domingo, 10 de julho de 2011

Julie & Julia

Simples, prazeroso, divertido, uma comédia mais que gostosa.

A culinária sempre rendeu bons filmes para o cinema. Quem não se lembra da divertida animação Ratatouille ou da deliciosa comédia independente A garçonete.

Nesse sentido caminha esse Julie e Julia. Uma história simples, porém recheada de ótimos momentos, atuações esplêndidas e uma leve trilha sonora, além de uma direção que consegue fazer com que o filme caminhe entre uma comédia suave e prazerosa e um drama consistente e comovente.

Julia Child é uma americana que passou a morar em Paris por causa do trabalho do marido, Paul (Stanley Tucci). Em busca de algo para matar o tempo, ela passa a se interessar por vários assuntos, até que encontra na culinária sua real vocação. De uma mulher que adora comer a uma grande cheff, foram anos de dedicação, mas que valeram à pena, pois se tornou tempos mais tardes numa das grandes cucas nessa área, chegando a apresentar um programa de culinária para a TV e escrever um livro que se tornou referência no meio.

Cinqüenta anos mais tarde Julie Powell está prestes a completar 30 anos e entra numa verdadeira crise, frustrada com a vida que está levando. Em busca de um objetivo, ela resolve fazer e testar as 524 receitas do livro de Julia num prazo de um ano. Ao longo dessa jornada ela irá escrever um blog sobre as receitas e as dificuldades que está tendo.


Com duas histórias reais, a diretora constrói um filme simples, porém muito engraçado e radiante. As duas correm paralelamente, sendo que uma dá gancho a outra. O arco em torno de Julia retrata a sua vida na França, a busca por tentar escrever um livro de culinária francesa para americanas (algo inexistente na época) e posteriormente, suas diversas mudanças de cidades e países devido a trabalho do marido.

Já a historia de Julie se centra apenas em seu objetivo, conseguir cozinhar todas as receitas do livro de Julia, receitas essas nada simples, pois venhamos, desossar um pato não deve ser nada fácil, se já um frango é um trabalho imenso (rsrs, já fiz isso), um pato, nem quero imaginar

Mas além dos pratos franceses excelentes que nos são apresentados, o longa possui uma química, uma liga muito deliciosa. Apesar do filme ser um pouco longo, ele consegue manter um ritmo agradável que faz não percebermos o tempo.


Com atuações magníficas, Julia e Julie se concentra nas duas atrizes para conseguir a sua maior graça. Meryl Streep está radiante como Julia Child, uma americana que se aventura na culinária francesa e tem como sonho e objetivo de vida lançar um livro com as mais altas receitas da culinária gastronômica francesa para a língua norte-americana. Desde suas cenas inicias, ela mostra um ar de simpatia, sua risada ecoa por todos os lados, seu jeito exagerado do mesmo modo que espanta a todos, os conquistam. Por mais que todos lhe falem que isso é simplesmente impossível, ela sorri e com um estilo contagiante segue em frente. Sua atuação é soberana, ela simplesmente rouba todo filme para si.

Amy Adams como Julie Powell está incrível, uma norte-americana que está passando por um momento de crise e que vê nas receitas de Julia e no desafio de fazê-las em um ano, uma forma de confrontar a situação de sua vida, não vencê-la, mas apenas confrontar. Sua atuação é graciosa, singela, divertida e verdadeira

As ações que regem a história de Julie são mais interessantes dos que as Streep, mas ainda não conseguem a vibração dela, devido a presença mais do que forte dessa atriz, que além de contar com um ótimo carisma, tem como elenco de apoio Stanley Tucci, numa atuação discreta e formidável e também a excelente Jane Lynch, a Sue do seriado Glee, com irmã de Julia, as duas juntas são uma figura.



Tanto uma quanto a outra dessas Juli, têm uma jornada a seguir. Seus caminhos não se cruzam, mas a forma como a diretora guia a história é muito boa. Nora Ephron é uma diretora com filmes regulares. Suas duas comédias românticas Mensagem para você e Feiticeira foram boas, entretanto faltava algo a elas, um ingrediente que as deixa-se não apenas boas, mas também interessantes. E é esse algo que a diretora consegue colocar nesse novo longa. Uma simplicidade guia o filme, ele não possui grandes ambições, há cenas cômicas, mas também há momentos em que se percebe um pequeno drama profundo e coeso que chega ao existencial.

A maneira como a história de Julie é desenvolvida é muito boa, a atriz consegue nos passar as dúvidas desta personagem e a pressão que ela mesmo cobra sobre ela para ter algo na vida que seja de valor.

A insistência de Julia em continuar a gastronomia francesa não a impedem de apoiar o marido num momento pelo qual ele está passando que é um dos mais delicados. Além do mais também, há também a questão dela não poder ter filhos, fato esse que se percebe apenas pelos olhares e circunstâncias de dor dos dois. Essa informação não foi bem trabalhada pela diretora, que resolveu citar por meio de duas cenas muito marcantes.

Todas essas questões e inquietudes são transmitidas com competência pelas mãos da diretora e com uma ajuda maravilhosa graças ao trabalho extraordinário dessas duas grandes atrizes. Um drama terno, com bons momentos, está certo que ele é um pouco longo demais, mas seu desfecho compensa. Enfim, assim é Julie e Julia, um filme que literalmente dá água na boca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário