Há amores que nem a morte pode separar
Arlinda (Leticia Sabatella) é casada com Aragão (Jackson Antunes), porém tem um caso com Chico (Daniel de Oliveira). O drama começa com ela e seu amante na cama em pleno ato sexual, quando são flagrados pelo esposo traído, ele não pensa duas vezes e mata Chico.
Arlinda após a morte do seu amante,
se vê perdida, sem chão, sem base, porém ao se perceber grávida, sente a vida
novamente correndo pelas suas veias. Aragão permite com que ela tenha o filho,
entretanto, jamais ninguém saberá que ele não seja o pai.
Anos se passam e Gabriel (Johnny
Massaro), o filho de Arlinda, cresce. Leva uma vida despreocupada, sempre
próximo de Lena (Arianne Botello), a filha da empregada da casa. Os dois tem uma
relação muito próxima, até que o sentimento entre eles torna-se mais intensa e
afetiva e então, resolvem vivenciar este amor, mas são separados por um segredo
que os une.
Quando Arlinda fica gravemente
doente, Aragão precisa de recursos, então faz um negócio com Isaac (Isio
Ghelman), o banqueiro da cidade. Caso Gabriel case com Malvina (Marina Rui
Barbosa), filha do banqueiro, Aragão obteria os recursos que precisa para
salvar a vida de Arlinda.
Todos aceitam o acordo, o casamento
entra em preparo. Malvina se apaixona perdidamente por Gabriel, mas ele ainda
está preso a sentimentos por Lenna. Tudo segue, tudo caminha até que o pior
acontece.
Ele a abandona no altar para ficar
com sua amada e Malvina, a noiva abandonada, se joga da ponte se matando. Tudo
terminaria neste momento, toda história se encerraria neste ponto se algo de
sobrenatural não acontecesse.
Gabriel arrependido, vai até o túmulo
de Malvina pedindo para que ele a perdoe e ela volte. Num momento de dor, ele
declama, brada e suas palavras são ouvidas. A morte não a prende e ela retorna
a vida, para ficar então com Gabriel. Ele ao ver o que aconteceu, fica sem
reação e sem palavras. Ela diante do fato de estar morta, é tomada por uma
raiva e fúria. Mas se ela voltar a vida já é algo problemático, tudo piora
quando a morte resolve trazer à vida todos os mortos com suas pendências,
deixando a pequena cidade num problema sobrenatural.
“Amorteamo”, nova série da Globo
Produções, aposta e acerta belamente numa trama sobre amor, desejos e traições.
Envolvendo em sua trama dois núcleos de personagens, estes personagens são
movidos por sentimentos dos mais simples aos mais complexos.
Neste drama, nada separa o amor que
os move, nem mesmo a morte. Porém, não é somente o amor que os guia ou move a
estes personagens, há outros sentimentos também. Amor, ódio, fúria, desejo e
raiva tomam a estes personagens e os moldam.
Bebendo declaradamente da fonte de
outra trama conhecida pelo cinema, esta série se faz referência de “Noiva
Cadaver”, grande sucesso de Tim Burton. Se naquele desenho a noiva era uma moça
marcada pela traição e morte, aqui a personagem de Malvina é movida pela raiva
e seus atos revelam isso.
“Amorteamo” possui uma trilha sonora
exuberante, onde o instrumental se faz presente moldando cenas, personagens e
sentimentos, mas a música também ganha força, na voz dos personagens que
declamam suas dores, alegrias e situações, numa melodia gostosa e bela.
A fotografia investe nas cores quentes, ousadas e fortes, lembrando mais uma vez o velho trabalho de Burton. As cores chama a atenção, demarcam os limites dos sentimentos e revelam o que os personagens sentem.
Outra característica forte do seriado
é com relação aos cenários construídos. Ora eles representam a realidade que os
cerca, mostrando praças, cidades e casas, ora há um tom de fábula, surreal e
não verdadeiro. Uma forma de nos mostrar que esta história é ficção, nada é
real, mas ainda sim, está calcada da representação da realidade. Estas construções envolvendo o cenário,
lembram muito outras produções da Globo como “Hoje é dia de Maria”, Alto da
Compadecida” ou “Afinal, o que desejam as mulheres”.
Mas se “Amorteamo” bebe de outras
produções e isso fica claro em sua execução, o seriado possui suas
particularidades e seu roteiro tem elementos de força e peso.
Na trama vemos dois grupos de personagens sendo guiados pela morte. Em cada grupo há sentimentos de amor, desejo, traição e renegação. Se Malvina volta a vida para buscar Gabriel e não aceita ser abandonada novamente, Chico retorna para buscar seu amor, e cobrar a morte que teve nas mãos de Aragão.
Mas não apenas isso, é na morte, que estes personagens construídos primeiramente pelo prisma do amor, são mostrados de forma mais realista. Neste sentido, nem toda perfeição é perfeita, nem todo amor, está moldado pelo amor.
Na trama vemos dois grupos de personagens sendo guiados pela morte. Em cada grupo há sentimentos de amor, desejo, traição e renegação. Se Malvina volta a vida para buscar Gabriel e não aceita ser abandonada novamente, Chico retorna para buscar seu amor, e cobrar a morte que teve nas mãos de Aragão.
Mas não apenas isso, é na morte, que estes personagens construídos primeiramente pelo prisma do amor, são mostrados de forma mais realista. Neste sentido, nem toda perfeição é perfeita, nem todo amor, está moldado pelo amor.
A vida é um eterno retorno, vidas vem
e vão, se mesclam, se moldam, se fragmentam, se chocam. Estruturadas em cinco
episódios, toda trama é cuidadosamente elabora e construída. No elenco, os
personagens revelam toda sua complexidade e ternura. Personagens marcados por
um olhar mais negativo, são humanizado, porém positivamente. Personagens mais
tonalizados pela ternura e amor, são também humanizados, só que negativamente.
Neste meio termo, outros personagens
trafegam pelo seriado, dando comicidade, leveza e ternura ao drama que move
esta trama. Fato este que ajuda, já que o drama em certos momentos, chega a ser
intenso e forte.
“Amorteamo” é um excelente acerto,
seja pela sua história, pelo seus quesitos técnicos ou pelo seu primoroso
elenco. Há possibilidade para uma segunda temporada, nada certeza, mas não
consigo ver uma continuação para esta história, se houver, bom, teria que ser
algo muito bem estruturado e produzido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário