença.
Ao fim da temporada, uma nova personagem entra em cena, outros saem e a busca por compreender essa missão ao qual Jake está incumbido, continua. A série, infelizmente, devido a baixa audiência, foi cancelada ainda em sua segunda temporada. Uma pena, porém ainda sim, é uma série rica, com suas falhas, mas também, com seus acertos.
Uma trama envolvida nas probabilidades, nas sequências numéricas, nos padrões e que revelam homens, simplesmente as pessoas em suas vidas, tentando viver seus medos e seus sonhos.
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