quinta-feira, 5 de maio de 2011

O refúgio


Um drama sobre a dor, sobre como tentar superá-la ou apenas aceitá-la. Uma história sobre seguir adiante.

Mousse e seu namorado, Louis, são viciados em heroína, mas os dois têm uma overdose. Ela entra em coma, ele morre. Nos hospital, após acordar, ela recebe a notícia que seu namorado faleceu e que ela está grávida.

A mãe do rapaz pede que ela não prossiga com a gravidez, porém ela não a ouve e resolve ter o bebê. Mousse então se muda para uma casa de praia e lá permanece durante toda a gravidez. Esse é o refúgio do que o filme fala. Após alguns meses, ela recebe a visita de Paul, irmão de Louis, que resolveu passar um tempo com ela. Os dois são visivelmente opostos, não se conhecem e nem querem de início, mas com o decorrer dos dias, esse convívio trará mudanças para esses personagens.

Com um belo filme repleto de silêncios, onde o que predomina são os ruídos, longa consegue penetrar profundamente nesses dois jovens, revelando seus sentimentos, pensamentos e receios.


sabelle Carré, a bela loira de Medos privados em lugares públicos, se entrega a uma personagem densa, complexa, marcada pela dor e pelo luto, devido a morte repentina e acidental de seu namorado e que vê na continuação dessa gravidez, uma forma de ter Louis ainda vivo dentro e perto dela. Paul é um homem sério, homossexual, que tinha no irmão um amigo e uma pessoa que ele realmente considerava. Sua morte também o marcou fortemente, fazendo com que ele fosse até Mousse para conhece - lá melhor.

O filme não tem muita ação, tudo se passa lentamente. De forma calma e passiva, vamos conhecendo melhor cada um desses dois personagens. Toda a estrutura do filme soa para que isso aconteça da maneira mais delicada possível.

A iluminação que se prende a natural, mostrando sempre de forma leve e singela as feições dos dois, a fotografia, sempre contemplando belas paisagens, marcada por um grande e forte sossego. A trilha envolvente e gostosa que ajuda a dar mais intimidade aos sentimentos de Paul e Mousse, sendo que em alguns momentos, ganha a presença um instrumental que nos leva a uma ligeira tristeza e angústia, seguida por uma amargura. Outro destaque da trilha que dá mais brilho ao filme é a música cantada por Paul a certa altura do filme. A canção composta exclusivamente para o longa, apresenta uma bela letra, terna e sensível. Todos esses detalhes conferem mais densidade a esse filme tão intimista e introspectivo, que tem como meta apenas fazer uma análise de seus personagens em momentos de dor e alegria.


 
A direção é de François Ozon. Um diretor que vem trilhando um caminho bem bacana. Seus trabalhos estão focados sempre nas mesmas questões, mas sempre de forma brilhante e comovente, que sempre tende a acrescentar mais ao cinema. É dele os belos filmes O amor em cinco tempo, um drama sobre o fim de um relacionamento contado de uma forma muito interessante e bela e também o terno O tempo que mês resta.

O final é comovente, não se prende ao clichê ou busca uma saída simples e fácil para essa história. Um filme belo e delicado que merece ser visto várias vezes, pois a cada conferida é possível perceber nuances que apenas enriquecem mais a história.

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