Amor, desejo e violência. Uma dose de racismo, misturada a um forte preconceito, sob um sol escaldante. Esse é o cenário que irá prevalecer sobre esse “Um rapaz do sul”.
Ward (Matthew McConaughey) é um jornalista que retorna à sua cidade natal com o objetivo de investigar as acusações de assassinato que estão sobre o preso Wetter (John Cusack). Ele está condenado e prestes a receber a pena de morte por ter matado um policial. Mas Ward vê nessa prisão graves falhas na forma como todo o caso foi guiado. Com essa reportagem ele pode obter o prestígio que tanto deseja.
Junto de Ward está Yardley (David Oyelowd), um jornalista negro que está obtendo fama em sua carreira. Seu intuito é ter o respeito que merece na profissão. Sendo negro, sente o racismo de perto, seja na carreira ou na vida. Chegando ao sul do país, vai se deparar com um estado onde o negro não tem lugar e terá que se impor com autoridade para não ser humilhado pela sua cor.
Charlotte (Nicole Kidman) é uma mulher perto dos seus quarenta anos que diz estar apaixonada por Wetter. Os dois trocam inúmeras cartas de amor, sexo e desejos. Ela tem total certeza que ele é inocente e vai ajudar Ward nessa empreitada. Jack (Zac Efron) é irmão de Ward. Expulso da faculdade após um ato de rebeldia voltou a morar com o pai. Trabalha pra ele entregando os jornais, muito ligado ao irmão, topou ajudá-lo na busca de descobrir a verdade sobre esse crime. Esse grupo de personagens irá trafegar por uma história densa, marcada por segredos, brutalidade e violência.
“Um rapaz do Sul” tem uma Nicole Kidman extremamente sensual, um McConaughey numa atuação vigorante e uma direção que não peca e abusa das cenas fortes onde a crueza da vida dá o seu destaque.
Com direção de Lee Daniels, esse drama abusa das imagens bizarras. Um filme cru, forte e viril. Um sul quente e injusto onde uma minoria está renegada a não ter uma voz. Em meio a direitos civis que estão começando a serem proclamados, nessa região, as mulheres estão subordinadas a homens violentos, negros a terem que se calar diante da opressão e homossexuais estão sujeitos a serem humilhados e mortos com a mais pura brutalidade.
Com uma fotografia estourada que abusa dos cenários quentes, “Um rapaz do sul” invoca a todo o momento essa região dos Estados Unidos marcado por um forte calor, pobreza, preconceito, violência e racismo. Em meio a pântanos, mato, animais selvagens e rios, enfim, está toda pureza e selvageria da vida humana. Essa imagem está representada, seja por meio das paisagens ou pela postura de seus personagens. Homens e mulheres perdidos na vida, sem expectativas e que buscam em meio a essa brutalidade que é a vida uma forma de se manterem vivos.
Não há como não ver esse longa e se impactar com as cenas. A violência está diante de nossos olhos e estamos fracos diante dela, nada podendo fazer. Ao final, o que resta a estes personagens são lágrimas de dor e revolta em meio a seguinte pergunta: como tudo isso pôde acontecer?
O melhor desse filme está em seu elenco, onde Nicole Kidman se sobressai como Charlotte, uma mulher intensa e forte, sensual e frágil. Se num começo do longa ela nos transmiti ser extremamente sensual, capaz de levar homens a loucura, com o passar dos minutos, ela se revela doce, delicada e frágil que só deseja ter alguém ao seu lado.
A relação que se cria entre Chalortte e Jack é o que há de melhor. Uma amizade marcada por uma inocência, onde ele se vê perdidamente apaixonado por ela e Chalortte, tendo consciência desse amor, não compreende como ele pode estar a amando, uma mulher que não pode oferecer nada a ele.
Alem dessa atuação, há um excelente roteiro que abusa das cenas, cenas essas onde tem até uma Nicole Kidman provocando e sensualizando, fazendo com que um John Cusack chegue ao seu orgasmo, sem ao menos tocá-lo. Essa foi uma das cenas mais emblemáticas do longa que rendeu ótimas criticas para a atriz.
“Um rapaz do sul” caminha por um lado intensamente dramático e que mostra uma face violenta do homem. Um lado capaz de matar e sentir prazer em cometer tal ato. Um lado sujo, vulgar, escuro, obscuro e que não queremos aceitar. Um lado que fere, marca e sangra.
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