Um filme que particularmente gostei bastante. A história do julgamento de uma obra que influenciou jovens e despertou uma geração e provocou revoltas nos mais moralistas e conservadores.
Howl, um drama divido em várias linhas narrativas, aborda a vida de Allen Ginsberg (James Franco) no momento em que criou a sua obra mais importante, o poema Howl, uma profunda declaração de seus sentimentos regadas por fortes passagens com termos ousados e pornográficos que retratava a visão de um jovem em suas viagens.
O poema, conjuntamente de outras obras, entre elas On the Road (Pé na estrada), marcou fortemente a literatura, sendo até conhecida até os dias atuais como a geração beatnik. Porém, esse poema, repleto de palavras obscenas, sofreu um processo nos Estados Unidos, devido ao seu conteúdo abusivo, sendo quase proibido a sua edição no país. É sobre esse fato que o filme trata, mas não apenas isso, por meio dessa história, o longa faz uma homenagem a esse poema e reconta a vida desse autor e dessa geração, com seus estilos, pensamentos e desejos.
A linha narrativa se divide em três momentos que se intercalam constantemente. A primeira é iniciada por meio de uma entrevista em que Ginsberg conta detalhes de sua vida a um jornalista. Por meio dessa narração, conhecemos a vida deste autor do momento em que ele entra na universidade, onde conhece seus primeiros amigos que o marcarão fortemente, até a escrita desse poema.
Por sua vida passam diversas pessoas e também amores, sendo ele homossexual, tem uma fraqueza em se interessar pelos seus amigos que são heterossexuais, nesse sentido, aparecem em sua vida três jovens que serão de grande importância para a sua escrita Jack Kerouac, que o influenciou fortemente, Neal Cassady, por quem desenvolveu uma forte paixão e Peter Orlovsky, seu companheiro de longa data.
A segunda linha é o processo em si que está sendo realizado. Na defesa, um advogado que tentará convencer o juiz da importância da obra e do seu real valor e na acusação outro usará todos os argumentos possíveis para mostrar como o livro não se enquadra no gênero literatura e que é apenas um amontoado de palavras desvairadas sem nexo cheia de conotações pornográficas.
E por fim, a terceira linha narrativa é a declamação pela primeira vez deste poema pelo próprio autor no ano de 1955 em São Francisco, junto de vários amigos, marcando assim a primeira manifestação pública do Movimento Beat, e para tentar representar as ideias contidas nas linhas deste poema, o longa mostra uma série de desenhos surrealistas do ilustrador Eric Drooker, que caminha conforme a declamação do texto de Ginsberg.
O longa tem seu maior trunfo na entrega total de seu elenco e na direção ousada e gostosa. Seus personagens são profundos, a história contada é cativante e comovente e o longa consegue obter uma bela proeza que é repassar todos aqueles sentimentos despertados pela literatura, por meio de suas imagens, seja pelas cenas em preto e branco mostrando um jovem em busca de suas realizações pessoais e de se entender consigo mesmo ou dos desenhos hilários mostrados no decorrer do filme que são sensíveis, loucos e divertidos ao mesmo tempo, conseguindo assim, retratar esse poema tão emblemático.
Por meio dessas histórias, conhecemos um pouco melhor a pessoa que criou tal obra e quais foram os sentimentos despertados nele para criar esse poema. Talvez uma falha do filme, do roteiro no caso, esteja no fato dele não aprofundar os relacionamentos do autor com seus amigos mostrados no longa.
Todos são apresentados com certo trabalho e sensibilidade, mas nenhum com muito aprofundamento, outro erro foi em mostrar um Ginsberg sem falhas, muito didático. A relação com seu último namorado era aberta, mas isso não foi visto no longa, apenas comentado em texto ao final do drama e seria legal colocar essa informação dentro do filme, pois essa era uma característica do autor, de sua vida e que de certa forma, estavam refletidas em seus textos.
Todos são apresentados com certo trabalho e sensibilidade, mas nenhum com muito aprofundamento, outro erro foi em mostrar um Ginsberg sem falhas, muito didático. A relação com seu último namorado era aberta, mas isso não foi visto no longa, apenas comentado em texto ao final do drama e seria legal colocar essa informação dentro do filme, pois essa era uma característica do autor, de sua vida e que de certa forma, estavam refletidas em seus textos.
Mas apesar destes detalhes, o filme tem ótimos pontos positivos. Franco está formidável como Ginsberg, numa entrega total do ator em que até o tom da voz está ótima. O elenco de apoio também é composto por grandes nomes em boas atuações, Jown Harran como o advogado da defesa, apesar de aparecer em poucas cenas, estava bem seguro, os especialistas chamados para compor sua opinião sobre a obra também, Jeff Danils, como sempre, obtém uma pequena participação, porém boa e interessante.
Outro fator legal é a direção que mistura um estilo documentário, nas cenas em que Ginsberg concede uma entrevista retratando sua vida, ficção, nos momentos em que acompanhamos a vida dele, ainda na universidade, numa bela fotografia em preto e branco, reconstituindo fatos reais, e muita ousadia, ao colocar ilustrações para expressar e representar as ideias do poemas.
Outro fator legal é a direção que mistura um estilo documentário, nas cenas em que Ginsberg concede uma entrevista retratando sua vida, ficção, nos momentos em que acompanhamos a vida dele, ainda na universidade, numa bela fotografia em preto e branco, reconstituindo fatos reais, e muita ousadia, ao colocar ilustrações para expressar e representar as ideias do poemas.
A três linhas caminham juntas, porém, uma passa a ter mais peso sobre a outra, pessoalmente considero a mais interessante a da vida do autor, rodada em preto e branco, seguida por declarações do autor sobre esses momentos, as cenas em que ele declama o texto também ficaram muito bacanas. Nela, todo o texto é lido de uma forma tão incrível, forte e extrema pelo ator, é essas cenas as mais cheias de sentimentos e por fim, a cena da audiência, da um tom importante ao filme, devido ao debate que se lança sobre a obra ser considerada uma literatura ou não, e se ela é de importância para o contexto social. Uma frase dita nessa cena marca bem o filme e explica muito, se esse livro seria importante ou não, o fato de estar sendo censurado e julgado já fez dela emblemática, a ponto de entrar para a história, como de fato aconteceu.
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