terça-feira, 24 de maio de 2011

O último mestre do Ar

O grande defeito desse filme talvez seja o seu diretor, pois não pode ter outra explicação, como um filme simplesmente bom tenha sido tão massacrado pela crítica? A aparente ideia que tenho após ler diversas opiniões a respeito desse filme é que mais julgaram o diretor frente ao longa, do que a película em si, ou seja, devido a ele ter feito o sensacional “O sexto sentido”, não há nenhuma possibilidade dele fazer um filme, talvez, mais fraco ou simplesmente diferente. É aquela velha história, sempre irão comparar seus posteriores com seu primeiro e até o momento grande clássico, vai entender a crítica, mas vamos ao filme.

Dentre esses gêneros lançados ultimamente, e olha que já foram vários, desde A bussola de ouro, os dois filmes da franquia As crônicas de Nárnia, passando por Eragon e Peter Jackson e o ladrão de raios e alguns outros que não conseguiram fazer muito barulho, esse O último mestre do ar é o que conseguiu ter mais qualidades, talvez só perdendo mesmo para a franquia As crônicas


Baseado na série de desenhos animes Avatar: a lenda de Ang, O último mestre do ar, retrata a história do garoto Ang, um dobrado de ar. Num mundo em que a Terra foi divida em quatro grandes nações e cada povo tinha a capacidade de dobrar os elementos principais que compõem a vida como água, fogo, ar e terra, existia uma figura lendária que nascia a cada geração com o poder de deter esses quatro elementos e fazer a ligação entre o mundo espiritual e o físico. Porém, devido a um motivo misterioso, o Avatar desapareceu, após isso, a Nação do fogo começou a tomar os outros reinos.

Nesse mundo em guerra, ressurge Ang, o mais novo Avatar. Ele que tem como habilidade domar o vento, terá como missão aprender os outros três elementos e trazer o equilíbrio à terra novamente. Mas para que isso possa acontecer, ele precisará superar a perda do seu povo que foi massacrado pela Nação do fogo.

A sinopse, para quem não conhece ou viu o desenho, torna-se problemática, pois é muita informação para acompanhar e memorizar. Com um orçamento de 130 milhões, o longa tem derrapado feio nas bilheterias, fazendo com que o propósito de seu diretor não se concretize, que no caso é transformar essa história numa trilogia.

O longa possui vários defeitos e isso é fato: o desenvolvimento da história se dá de forma muito rápida, alguns personagens não mostram a que veio, sendo que apenas Ang e o vilão, Príncipe Zuko, conseguem expressar seus sentimentos, o roteiro é sofrível, em sua maioria, alguns diálogos parecem que foram feitos por crianças e a escolha do elenco não foi das melhores, mesmo após assistir ao filme, ainda tenho a impressão que o ator Jackson Rathbone, que interpreta Sokka, deveria ter ficado com o personagem do Príncipe Zuko devido as características físicas, mas tirando esses detalhes, o filme não é todo ruim, há alguns elementos interessantes que devem ser considerados.


Em relação as questões técnicas, os planos fechados foram bem usados, os efeitos especiais para a manipulação da água e terra foram bem consistentes, bem verdadeiros e a opção do diretor em eliminar as situações cômicas da história para apenas focar no drama e luto do Ang foi uma boa sacada, pois afinal, não tem como fazer piada num momento de guerra e após saber que toda sua família foi dizimada.

Ao contrario do Dragon Ball que não respeitou em nada as características do desenho, aqui o diretor segue o ideal e coloca como Ang um garoto de 12 anos de idade. A questão espiritual foi amplamente colocada em prática, os pensamentos orientais sobre um mundo regido por espíritos e sendo controlados pelo equilíbrio da vida foi usado extremamente em todo o longa, ponto para o diretor.

Na história, após Ang ser liberto nas geleiras, ele descobre que tudo mudou e não consegue compreender nada do que está acontecendo, sua família e sua tribo estão em extinção, tribos do Reino da terra e da água estão sob o controle da Nação do fogo, a prática da dobragem de elementos é proibida em toda terra e essa noção dele estar perdido num mundo que simplesmente desconhece foi muito bem colocada no filme e a sua dificuldade em manipular a água devido a seu próprio drama foi uma ideia genial para mostrar o quão ele está sofrendo.

O último mestre do ar não é apenas uma história de ação, mas introspectiva, sobre perdas, luto e superação, sobre como deixar os sentimentos de dor e raiva fluírem para que a vida possa assim continuar e nós fazermos o que é certo diante dos problemas. Essa é a temática desse primeiro longa, colocar a casa em ordem para depois tentar modificar o que está ao derredor, no caso de Ang, compreender e aceitar sua dor para depois tentar mudar essa situação.

Se esse filme terá uma trilogia, é difícil dizer, mas ao final deixou uma bela cena de continuação com a apresentação da irmã de Zuko, uma garota extremamente violenta, obsessiva e perigosa que não poupa vidas e enfrentará o irmão a todo o custo. Se a ideia for mantida, o próximo filme será intitulado de Livro 2: o Reino da Terra, com a queda desse reino para a Nação do fogo e por fim Livro 3: a Nação do Fogo, retratando toda a mitologia desse personagem, então sendo assim, espero que de certo.

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