Com uma história divertida, bem regada a boas músicas, filme faz um trabalho bem interessante, convincente e verdadeiro sobre a descoberta da sexualidade e a difícil ideia da aceitação.
Zachary (Marc-André Gondrin) é um garoto como todos os outros. Nasceu no dia 25 de dezembro, em pleno natal, por esse motivo, sua mãe acha que ele pode ser especial, ter um dom, uma habilidade que o faça diferente. Ele cresce e as dúvidas vem junto com a idade. Zac é mais sensível, adora rock rebelde da época e sente-se um pouco diferente, não pelo dom que possa ter, mas pelo que sente. Ele é gay e aos poucos irá perceber isso.
Tem quatro irmãos, Christian (Maxime Tremblay) é o mais velho e intelectual da família, Antoine (Alex Gravel)é o esportista, pegador, Raymond (Pierre-Luc Brillant) é o rebelde, adora comprar brigas com todos, em especial com Zac e por fim Yvan (Félix-Antoine), um gordinho comilão. Apesar do filme ter como título C.R.A.Z.Y, fazendo uma referência aos cinco filhos, a história se concentrará apenas em Zac e sua difícil compreensão dos seus desejos e Raymond. Os dois sempre se rivalizarão durante toda vida e estes dois causarão grandes dores de cabeça a Gervais (Michel Côté), o chefe da da família, um homem extremamente machista. Zac pela sua sexualidade e Ray pelas drogas.
O drama chega ser um pouco longo. O filme acompanha boa parte da infância desse garoto. Já nesse momento, pode-se perceber seus gostos e desejos. Talvez pelo fato do filme ficar muito tempo nessa fase, ele torna-se cansativo no começo, já que a melhor parte da história se concentra na adolescência e juventude de Zac.
No longa é percebível um tom cristão que toma a trama por inteiro, Zac por três vezes escapa da morte milagrosamente, no começo, ao meio do filme e no seu desfecho. Apesar de se notar essa estrutura fazendo uma referência a fé, o longa não se fixa nesse foco. A ideia é abordar a descoberta da sexualidade por um garoto em plena Itália na década de 80, vindo de uma família extremamente conservadora, fazendo uma própria metáfora a sociedade da época, em que o termo gay nem era debatido, apenas condenado.
Zac, como qualquer garoto de sua idade, vai tentar e tentar, mas sempre vai se ver atraído pelo outro. O que é mais interessante desse trabalho é que tudo se dá com muita naturalidade. É o jeito dele quando criança, sua forte ligação com a mãe, a tentativa constante de se aproximar do pai, a admiração pelo irmão mais velho, a rebeldia e o namoro convencional, a fúria por sentir o que sente,enfim, é a difícil aceitação.
Ao final, não se tem um desfecho feliz, em que todos vão viver felizes para sempre e que ser diferente é normal. Pelo contrário, o drama continua, a perda vem, a dor permanece e a lição fica ainda como não aprendida, porém somente com os anos, com as tentativas, enfim, com o tempo, que tudo se inclina e volta ao “normal”. O tempo aqui é trabalhado extremamente bem, seja para com Zac que percebe quem realmente é, ou pelo seu pai que compreende que na vida nada sai como esperamos.
O longa teve pouca recepção no Brasil, distribuído de forma independente, conquistou uma boa parte das críticas. Um filme bacana, divertido, com ótimos momentos engraçados e um bom drama ao final. Um elenco competente e uma ótima trilha sonora.
Tentei assistir esse filme e o achei muito cansativo, acabei não terminando de ver.
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