domingo, 17 de junho de 2012

50/50



Adam (Joseph Gordon-Levitt) leva sua vida a sério. Se alimenta corretamente, possuí hábitos saudáveis, pratica atividade física, é preocupado com todos os riscos que podem acontecer. É um jovem centrado. Trabalha num jornal e tem como melhor amigo, Kyle (Seth Rogem), um cara o oposto dele ao extremo, mas os dois se dão muito bem. Além desse grande e desajustado amigo, ele tem uma namorada, Rachael (Bryce Dallas Howard). Esse casal tem um relacionamento normal, porém parecem mais casados mesmo do que apenas namorados.

Depois de sentir uma dor breve na coluna, ele procura um médico, faz uns exames e descobre o pior, que tem um raro câncer num estágio bem avançado. Qualquer intervenção cirúrgica pode ser fatal, no caso, uma cirurgia é algo arriscado, então o médico numa naturalidade incrível lhe propõe a quimioterapia.

Adam fica em estado de choque, não sabe o que pensar ou sentir, afinal tem um tumor grave com poucas chances de cura. Ele tenta se questionar o porquê, afinal, leva uma vida tão correta: não fuma, não bebe, não faz nada que possa provocar um mal desse. Segundo o médico, suas chances de sobreviver são de 50%. Para tentar levar isso com mais calma, ele vai ter a assistência de uma jovem psicóloga, Katherine (Anne Kendrick), um pouco inexperiente com casos como o dele. Só que se a situação dele já está trágica, ela só piora, pois sua namorada meio que o abandona.

50% é simples, é um comédia dramática que tem como tema um assunto forte e intenso, mas que é guiado e conduzido com muita leveza. Não que o mal dessa doença não seja trabalhada, ela é, mas a forma como isso acontece é feito com muita leveza. Esse longa lembra muito a série The Bic C, protagonizada pela ótima Laura Linney. Assim como na série, aqui nesse drama há a dor de perceber que a vida pode lhe ser arrancada aos poucos e com muito sofrimento, mas também é mostrado a tentativa de se viver, simplesmente viver. 

 

Adam está em crise, não sabe o que sentir ou o que pensar. É como se ele ainda não compreendesse o que está acontecendo com ele. Seu amigo também, tenta passar essa ideia de que está tudo muito bem, tudo muito normal pra ele, tanto que até tenta usar dessa doença para pegar mais garotas facilmente, só que nada está bem e isso se percebe nos olhares. Todos estão temerosos quanto a tudo, a única personagem a demonstrar esse medo é a mãe de Adam.

Ele não se abre, não se entrega a essa dor, tenta permanecer na defensiva, mesmo Katherine tentando lhe explicar que é normal todos ficarem abalados. Mesmo ela sento didática quanto a sentimentos, ela quer que ele entenda que a dor é pra ser sentida, o medo e o desespero também, afinal faz bem chorar. Ao mesmo tempo que tudo na vida desse jovem se abala, surge entre Andam e Katherine uma ligação muito forte e sensível, uma atração entre ambos, guiada pelo medo, euforia, confusão e tentativas frustadas de se tentar entender o que o outro sente. Esse relacionamento demonstra que a vida continua.

Apesar de ter algumas falhas no roteiro, como a construção da personagem da Katherine que está no doutorado com apenas 23 anos, o longa acerta a mão no drama desse jovem, no modo como um possível romance é construído entre Katherine e Adam e no leve tom cômico que há na relação de amizade entres esses dois amigos. A relação da amizade entre esses dois é a melhor. Há uma simplicidade muito grande entre eles, um completa o outro. 

Destaque para a cena em que Adam se solta de verdade diante de tudo, quando está no carro, tentando aprender a dirigir no meio da noite. O grito e o desespero dele diante dessa verdade é incrível. Dor, revolta, injustiça, enfim, a vida é dura e isso essa cena nos consegue transmitir com maestria.

Assim é essa comédia, um bom longa independentemente com um bom elenco e uma boa direção, sensível e terno sem pesar a mão nas lágrimas. 

 


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