Germain Chazes (Gérard Depardieu) é um homem simples, grande e meio sem jeito com tudo o que lhe cerca. Tem uma relação conturbada com a mãe, baseada em brigas e um passado não muito agradável. Sem saber muito se expressar, acaba sendo sempre enganado pelos outros. Trabalha com a venda de verduras e não possui praticamente nenhuma ambição na vida. Tem uma relacionamento com Annette (Sophie Guillemim), ela deseja ter um filho, mas ele não, acha que não será um bom pai, nem ler direito sabe, quanto mais ensinar algo para alguém.
Numa de suas visitas ao parque, ele conhece a simpática Margueritte (Gisèle Casadeus). Uma senhora aparentemente frágil e sozinha. Depois de algumas poucas conversas, ficamos sabendo que ela mora ali perto, num asilo. Seu sobrinho que a mantém lá com todas as despesas do local, mas com a visita dele ela não pode contar. Porém mesmo vivendo sempre sozinha ela não se sente solitária, já que seus livros a fazem companhia. É nessa amizade entre esses dois que o filme irá focar e trabalhar.
Germain a partir desses encontros, resolve se voltar novamente para a leitura, algo que ele deixou há anos. É nesse meio tempo que conhecemos o seu passado, quando ainda era criança e as constantes humilhações que sofrera, devido a sua dificuldade para aprender, tanto pelos professores, quanto pela sua mãe que o desprezava a qualquer momento. Já com Margueritte, não conhecemos muito do seu passado, apenas o que acontecerá a ela num futuro próximo, fato esse que fará com que Germain busque novamente aprender e se esforçar para ler com perfeição.
No longa, há alguns recursos excelentes que conferem um toque a mais ao drama, como nas cenas em que vemos a imaginação de Germain se projetar tentando compreender os textos que são lidos por Margueritte. Literalmente ele imagina o texto como é lido, sem se apegar as passagens metafóricas ou simbólicas. No começo ele não entende o que aqueles escritos querem dizer, somente ao pouco, sua mente vai se abrindo a esse conhecimento. Mas o filme aqui não quer necessariamente trabalhar com essa mudança de comportamento por meio da leitura na vida de Germain, mas focar nessa amizade verdadeira e singela entre essas duas vidas.
O drama é simples em seu roteiro, não há mais nada de grande nessa história, apenas a amizade entre eles, mas a forma como ela é guiada e direcionada fazem toda diferença. Os dois atores estão muito bem em seus papéis. Eles encantam e dão carisma e sinceridade a cada palavra e atitude. Eles, sem a menor sombra de dúvida, carregam o filme nas costas.
Minhas tardes com Marguirette não vai além disso, mas é uma experiência gostosa e cativante. É por meio de sua simplicidade que somos conquistados.
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