Paul (Daniel Auteuil) é médico
cirurgião e casado com Lucie (Kristen Scott Thomas). Possuem uma vida
tranqüila, pacata, calma e bem sucedida. Num certo dia, ele recebe um buquê de
rosas em seu consultório e o que era apenas um buquê, passa a ser entregue todos
os dias, seja em sua casa, hospital em que trabalha ou consultório em que
atende.
Misteriosamente uma jovem, Lou
(Leila Bekhti) o encontra dizendo que ela o conhece. Ele a operou quando ela era
pequena, ele não se lembra, entretanto Loul sabe que foi Paul e se sente
agradecida por tê-la salvo a vida. Aos poucos ele passa a desconfiar que essa
moça seja a dona destas flores. Nesse meio tempo, seu casamento entra em abalo
e toda harmonia da casa revela dissonâncias que antes não havíamos percebido.
Além desta moça, há também na
relação entre esse casal um amigo da família, muito próximo de Lucie.
Percebe-se que há algo ali, algo que não sabemos, mas que pressentimos.
Em “Antes do Inverno” há um
drama em que incertezas perduram no ar. Nada é dito e uma nuvem de dúvidas
percorre toda história. Não sabemos de quem vem as rosas ou por qual motivo
elas são entregues. Quem é a moça que sempre o encontra e qual a relação de
Lucie com o amigo deste médico.
O filme se passa pelo olhar de
Paul, então toda trama é aos poucos desvendada por ele e por nós também.
Entretanto, algumas verdades são lançadas e estas nos levam a imaginar ideias e
certezas. Neste momento percebemos como o longa constrói imagem e a desconstrói
em seguida, e coloca em dúvidas, elaborando jogos de mentiras e verdades.
O drama possui uma trilha
envolvente, ora às vezes seca que nos causa um distanciamento com relação ao
drama, ora entrega uma sonoridade forte e envolvente. Essa trilha consegue dar
sobriedade a trama e dar um clima francês a toda história.
A fotografia é gélida,
denotando uma frieza que paira sobre todos os personagens e sobre o longa. É
interessante perceber como esta fotografia e a trilha completam essa frieza,
frieza esta estampada nas faces, nos gestos ou nas expressões dos personagens
que estamos vendo, observando e conhecendo.
O longa caminha, caminha e a
verdade revelada ao final do longa não é de fato importante ou impactante, mais
importante fica sendo as incertezas levantadas pelo enredo, as incertezas construídas,
as verdades diluídas. O diretor com isso estabelece um drama sólido, frio, dotado
de força e jogos de verdades onde nada é dito de fato, porém que podemos
perceber pelas falas, gestos e ações de seus personagens.
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