Enquanto somos jovens, enquanto somos
novos, enquanto somos muitas coisas ....
Em
seu mais novo drama, Noah Baumbach traz para o centro da trama uma história
tocante, terna, simples e cativante sobre um casal em plena crise de idade. Na
casa dos quarenta anos, Cornelia (Naomi Watts) e Josh (Bem Stiller) possuem uma
vida estável, bem estruturada, mas ainda falta algo. Eles são antenados as
tecnologias, adoram sair em amigos, mas a idade não é como antes e o corpo já
declama isso.
Josh
é professor de cinema, está produzindo um documentário e está neste trabalho há
dez anos. Nunca consegue finalizá-lo. Motivos são vários, medo de ser avaliado,
de se perceber que não é tão bom quanto imaginava. Cornelia trabalha como
editora de vídeos e seu pai é um grande documentarista. Por conta disso, a
relação entre Josh e o pai de Cornelia nunca se dá de forma amigável.
Em
uma de suas aulas, ele conhece um casal de jovens, Darbie (Amanda Seyfried) e Jamie
(Adam Driver), dois jovens casados. Sempre sorridentes, sempre carismáticos, estes
dois são o oposto de Josh e Cornelia. Possuem uma atração pelo passado,
desprezam as tecnologias e tentam aproveitar os poucos momentos da vida de
forma mais intensa.
Nesta
relação de oposições, estes quatro jovens se relacionam, se entendem e trocam
suas experiências. Jamie, assim como Josh, aspira a ser um grande
documentarista e tem uma ideia diferente para a produção de um documentário. Josh
acha a ideia um pouco estranha, mas resolve ajuda-lo nessa empreitada.
Entretanto, quando os rumos deste documentário tomam proporções diferentes,
começa a surgir entre estes dois amigos sentimentos de inveja, desconfiança e
inimizade.
“Enquanto
somos jovens” traz para o centro da trama vários questionamentos que nos
envolve. Noah em seu mais novo drama faz uma referência há vários temas: o uso
excessivo das tecnologias e como estas estão ditando as regras de nossas vidas;
o medo e a insegurança que sentimentos com o tempo; a não aceitação da velhice
e o medo de não realizarmos tudo o que havíamos planejados.
Noah
possui uma carreira mais calcada no cinema independente. Seus filmes são
sensíveis, trabalha sempre com beleza as complexidades de seus personagens,
nada é tão simples de análise e este diretor coloca seus personagens ora em
momentos desconfortáveis, ora em momentos tocantes. Seus personagens são
movidos por dores, receios e medos.
“Frances
Há”, seu filme anterior, caminha neste sentindo. Se lá a personagem principal
tinha que se deparar com uma verdade que causava uma certa dor, neste novo
drama, Josh possui um desejo, mas ele sabe que no fundo não é excelente no que
faz, sabe que não realizou todos os sonhos da forma como queria e sabe que não
irá realizá-los. Aceitar o que tem, perceber a vida em sua simplicidade e suas
qualidades, este será o caminho que este homem irá traçar.
Em
seu filme mais comercial, “Enquanto somos jovens” tem ares de cinema alternativo.
Com uma trilha sonora muito bem modulada e estruturada, uma bela fotografia e
atuações esplêndidas, este drama nos toca.
A
história é simples, porém muito bem construída. Há algo que podemos perceber de
errado na perfeição toda em Darbie e Jamies, e aos poucos, conforme vamos
percebendo as verdades e mentiras, vamos compreendo quem são estes dois jovens
e por consequência, quem são Josh e Cornelia.
Este
drama trabalha com maestria e beleza os contratempos da vida, suas
desilusões, frustrações e ambições.
Nunca teremos que desejamos ter, nunca seremos completamente perfeitos ou
inteiramente felizes. O que fazer diante de tal verdade, diante de tais fatos?
É algo complicado, cada um tem seu caminho e “Enquanto somos jovens” tenta
encontrar uma resposta para estes dois personagens. O final do longa não é
grande, não há um desfecho de fato, mas é condizente com que o diretor deseja
retratar ou abordar. Apenas isso, a vida.
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