sábado, 25 de outubro de 2014

The Big C - Temporada final






Vida, morte, a vida continua. Como um ciclo, como um eterno retorno sem fim. Alguns ciclos se fecham, outros jamais se encerrarão. Assim é a vida.

Na quarta e última temporada de The Big C temos Laura Linney dando vida pela última vez a uma professora que nestes quatro anos aprendemos a amar. 

Cathy é correta, coerente, uma dona de casa exemplar. Entretanto todo o seu mundo entra em colapso ao descobrir ter um câncer em estágio terminal. Para se ter ordem, precisa se estabelecer o caos. Nestas três temporadas, essa professora passou por acertos, erros e falhas. Momentos de ternuras a de felicidades, momentos de raiva a dor. 

Na primeira temporada, ao descobrir o diagnóstico da doença, Cathy negou seu tratamento, sua doença e guardou para si toda a verdade. “Negação”, foi essa a instância que direcionou a personagem. 

No segundo ano, um sentimento de fúria a tomou. Ao perceber a vida que tinha e tudo ao seu derredor, sentiu uma ânsia em viver e uma raiva por estar morrendo. No terceiro ano, há um clima de trocas de valores, de importâncias. Tanto a morte como a vida ganham destaque. E assim foi por três anos. E eis que The Big C veio para encerrar sua trama na quarta temporada.

Para este quarto ano a série fez apenas um especial com quatro episódios com uma hora de duração cada. Dentro dessa temporada dois estágios foram abordados: o luto/depressão e a aceitação, finalizando assim o enredo da série que seria abordar os cinco estágios da morte: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. 



Neste quarto ano a série chega ao seu ápice e entrega uma trama bela, comovente e esplêndida. Desde sua abertura que é modificada até a trilha sonora, tudo recebe um tratamento especial, cuidadoso, apurado e dedicado. O drama ganha força e o humor fica um pouco de lado. 

Nesta última temporada o arco é apenas centrado em Cathy, em sua vida e morte. Tudo gira em torno desse drama, dessa idéia. Não há subtramas, enredos ou dores envolvendo os outros, apenas Cathy. 

Entra em cena uma personagem recorrente, a psicóloga de Cathy. Ela terá um papel fundamental na série, colocando nossa protagonista sempre contra a parede com as próprias afirmações desta. Num primeiro momento, essa personagem entra em cena como a profissional que irá guiar Cathy para aceitar seu derradeiro fim, mas ao final, percebe-se uma outra função à essa personagem. 

Nesse sentindo, em The Big C temos apenas o fim, o começo ou apenas uma continuidade. A vida continua, não há ciclos para se fecharem, ideias para serem compreendidas, verdades para serem aceitas. Ainda ao final, três correntes religiosas tentam explicar a vida e a morte. Não há como saber o que de fato nos espera, mas temos a fé para nos dar uma breve certeza.
Aceitação, esse é um processo difícil e doloroso. Aceitação não é conformação, é compreender a vida em suas conquistas e perdas e ter a consciência que deu o melhor de si. 


Quando a morte entra em cena, a vida mostra sua face, mostra sua beleza, mostra sua riqueza. Nesse sentido, vida e morte são extremos que se completam e o caminho entre estes dois percursos já não são apenas de dores, mas são experiências cheias de vida, de ternura e beleza. Ate nos conflitos já vemos grandiosidade. Cada ato, acerto ou falha nos revelará acertos e caminhos. 

The Big C com ternura e simplicidade brilhou, ao seu modo brilhou. Com graça entregou uma trama rica, profunda e que deixará saudades. Laura Linney em seu último ano está soberba, assim como o roteiro, a direção e todo elenco. Não há muito que dizer, The Big C foi de fato uma grande série. Enfim, a vida continua. 


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