Com belas atuações, longa retrata de forma convincente a vida em suas interrogações, os elos que ligam uma família e como é difícil tomarmos a decisão correta em nossas ações.
Bom, a primeira vez que assisti a esse filme, foi numa madrugada no SBT. Acordei, numa daquelas noites em que o sono nunca bate a porta, então liguei a televisão. Fico impressionado em ver quantos filmes bons passam nesse horário. Já cheguei a assistir até Kensey – vamos falar de sexo e As horas, mas isso não vem ao caso. Voltando ao filme, como já estava quase no fim, apenas ficou gravado o nome do longa, o elenco e o belo desfecho da história. No outro dia, comecei a buscar informações desse filme, até que consegui encontrá-lo em uma locadora do centro da minha cidade que vendeu o DVD, a locadora no caso, ia fechar. Filmes independentes são bons, porém são difíceis de conseguir, até mesmo na net.
Dirigido por Kenneth Lonergan com Laura Linney, Marck Ruffalo e Matthew Broderick no elenco, Conte Comigo conta a história de dois irmãos Sammy (Linney) e Terry (Ruffalo) que quando crianças perdem seus pais em um fatal acidente de carro, após crescerem cada um segue caminhos diferentes. Enquanto Terry resolve sair da cidade e construir a vida em qualquer outro lugar, até mesmo no Alaska, Sammy permanece em sua casa, em sua cidade. Ela engravida, cria seu filho sem ajuda do pai e leva uma vida tranqüila, trabalha em um banco, tem um relacionamento sério com Bob (Jon Tenney), mas tudo muda até receber o recado do irmão que por motivos que não quer revelar resolve voltar para casa.
O longa mostra essa história de forma muito gostosa. A trilha é envolvente, não é marcante, mas também não decepciona, entra no momento certo e sai na hora exata. A direção é boa, mas o que mais chama a atenção para esse filme são seus personagens. Terry é um cara que já errou muito na vida e continua errando, imaturo, rebelde, age sem pensar e apenas pelos sentimentos, até o filho de Sammy é mais responsável que ele. Leva o garoto para jogar sinuca no bar sem o consentimento de Sammy, que é a mãe, esquece de pegá-lo no colégio num dia de forte chuva, o incentiva a conhece seu pai. Essas ações fazem com que esses dois irmãos se desentendam.
Já Sammy é mais razão, por ser tão responsável, acaba em muitos momentos se sentido sufocada. Mas algumas coisas mudam com a chegada de um novo gerente no banco em que trabalha, pois o que começa com inúmeras brigas, torna-se num caso apenas envolvendo sexo, que a deixa ainda mais perdida em sua vida. Zelando pela proteção do seu filho, vendo seu irmão causar um inferno em sua vida e na do garoto e por fim tendo um caso com o chefe, faz com que ela simplesmente se desmorone, não conseguindo achar a solução para todos esses problemas. O que resolver primeiro, como, mas porque não continuar assim? Pensa ela. Mas apesar de todos esses problemas, ela se sente bem ao lado do seu irmão e o mesmo sente ele.
Um filme que fala sobre família, não de forma dramatizada, mas leve. O que é bacana no longa e que o diretor deixa bem claro são os seus personagens e a forma como estes encaram os problemas que aparecem na vida. Nada é resolvido facilmente, nenhum drama surge do nada, tudo é gradual e vai se tornando numa bola de neve aos poucos. Um drama que não tem pretensões, mas que em sua simplicidade acaba sendo favorecido.
Foi indicado ao Oscar de melhor roteiro original e melhor atriz para Laura Linney. Duas indicações merecidas, pois o roteiro é inteligente e a atuação dela é simplesmente encantadora. Sem nenhum Oscar no currículo, mas com várias indicações, Linney mostra que é uma atriz competente, sem precisar se lançar em grandes produções. Seus trabalhos se focam em produções independentes, seus personagens são como este: fortes, complexos e intrigantes. Um filme simples, porém belo.
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