quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O primeiro que disse


Homossexualismo é trabalhado de forma leve e despretensiosa, porém com seriedade e honestidade.
Tommaso (Ricardo Scamarcio) é o caçula da tradicional família Cantone, proprietária de uma fábrica de massas de macarrão do sul da Itália. Morando em Roma com o namorado e tentando emplacar um livro, ele resolve retornar à sua casa para assumir sua sexualidade perante a sua família, pra assim poder viver a vida que tanto deseja.
Tudo vai como o planejado, o problema é que antes dele revelar essa verdade, Antônio (Alessano Preziosi), seu irmão mais velho, toma a dianteira e se assume gay. O pai deles, Vincenzo Cantone (Ennio Fantastichini), não aceita esse fato e o expulsa de casa e da empresa da família em que trabalha, para depois ter um enfarte. Tommaso não sabendo o que fazer, fica na retaguarda e em silêncio. A pedido do pai, assume os negócios da família, mesmo a contra gosto e vê a chance de poder contar aos seus pais que é gay cada vez mais distante da realidade.
É com essa comédia bem agridoce que o diretor abordar essa difícil missão: a aceitação por parte da família. Aqui no caso, a situação só tende a ficar mais negra pro lado de Tommaso. Seu pai não aceita o filho gay, sua mãe não entende em que pontos eles erraram. Sua tia fica em choque, a irmã apenas confirma o que já sabia e a avó, é a única que aceita a situação toda.

Ele, a cada dia, se prende a essa vida que não queria ter, mas sabe o peso de se assumir neste momento, então ele mantém a seriedade. Mas com a chegada de alguns amigos de Roma que vieram junto de seu namorado para visitá-lo, sua situação se complicará ainda mais, já que estes são super discretos.
O filme tem uma mistura super agradável entre a comédia e o drama. Há o momento cômico da história e elas acontecem com mais impacto na chegada dos amigos de Tommaso a casa de sua família. Eles simplesmente roubam a cena com seus trejeitos e com suas tentativas de se passaram por homens hétero e sérios, mas que sempre dão uma bola fora. Esse é o lado mais divertido do filme, pena que eles aparecem somente ao final, se tivesse entrado antes, renderia cenas ainda mais engraçadas, dando mais leveza a esse tema tão delicado.
Porém o longa também tem uma linha dramática quando o momento pede e é a trilha sonora com um instrumental muito bonito que dá essa mostra. Há na tela a dificuldade por parte do nosso protagonista em contar um assunto tão delicado, que não envolve apenas ele, mas toda a sua família e a difícil aceitação dos pais dele em assumir a homossexualidade do filho mais velho. O que há ali é a falta de conhecimento, talvez tolerância ou uma tentativa de compreender o que outro sente.


Há dentro do filme uma história paralela acontecendo, dando a entender que essas ações ocorrem no passado e tem ligação com avó de Tommaso, a matriarca da família. É por meio da resolução da história dela é que podemos compreender a aceitação que ela tem com relação aos seus netos. É errando e enfrentando a todos que se vive e se busca a felicidade.
O filme é leve, não força o tema e o trata com muita suavidade. Talvez por isso seja tão honesto é divertido. No elenco, Ricardo Scamarcio encarna Tommaso. Uma atitude um tanto corajosa, já que ele é considerado na Itália o grande galã do momento, algo como Cauã Reymond ou Bruno Gagliasso por aqui ou até mesmo Thiago Lacerda. Em falar em elenco, todos estão muito bons. A trilha é gostosa, ótimas canções. A tiradas cômicas são certeiras e o drama envolvendo cada personagem é terno e muito comovente. É percebível claramente uma solidão em Luciana (Elena Sofia Ricci), um amor não correspondido por parte de Alba (Nicole Grimaudo) com relação a Tommaso e por assim em diante.
O primeiro que disse é hilariante, divertido, um tanto reflexivo e um tanto intenso na medida em que o drama pede.  


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