domingo, 16 de dezembro de 2012

Margaret




 “Margaret, por que estás de luto?
Porque estás sofrendo ao longo da Unleavung Goldengrove?
Folhas, como as coisas do homem e você com seus pensamentos a cuidar.
Ah! Como o coração envelhece, ela virá, a mais fria sensação, aos poucos, nem sobrará um suspiro.
Embora muitos mintam, você ainda vai chorar e saber o porquê. Agora não importa, criança o nome: Molas e tristeza são os mesmos.
Nem boca tinha, sem nem nada em mente.
O que eu ouvi falar de coração, fantasma adivinhou: O Homem nasceu para a ferrugem, é você Margaret a chorar”



O que dizer sobre Margaret?
Com direção de Kenneth Lonergan. O mesmo que fez o terno e simples “Conte Comigo”. Aqui ele volta com destaque num filme mais denso, dramático e de certa forma, até confuso. Porém é doloroso, provocador e nos instiga a tentar compreender tanta dor. Amadurecer não é nada fácil, ainda mais quando situações pelos quais nós ainda não estamos prontos nos atingem, nos moldam, e nos fazem aceitar a vida, como ainda nós não a tivéssemos aceito. 

Lisa (Anna Paquin) é uma garota normal, com todos os medos e dúvidas de qualquer garota de sua idade. Mas nessa vida tudo muda na vida dessa garota ao presenciar um trágico acidente em que uma mulher morreu.

Após isso, ela entra num luto em que sentimentos e atitudes entrarão em conflito. Ela se sente culpada já que o acidente aconteceu devido a uma parcialidade sua, mas o motorista (Mark Ruffalo) que também teve contato direto com o incidente não assume esse peso. Isso provocará nela uma ira e sentimento de injustiça. A partir desse fato tudo se confunde e se perde em atos e movimentos pelo mais puro sentimento.



Margaret é complicado de entender. Lisa apenas quer que todos reconheçam o peso da morte, mas o fato de motorista não aceitar a sua parcela na culpa, fará com que ela o cobre por outras vias. Talvez seja ai que esteja o problema. O que move suas atitudes, esse processo e seus pensamentos? Lisa tem um grande diferencial, ela é muito humana, se comove com o outro. Seus erros estão a movendo em todos os lados, ela é impulsiva e egoísta, arrogante e carente, indecisa e medrosa, tão normal, tão adolescente.

Talvez a única falha do longa esteja na sua duração. Chega a cansar um pouco, algumas cenas ficam na dúvida, será que realmente elas precisavam aparecer, são muitos personagens. Mas a resposta para essa pergunta está também na sua duração. Um dos motivos desse drama ter ficado tanto tempo na ilha da edição esta nesse detalhe: tempo de duração. O diretor Lonergan.  queria que a obra final do seu longa ficasse em torno das três horas, tempo correto para expor todas as nuances do longa, mas os estúdios envolvidos não quiseram. Com sua negação, o filme entrou em diversos processos, até que um editor ligado a Martin Scorsese, finalizou a obra e obteve a aprovação do diretor.

Apesar dessa questão do tempo, o longa possui toda um delicadeza e profundidade. O que vemos é a crise de uma jovem que se vê diante de algo pelo qual ela não está preparada. Sua postura, sua visão de mundo, suas experiências não lhe dão todas as ferramentas básicas para enfrentar isso. Suas atitudes no longa demonstram isso, ao mesmo tempo que ela é uma jovem que deseja perder a virgindade com um adolescente qualquer, ela se joga no seu professor, como se fosse uma mulher já experiente na vida. 



O longa começa com um trilha sonora linda, tocante e terna. A tomada rodada em câmera lenta nos mostra o cotidiano das pessoas. Seus passos são lentos, suas atitudes são calmas, tudo é revelado, é nessa ideia que o longa vai tocar, um filme suave, calmo, lento que tenta visualizar aquilo que não podemos ver com clareza, as dores, as inquietações e os receios. Essas pessoas estão vivendo, andando, caminhando, o que podemos perceber por essa abertura é que na vida, nada podemos prever. A vida segue, os dias correm e as horas transpassam e nós nada podemos fazer para mudar isso. Esse acidente talvez tenha sido uma enorme fatalidade.

Há um poema lido em sala de aula que sintetiza toda obra e é a personagem desse poema que dá nome ao filme. Margaret, porque está de luto? A vida vem com suas dores, com seus pesares e você está a chorar por qual motivo? A vida segue, o mundo gira, a morte é assim. Não chore, não fique triste, o homem passa. Essa é a Lisa, uma garota que não entende o que lhe aconteceu e acha que deve compreender e aceitar. Mas na vida, não podemos controlar o amanhã, nosso atos tem consequências, isso é fato, mas ainda sim, não saberemos que nos acontecerá caso tomemos certas escolhas.

O elenco está ótimo. Ana Paquin lidera o drama com competência, graciosidade e ternura. Completam o time Matthew Broderick, Matt Damon, Jean Reno e J. Smith-Cameron.  O roteiro é consistente, uma verdadeira poesia sobre a vida e mudança dos sentimentos. Um filme que se vê e revê inúmeras vezes, um longa que fica em sua mente após a projeção e apesar do passar dos dias, você ainda está preso a esse drama, tentando compreender tudo a o que viu.

Um filme que gera dúvidas e que toca profundamente.





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