terça-feira, 14 de junho de 2011

Chéri

Suave e belo. Amor, desejo e o irreversível tempo marcam Chéri.

Ambientado na Bello Époque da França antes da Primeira Guerra Mundial, Chéri conta a história de uma bela cortesã, Léa (Michelle Pfeiffer), que a pedido de uma antiga companheira de profissão, Madame Peloux (Kate Bates), passa a cuidar do filho dela, o educando no que diz respeito a sexo e vida íntima.

Devido ao rapaz manter constantemente uma vida sem responsabilidades e cheia de bebidas e drogas, sua mãe vê nesse ensinamento uma forma de dar ao rapaz as rédeas que ela não conseguiu colocar nele. Com o passar dos anos, os dois se envolvem fortemente, preocupando a mãe do jovem que então arranja um casamento para ele. Sem poder alterar essa situação, os dois tentam levar esse fato da forma mais simples possível, porém a ligação entre os dois é mais forte que eles poderiam imaginar.



O longa transita mostrando o lado dos dois personagens em tempos distintos começando por Léa que é madura e sabe o que está em jogo. Ao se envolver com Chéri, tinha uma ligeira ideia que poderia se apaixonar por ele, mas como em todos os outros relacionamentos, ela iria superar, mas não é o que acontece.

Após o casamento dele, por mais que ela saia, beba, se relacione e diga a si mesma que seguirá em frente ela não consegue. Peloux sabendo dos sentimentos dela por ele, destila ainda mais o veneno sobre ela. Mas num certo momento ela resolve viajar e simplesmente tentar viver. Abandoa a cidade e não comenta a ninguém para onde vai. Nesse momento Chéri volta de sua viagem e não a encontra. Nesse momento é ele que sentirá um grande vazio e assim conheceremos um pouco mais de seus sentimentos.

O tempo as vezes chega a ser cruel e rude, o desejo por liberdade também. Chéri é um jovem que busca viver intensamente os prazeres da vida. Ao conhecer Léa, sua única preocupação era o presente, mas ao se separarem, a distância dela passou a martirizá-lo de uma forma que nem mesmo ele conseguia compreender, deixando-o confuso.

Ele a ama, a deseja, mas não sabe como agir. Sendo casado não manterá uma relação estável com a esposa, uma jovem que o ama apesar de tudo.  A vida que possuía voltará a ter, ou seja, bebidas e drogas. Toda essa agitação causará um certo desconforto em sua mãe. A busca frenética por ela o levará a sua destruição. Mimado e imaturo, ao mesmo tempo em que ele quer tê-la, tem receio da idade que os separa e da velhice que a acompanha.



Esse não é um filme em que o tempo que os separa os unirá, mas um drama sobre como o tempo pode ser rude tanto para ela, que possui muita experiência na vida, quanto para ele que por ser novo não sabe o quer da vida. Amor, desejo, dor e paixão serão sentimentos vivenciados pelos dois no decorrer da história.

Com uma ambientação digna de uma Paris que respira arte e riqueza, longa do diretor Stephen Frears consegue capturar toda essência desse momento francês. A trilha sonora é gostosa cheia de momentos de tensão principalmente ao final do longa.

A voz em off que guia o começo e o fim é muito bem utilizada pecando apenas por não nos dar o fim que teve Léa. A direção é bela e clássica, segura e dramática e as atuações são o forte do filme.



Michele Pfeiffer está radiante como Léa. Bela e cociente de sua idade, consegue expressar a dor da insegurança e o receio da solidão em seus olhos, o destaque desse filme fica por conta dela mesmo. Um ponto interessante é que desde quando ela voltou a atuar, a maioria de suas personagens tem como tema central a questão da idade e em todos esses papéis conseguiu boas críticas, mostrando que é possível conseguir bons personagens com o passar do tempo.

Kate Bates como a mãe do Chéri está encantadora. Alternando momentos cômicos com dramáticos sua atuação é forte e consistente, mostrando a grandiosidade dessa atriz. O ator que interpreta Chéri faz uma atuação meio confusa, sua expressão não consegue repassar o que ele realmente está sentido.

Chéri é um filme de época, belo como dever ser e clássico como de costume. Conseguiu obter boas críticas pelos festivais em que passou. Um filme cativante que mesmo retratando um período tão distante, ainda consegue expressar questões tão atuais, como a juventude e o tempo, pois afinal, a velhice ainda continua nos causando desconforto e medo.

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