Sombrio, envolvente e divertido. Em
“Caminhos da floresta” uma gama de personagens se cruzam na busca de realizarem
seus desejos e mostram as consequências destes. Em sua mais nova investidura no
cinema, os estúdios da Disney relança
seu mais novo olhar sobre os famosos contos de fadas.
Numa pequena vila há um padeiro (James
Corden) e sua esposa (Emily Blunt) que desejam ter um filho, mas não podem.
Neste caminho ainda há uma garotinha que precisa ir visitar sua vó na floresta,
mas deseja viver novas aventuras. Uma jovem chamada Cinderela (Anna Kendrick)
que deseja ir ao baile do príncipe (Chris Pine), entretanto não possui as
condições e sua madrasta (Christine Baranski) não permite e um garoto, João (Daniel
Huttlestone) que deseja uma melhor condição de vida, sem precisar vender a vaca
que tanto ama.
Em meio a tantos desejos, uma bruxa
(Meryl Streep) tenta realizar os desejos destes personagens, mas para isso
precisará de certos objetos. Uma capa mais vermelha que o sangue, a vaca mais
branca do que o leite, os cabelos mais louros que o milho e os sapatos mais
puros do que o ouro.
Na busca destes desejos, estes
personagens irão se cruzar, em meio a um musical que fala sobre desejos e
consequências e sobre como somos os únicos responsáveis por nossas atitudes.
Os contos de fadas dos Irmãos
Grimm, sempre foram lançados aos cinemas pela Disney com uma áurea mágica e
inocente. Sendo tratadas como contos de fadas, valores como amor, ternura,
força e garra foram abordados e sempre valorizados. O bem sempre vencia ao
final da história e o mal e suas ações sempre eram castigados. Havia uma clara
distinção entre o herói e o vilão.
Nessa nova abordagem os personagens
perdem essas particularidades e a distinção entre o bem e o mal se esvai.
Baseado na peça de teatro da Broadway muito
bem recebida pela crítica, “Caminhos da floresta” tenta capturar a essência dos
contos de fadas dos irmãos Grimm,. Histórias mais sombrias, macabras, dotadas
de complexidade, dramaticidade e onde o elemento do horror prevalece.
Neste novo drama, a Disney tenta
manter essa dramaticidade. Apesar do elemento terror não prevalecer com grande
força, ele ainda se encontra no filme, pelas suposições, pelos não ditos, pelos
detalhes, silêncios e diálogos. A fotografia sempre é escura, a trilha possui
em sua melodia tom pesados, seguidos por um musical gracioso e penetrante.
O longa começa bem, com uma boa
desenvoltura entre todos os personagens. Os principais fatores das tramas dos
contos são mantidos. Entretanto, nada com muitos detalhes. As histórias tem
como elo de ligação a bruxa, o padeiro e sua esposa. São eles que guiam o
filme, dando dramaticidade e alivio cômico também. Cada personagem nesse
caminho tem algo a desejar e são por estes desejos que serão movidos.
Passado algum tempo de projeção, o
longa meio que se perde em sua trama. Quando todos conseguem o tão final feliz,
a impressão que temos é que algo está errado e não há mais para onde caminhar.
É neste instante que o longa modifica toda sua estrutura e mostra sua
verdadeira face.
“Caminhos da floresta” aposta num
belo musical para mostrar homens e mulheres em suas vidas e suas dores. Esqueça
os finais felizes, ou o príncipe encantado dotado de qualidades. Neste
drama/comédia, os estereótipos se desfazem e vemos o bem e o mal com a mesma
proporção.
O príncipe encantando não é tão
encantado assim, a bruxa que ameaça a todos, não é tão vilã assim. Enfim, o que
o roteiro faz com estes personagens é humaniza-los, ou seja, dar mais pecados e
falhas a estes homens e mulheres e mediar as perfeições, afinal, somos humanos,
marcados e moldados tanto pelo bem, quanto pelo mal. Cada personagem deseja
algo em particular e estes serão realizados, tais desejos provocará toda uma
cadeia de acontecimentos que promoverão desfechos marcados pela dor, sofrimento
e morte.
Em se tratando de características
cinematográficas, o longa possui muitas qualidades. Com uma desenvoltura ágil,
o drama intercala as tramas e personagens de forma gostosa e divertida. A
fotografia é marcada por tonalidades escuras em que o preto e o azul
prevalecem. As sombras ganham destaque e um tom sombrio decai sobre todos os
personagens.
O musical é outro destaque. Sem ter
números musicais de fato, os personagens apenas cantam suas falas numa melodia
gostosa. O elenco está muito bem afinado, cantando e atuando em grande estilo. James
Corden e Emily Blunt, assim acompanhado por Meryl Streep Anna Kendricklevam se
destacam.
“Caminhos da floresta” é isso, é um
divertido musical que agrega em seu roteiro toda essência das histórias dos Irmãos
Grimm,. Um longa em que temos a possibilidade de rever essas tramas,
impregnadas por essas primeiras características.
O longa possui um tom de moralismo,
isso é fato, mas, ainda assim, esse moralismo não se sobressai sobre o drama e
ao final, só temos uma certeza: “finais felizes” nem nos contos de fadas.
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