quarta-feira, 23 de março de 2011

O abrigo

Shelter, ou “O abrigo” em português, é um suspense psicológico, que apesar dos inúmeros clichês, consegue ter uma boa história, drama e o principal, um final coerente e que não apela pra redenção de seus personagens.
Julianne Moore é Cara, uma psicóloga determinada a provar a inexistência de dupla personalidade. Ela trabalha averiguando e analisando diversos casos de assassinos que para tentarem escapar da pena de morte alegam esse fato. Sendo assim, ela consegue provar que este argumento não existe, levando os suspeitos a serem condenados. Apesar de se fixar na ideia de não aceitar o conceito desses assassinos, ela sente um peso por essas mortes e isso fica claro no começo do filme, quando após dar sua opinião profissional em torno de um caso e ele ser condenado.
Mas seu pai a apresenta a um homem que diz ter esse problema, ou melhor, aparenta ter. No começo, ela acha bobagem, mais um homem tentando alegar algo que não existe, em sua opinião, porém, com o desenrolar da história, ela percebe que há algo muito maior por de traz daquele sujeito, a levando a trilhar um caminho perigoso, em que possíveis barreiras serão quebradas.



Jonatham Rhys Meyers, o Henrique da série “Os Tudors” é Adam, o paciente que transparece ter não apenas duas personalidades, mas diversas, mostrando a Cara que seus argumentos são irreais. Passa a passo, quando ela cria novas teorias para quebrar a ideia em torno deste paciente, ele apresenta novos argumentos que a levam a questionar seus valores. Apesar de  Cara ser uma mulher que se apega a ciência para a explicação dos fatos, ela ainda não deixa de crer em Deus, mesmo sabendo que certas teorias podem ser compreendidas e alguns mistérios que cercam a mente humana desvendados.
O filme que começa com uma premissa de drama psicológico, tipo “A identidade”, se revela no decorrer da história como algo correlacionado com certas crenças, folclores, misticismos que estão ligados a religião é fé. O drama, como dito anteriormente, apesar de ser bem clichê e ter aquelas velhas fórmulas para assustar, consegue manter uma boa trama, tendo momentos únicos, situações desconexas e um final interessante.



A trilha sonora no filme é casual, normal, simples. Composta por um instrumental pesado e leve, angustiante, tenso, introspectivo e denso, ela consegue nos impactar, causar tensão nos preparar para o que veremos a seguir. O problema é que ela nos prepara tão bem que quando vem a cena, já não estamos mais surpresos.
A fotografia do longa, em alguns momentos, consegue nos dar ótimos planos. Prevalecendo cores escuras como o azul, cinza e tonalidades nesse meio, sempre cintilantes, com um visual sombrio, porém bem iluminado, o longa apresenta momentos únicos de beleza, como na cena em que Cara está num celeiro e há diversos papéis e folhas de partituras. A cena muito bem fotografada, capturada com um bom plano e fazendo um contra campo com o vermelho da roupa dela, nos dá a entender vários significados, dentre eles, hum, por qual motivo, aquele vermelho se sobressaiu, pois me recuso a aceitar que o diretor o usou apenas por achar que ficaria bonito na cena. As paisagens são também outro forte do filme, destaque para as florestas.



O elenco está muito bem, Julianne Moore, como em vários papéis ultimamente, consegue imprimir uma atuação séria, pesada, consistente, porém ao mesmo tempo, delicada e suave, ela simplesmente leva o filme. Uma protagonista com presença. Meyers também está bem no papel, apesar deste personagem exigir muito dele, ele consegue mostrar apenas com o tom da voz e expressão facial, as diversas diferenças em cada personalidade distinta.
O roteiro do filme é correto, bem amarrado e coerente. Apesar de no meio do longa, percebermos onde chegaremos e o que virá a seguir, ele consegue ficar bem coeso com todos os fatos apresentado no decorrer do drama. O único porém que fica são duas questões que não compreendi. A primeira é o motivo e a segunda está ligada a questão do tempo, como essa não o afetou. Isso não fica claro com exatidão.
O abrigo é um bom drama, com pitadas de suspense psicológico, que beira os segredos além dessa vida, que consegue fazer uma junção quase perfeita destes dois temas. O filme ainda não foi lançado no Brasil, nos cinemas no caso, mas não sei por qual motivo, pois tem tudo para obter uma boa bilheteria. Um bom e conhecido elenco (Morre e Meyers), uma boa direção, uma história bem contada e um final interessante. 




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