segunda-feira, 25 de abril de 2011

True Blood


True Blood, ousada, sensual e diferente. Nunca uma história sobre vampiros foi tão sedutora, desde o excelente Entrevista com um vampiro
Vampiros suscitam o imaginário de muitos. Dotados (as) de força, beleza, sensualidade e tantas outras qualidades, eles atraem para si a atenção de vários. Em cada obra lançada sobre essas criaturas, ideias são levantadas, outras são retiradas, mas algo em comum todas tem: são criaturas fascinantes. Dentre as muitas obras lançadas para o cinema e uma febre que começou há poucos anos devido a saga Crepúsculo, que tem lá suas qualidades, uma série tem conquistado a admiração de muitos: True Blood, baseada na série de livros Southern Vampires da americana Charlaine Harris.
Numa época em que os japoneses conseguiram criar um sangue sintético capaz de substituir o sangue humano, vampiros que antes se alimentavam de humanos, puderam então sair das sombras para mostrar sua identidade à sociedade. Mas a convivência entre humanos e vampiros não será assim nada fácil. Colocados sempre como criaturas obscuras, os chamados vilões da história, aqui eles continuam sanguinários, mas deixaram de serem tão maus. Dotados de complexidade, eles são como os homens, estão entre o bem e o mal, ou melhor, entre o certo e o errado.  



Sookie é uma garota que tem a capacidade de ouvir pensamentos. Todos na cidade ou sabem disso ou desconfiam. Curiosa e meio inocente, numa noite acaba conhecendo e salvando de uns caçadores o vampiro Bill. Novo na cidade, Bom Temps, ele encontra nessa garçonete uma amizade e algo mais.
Ela tem um irmão, Jason, uma figura que só pensa em sexo, no decorrer da história a ele será atribuída as cenas mais quentes e cômicas da temporada. Ele e Sookie não se dão muito bem, devido a ele ser em alguns momentos irresponsável, mas os dois possui uma ligação muito forte, de proteção mútua.

Tara, melhor amiga de Sookie, é respondona, não tem papas na língua, sua mãe é uma mulher que vive bêbada, sem dar a mínima atenção a ela. Ela tem na Sookie uma irmã e no Jason, uma grande paixão não correspondida. Sua personagem na primeira temporada é engraçada e ousada, se envolverá com Sam, apenas por sexo e para não ficar tão só, mas perderá um pouco a graça na segunda com a chegada de Maryan.
Lafayate, que é o cozinheiro do restaurante e vende por fora sangue de vampiro, é primo de Tara e amigo de Sookie. Ele é homossexual assumido e por esse motivo não leva desaforo para casa. Entra em brigas para defender sua opção e sua prima que ele tem como irmã. Sam, o chefe do restaurante, sente uma atração por Sookie, mas se envolverá com Tara. Ele tem muitos segredos guardados a sete chave que será revelado aos poucos. Nesse universo o que mais aparecerão são criaturas bizarras e eloqüentes.



Bill pertence a ala “mal” da história. Misterioso, ninguém sabe o motivo de ter chego a cidade. Ele afirma que era para apenas rever sua cidade natal, já que ele era de lá, antes de entrar na Guerra Civil. Rapidamente se envolverá com Sookie, com ela terá as cenas mais fortes de sexo e sangue. Muito ligado a ela, tentará protegê-la de todas as formas. Mas sua relação não se deu de forma natural, no primeiro episodio ela é espancada e fica muito ferida, sendo assim ele dá do seu sangue para ela se recuperar, mesmo sabendo que a pessoa que toma do sangue de um vampiro, passa a ter uma ligação mental e carnal muito forte com este.
Erick é outro vampiro que surge na história. Sensual e perigoso, ele não tem a ideia fascinante de se envolver com a sociedade. Para ele, se alimentar de humanos é uma característica dele que ele não largará. Na primeira temporada ele não tem muita importância ou participação, mas na segunda será um dos grandes personagens. Dará de seu sangue para Sookie por motivos óbvios, criar uma relação com ela. Se envolverá com Lafayate apenas para tentar conhecê-la melhor e trará a vampira que matou e vampirizou Bill para abalar a relação de Bill e Sookie. Sempre negando que não tem nenhum sentimento para com ela, ele formará juntamente com Bill um triângulo amoroso perigoso.
Outros personagens vão ganhando destaque com o decorrer das histórias. Entre eles a vampira Pam, fiel a Erick e muito sexy, sempre estará por traz das armações do chefe. Jéssica, uma vampira adolescente com os hormônios a flor da pele, terá dificuldades de lhe lidar com a ideia de ser uma vampira e Hot, amigo de Jason, se envolverá com Jessica formando um dos casais mais engraçados e simpáticos de True Blood.

Com um tom gótico, abusando de cenas sensuais beirando filmes eróticos e histórias bizarras com direito a uma cena marcante de uma transa num cemitério e uma abertura eloquente ao som de música mais do que gostosa,  a série com direção do aclamado diretor e roteirista Allam Ball, premiado com um Oscar por melhor roteiro original por Beleza Americana e adorado pela crítica pela série A sete palmos, True Blood mergulha profundo nos costumes sulistas de um Estados Unidos conservador, religioso e fanático.
Nesta pequena cidade onde se passa a história, todos sabem sobre todos.Sempre muito religiosos, mas que vivem da mais alta e possível hipocrisia. Nesse cenário conturbado, temas como preconceito, homossexualismo, vícios, fanatismo e religião serão mostradas, trabalhos e usados como metáforas para histórias vampirescas. 



Se na primeira temporada tivemos como temática o preconceito contra o diferente e um assassino frio e doente movido por um forte ódio, na segunda a palavra central foi a fé. A fé é cega e pode nos levar a cometer loucura. Por meio da fé que houve várias mortes inocentes e que Maryan, a vilã desta temporada, se tornou uma figura poderosa.

No segundo ano, a história foi dividia em duas linhas: Maryan e sua chegada à Bon Temps trazendo desarmonia, loucuras e mostrando o pior e o melhor do homem e um arco envolvendo o vampiro Godric. 
Com Maryan houve a desarmonia nesta pequena cidade. Sendo vilã, ela conseguiu ser carismática e engraçada, seu único desejo é fazer com que os homens vivam seus amores e pensamentos mais escuros e desejos mais reprimistes. Já a história envolvendo Godric mostrará como a fé pode ser perigosa, fazendo com que atos sejam cometidos. Destaque o episódio Eu vou subir
O poder nos corrompe, a raiva nos consome, a vingança gera graves consquencias, a dor pode nos fortalecer, como pode nos levar ao mais profundo abismo. Esses vampiros são a soma de nossos medos e desejos mais profundos. Eles simbolizam o que no fundo queremos: vida eterna, prazeres, poder e força. Mas também eles tem em sua essência o que somos: nossas fraquezas, ambição, amargura e o medo da solidão, da eternidade, do vazio e da busca incessante por se compreender.
 Com relação às questões técnicas, a série tem uma estrutura impecável, com uma ótima fotografia, excelentes tomadas e planos, fazendo sempre um contrabalanço entre as sombras e a claridade. A trilha sonora é soberba e o elenco ótimo. No roteiro, excelentes tiradas, jogos de palavras, indiretas e insinuações. O humor negro é refinado e os atores se esbaldam nas referências e piadas.
Sangue é o que mais se tem, além de cenas quentes, muito quentes como as de Bill e Lorena numa transa nada comum e Erick com sua empregada Yveta, no começo da da 3ª temporada, mas também há momentos doces e simpáticos, enfim, leves com os mais bacanas da série, Jéssica e Hoyte em suas eternas brigas e desentendimentos.
True Blood é quente, intensa e subjetiva, pois pode ser vista como uma sátira, algo que não se deve levar nada a sério, mas também como uma metáfora sobre a vida e os desejos que nos matém. A morte sempre está presente, seja pelas que acontecem, ou na própria figura que são os vampiros. No fim, ainda o que fica é um grande temor com relação à morte, algo desconhecido, ao que não compreendemos.
A série foi duas vezes indicadas ao Globo de Ouro anos 2009 e 2010 nas categorias melhor atriz (Ana Paquin) e melhor série dramática, sendo que Ana Paquin levou a o premio no ano de 2009. A série teve varias outras indicações entre ela ao Emmy na categoria melhor abertura. 

 

Um comentário: