quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cisne Negro


Um filme denso, mas não chega a ser perturbador, porém com uma atuação descomunal de Natalie Portman
Cisne Negro chamou a atenção em diversos festivais em que passou pela presença forte de Portman, fazendo com que o longa ficasse em segundo plano, e sem dúvida, nesse filme é ela que se sobressai. Com uma atuação impressionante em que se entrega totalmente à sua personagem, a atriz consegue obter um trabalho esplendido.
O longa conta a história de uma companhia de balé que está prestes a apresentar a nova montagem do Lago dos Cisnes, um trabalho difícil e duro, pois a dançarina principal fica a cargo de levar o cisne branco, uma personagem delicada, pura e suave e o negro,  o oposto ao extremo do primeiro, sedutora e selvagem. Nina tem a chance de conseguir esse papel, já que a principal dançarina foi forçada a se aposentar, o problema é obter a perfeição como cisne negro, já que todos os seus passos remetem a pureza e suavidade. Para se incorporar a essa personagem densa, Nina ultrapassará todos os limites da normalidade, beirando a loucura a ponto de suspeitar que sua principal rival e amiga seja fruto de sua imaginação.



O longa segue esse caminho entre realidade e loucura, mostrando toda a desconstrução de Nina. Usando de cores, objetos e o som em forma de ruídos, somos despertados para perceber ilusão, loucura e realidade. Alguns elementos como os jogos de espelhos, o movimento da câmera e alguns sons da trilha conseguem captar ótimos momentos, tornado o filme um drama, com suspense acima da média, uma pequena jóia de arte.
O jogo de cores alternando em preto e branco no começo do drama consegue nos colocar nesse clima, mas em falar em começo, a abertura do longa com ela dançando é simplesmente soberbo. Uma bela apresentação cheia de vida, suavidade e densidade, uma síntese para o filme. O uso em excesso dos espelhos refletindo Nina e todos os outros que lhe cercam foi muito bem trabalhado, pois nos remete a personalidade dela. Os espelhos no longa ganham uma segunda visão sobre as pessoas, representando seus desejos mais contidos, personalidades escondidas e afugentadas.  No drama é percebível vários momentos em que Nina se olha nos espelhos, mas não consegue ver o seu retrato, mas de uma outra pessoa, que apesar de ter a aparência dela, é extremamente diferente dela. Esse lado escuro dela e é o que ela precisa despertar para poder encenar com perfeição o Cisne Negro.




Outro ponto interessante é com relação ao movimento da câmera nas cenas de dança. A forma como elas estão postas para pegar os ângulos nos dão uma impressão de estarmos não apenas observando, mas também participando. O nível de imersão do espectador se intensifica com uso destes planos e destas imagens em movimento, seguindo os passos dos dançarinos. O clima criado pela trilha sonora também leva o destaque, se bem que a música aqui é mais do que importante, pois tudo giram em torno dessa melodia. Em algumas cenas, há o uso de sons estridentes que aumentam a tensão nos momentos em que Nina se machuca, seja pela ansiedade ou nervosismo.
Já o trabalho do elenco está formidável. Portman se entrega de uma forma tão profunda, fisicamente e psicologicamente que chega a ser perturbador, uma encenação que com certeza lhe dará o Oscar de melhor atriz. Vincent Cassel é outro ator bem interessante nesse filme, um homem que não mede palavras e ações e Winona Ryder, apesar de ter um pequeno papel, está ótima. Como muitos dizem, essa é uma ponta de luxo, uma bailarina que foi forçada a se aposentar devido a idade, é o tempo marcando o inicio e fim de nossas carreiras. 





Mas ainda sim, a história é um dos pontos fortes de longa. A forma como Nina se desintegra de uma garota delicada a uma jovem cheia de desejos intensos, reclusos e vivos é surpreendente. A cena em que ela se entrega ao seu lado mais obscuro e ri, para em seguida entrar no palco para dançar a apresentação do Cisne Negro e vai se transformando em tal criatura, fazendo uma referência a esse lado que ela tomou para si, foi ótimo.
A direção consegue impor um filme intensamente dramático, com umas pitadas de suspense e terror psicológico, mas não vai além disso, pessoalmente, considerei o filme, apesar de ser muito bom, super estimado. Pelos comentários, esperava um pouco mais de drama e um final mais instigante, pois o desfecho para a história já poderia se perceber em algumas cenas perto do meio do longa, cenas essas que entregavam toda a verdade e clima do final do longa. Mas ainda sim, um bom filme que merece todos os aplausos. 




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