sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ao entardecer



Um filme sobre memórias. Sobre lembranças e escolhas que fazemos em nossa vida. Sobre uma pergunta que sempre vem a tona em nossas mentes: somos ou fomos felizes em nossa vida?

Ann Lord (Vanessa Redgrave) decide revelar às suas filhas Constance (Natasha Richardson) e Nina (Toni Collette) um segredo há muito guardado: que amou um homem chamado Harris (Patrick Burton) mais do que tudo em sua vida. Desnorteadas, as irmãs passam a analisar a vida da mãe e delas mesmas a fim de descobrir quem é Harris. Enquanto isso Ann relembra um final de semana ocorrido 50 anos antes, quando veio de Nova York para ser a madrinha de casamento de sua melhor amiga da escola, Lila (Mamie Gummer). Lá ela conhece Harris Arden, amigo íntimo da família de Lila, por quem Ann se apaixona.

Com uma fotografia exuberante e uma bela trilha sonora, somos guiados por lembranças ora marcados pela razão, ora pelos delírios, pelos pensamentos de Ann em seu leito de morte. Algumas cenas são simplesmente marcantes, outras desnecessárias. Mas no geral um belo filme.




Dirigido por Lajos Koltai, com roteiro de Susan Minot e Michael Cunningham, Ao entardecer reúne um grande elenco de mulheres em que elas roubam a cena. Koltai é um experiente diretor de fotografia, nesse filme ele utiliza todo o seu conhecimento, pois a fotografia é bela e exuberante, marcado muito por tons dourados. A trilha é leve e gostosa, destaque para a música Time life time e os instrumentais que abrem o filme que é extremamente bela.

Aliás, a abertura é uma das melhores cenas, tanto por sua carga literária, quanto pelas imagens. Nesse sentido, a parte técnica do filme se saiu muito bem, apenas a direção e roteiro que houve aparente certos erros. Uma falta de diálogo é percebível durante o filme, talvez seja uma dos erros que faça com que o filme não consiga caminhar. A direção peca em certos momentos, como em alguns delírios que não necessitavam ser mostrados.

Mas sem a menor sombra de dúvida, a atuação dos atores é um dos triunfos do filme. Vanessa Redgrave como Ann em seu leito de morte é de uma sensibilidade muito forte, Claire Danes interpretando Ann em sua juventude mostra toda a delicadeza, força e angústia de sua personagem, Glen Close, apesar de ter poucas cenas fortes, quando entra em cena, consegue roubar todas as atenções, Toni Collette como a filha que não consegue compreender a mãe mostra que é uma atriz competente com capacidade de ter papéis mais densos e por fim Meryl Streep, mesmo aparecendo pouco no longa, interpreta juntamente com Vanessa uma das cenas mais belas do filme.

Um ponto interessante na história é a relação de Buddy (Hugh Dancy) com seu amigo Harris, chegando a ter até um beijo acidental entre eles, dando a entender uma relação homossexual entre esses personagens. Se houve algo entre eles, não fica claro, mas que Buddy, apesar de gostar de Ann, tem uma forte ligação com Harris, chegando ao homossexualismo é meio que nítido.

Enfim, um filme que apesar de suas falhas tem muitos pontos positivos que faz com que mereça ser visto. Um longa que nos traz essa dúvida sobre as escolhas da vida, arrependimentos e sobre conquistas. Se Ann foi ou não realmente feliz em vida o longa não respondi, apenas nos mostra que a dor do arrependimento pode nos perseguir em todos os momentos de nossa vida e que escolhas tende a ter essas conseqüências: a sempre pensarmos que o se eu tivesse poderia ser melhor do que está agora.

Fica nesse longa também uma das ultimas atuações da atriz Natasha Richardson, em seu primeira trabalho ao lado de sua mãe Vanessa Redgrave. Ela faleceu em 2009, após um acidente.

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