Um filme simples, porém muito bem feito e interessante.
Amor, sexo, desejos, traições, sonhos, desilusões, reencontros e rompimentos estão nesse longa de origem inglesa que tem em seu elenco fortes nomes como Ewan Mc Gregor e Mark Strong e um argumento que apesar de soar batido, consegue obter excelentes resultados.
O drama conta a história de sete casais que se esbarram e se encontram numa tarde num parque. Essas pessoas estão se descobrindo, terminado, se conhecendo, tentando, enfim, vivendo.
O que guia esse longa é como tentamos nos relacionar com o outro e como este é tão importante em nossa vida. Uma amor do passado, uma garota provocante, uma tentativa de ter uma transa, uma namorada de aluguel, o desejo de ter um filho. O longa que a primeira vista pode soar bem provocante dando a entender uma história pra lá de quente, nada tem disso, é uma história sobre pessoas comuns com seus problemas comuns.
A história que se inicia com um casal, é interrompida para nos apresentar outra história e assim consecutivamente. Alguns dramas são fechados ainda no começo, outros são levadas até o final, outros ainda se esbarram com um anterior ou com o seguinte, como se fosse um elo entre todos os personagens.
Como é o caso do jovem que entra na segunda história, faz uma ponta em outras duas e ainda por cima aparece no final. Seu único objetivo é tentar ter uma relação sexual nessa tarde, mas tudo é tão difícil e complicado que ele não consegue dar uma dentro, em falar nisso, esse é o personagem, que apesar de ter seu momento sério, é o alívio cômico do filme. E dessa forma somos apresentados a todos os sujeitos desse drama.
Alguns casos são delicados, outros engraçados, alguns sensíveis e outros ainda mantém uma certa linha tênue entre o dramático e o hilário, mas ainda conseguem dar ares, peso e estrutura ao filme.
Entre os destaques das histórias, temos a do casal de idosos que por um acaso da vida se encontram num banco do jardim. Ela sempre vai lá as quarta e ele as quinta. Nós não ficamos sabendo quem é que errou, dar a entender que foi ela, mas devido a esse detalhe, descobrimos, ou melhor, eles descobrem, que são antigos amantes que se encontraram algumas vezes e se apaixonaram perdidamente um pelo outro, mas devido a terem suas vidas, resolveram não arriscar e prosseguiram com seus caminhos. Essa é a história mais intensa e delicada do longa.
A maturidade da vida e a voz da experiência dão as cartas. Os diálogo em torno da vista que eles querem ter do parque serve com maestria para a vida: a visão do alto da colina parece ser melhor, mas é somente uma impressão, ela possui a mesma beleza e formosura da de baixo, mas somos nós que criamos expectativas onde não há, ou agregamos ilusão à vida que queremos ter, porém não temos.
O casal gay que possui uma relação aberta, mas sentem que precisam assumir mais responsabilidades nesse compromisso é outra história com peso no filme. Ted (Ewan Mc Gregor) quer adotar uma criança, mas seu parceiro não deseja. No desenrolar da conversa percebemos que Ted tem uma vida bem aberta e por mais que ele queira uma família, seus desejos sempre falarão mais alto e seu parceiro compreende isso. Há amor entre eles, mas não um compromisso de fato por parte de Ted e isso machuca o seu parceiro, apesar dele não demonstrar claramente esse sentimento.
Outra história que também chama a atenção é do homem que se encontra com uma mulher, seguem caminhando e conversando sobre todos os tipos de assuntos. Ele pergunta a ela porque gosta dele, quais os motivos que a levam a ter algum sentimento por ele. O que vemos nesse drama é uma sinceridade incrível entre os dois, um casal consciente e adulto que se dão muito bem, mas tanta perfeição esconde a ilusão de uma vida.
E a história mais engraçada, uma moça briga com seu namorado, ele a deixa, ela fica sozinha prestes a chorar ou gritar de raiva, quando do nada aparece um garoto enchendo a paciência dela. O que se tem depois disso é uma troca de diálogos, ora áspera, ora sensível ou cheia de insinuações e até em certo ponto direta. Vale o drama destes dois pelo roteiro direto, as atuações engraçadas dos dois sujeitos e principalmente dela que vai da frieza a raiva, chegando a uma voz mais terna e o rapaz apenas tentando manter uma conversa com ela. O que ele quer é simples: ele a acha bonita, ela estava mal, ele com tesão, pensou ele, porque não? Talvez um sexo daria certo entre eles.
São com dramas desse tipo e histórias nesse nível que o filme mantém o espectador. No fim, uma frase dita pelo casal de idosos explica tanto acasos no filme: “Como esse parque é grande”. É a vida.
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