sexta-feira, 20 de maio de 2011

Silêncio

O dia amanhece. Ainda é cedo. O despertador me acorda. Abro os olhos. Passam-se alguns segundos. Todo o dia passa diante dos meus olhos. Um receio que se mistura com uma forte angústia toma conta de mim. Desejo ficar deitado, apenas fechar os olhos, até que o mundo desaparecesse por completo. Sem responsabilidades, sem necessidades, sentir a vida, simplesmente ter a necessidade de viver. Por que tenho que levantar, me vestir, enfrentar o cotidiano e não posso ficar simplesmente aqui, agora, simplesmente assim?

Após devanear por alguns segundos, volto a mim, é hora de levantar. Levando, caminho pelo quarto, ligo o chuveiro, a água ainda está fria. Entro debaixo das águas, ela começa a esquentar. Fecho os olhos e apenas sinto ela caindo sobre mim. Me visto, deixo tudo espalhado pelo chão, vou a cozinha, olho tudo a volta, procuro algo, não encontro então saio. Caminho, mas ainda é cedo, passo por pessoas, pelos ares, pelo silêncio, todos estão tão preocupados, e eu, não deveria estar? Não sei, as vezes acho que sou meio desligado. Chego ao trabalho, levanto a cabeça e então entro.

É hora do almoço. Saio, entro em um restaurante, há tantas pessoas, tantas vozes. Sento, almoço. Meus olhos passam a ficar vidrados num quadro na parede. Não compreendo bem, mas sinto que ele me entende, mas ainda não o entendo. As pessoas continuam conversando, conversam sobre tudo, tudo e todos, mas ninguém repara o quadro. Apenas eu o noto. Levando da mesa, saio do restaurante e então vou caminhar. Por uma praça ando, sinto o vento. Há uma paz nesse local. Nada me preocupa agora.

Caminho, então começo a pensar em tudo posso fazer em minha vida, como os céus são simplesmente o limite. Penso no que irei fazer semestre que vem, o que irei faze hoje ou amanhã, começo a fazer planos, e mais planos. Ah, são tantas coisas para fazer, mas por um momento eu paro, olho tudo a minha volta, tudo, tudo. Tudo passa a me olhar então, como se tivessem me espionando e reparando a minha vida.

Sinto um calafrio, uma angústia, não sinto nada, nada, nada em minha vida. Penso, vou... não sei...amanhã será um novo dia. Vou... é sim...ainda é cedo, vou esperar esse ano, não, esse semestre, é, tudo pode ser diferente, tudo vai ser diferente. É, sim, tudo, tudo. Continuo andando, caminhando, pensando, refletindo. Chego a novas e várias ideias, vários planos, mas nenhum tenho certeza se realizará.

Chega a noite, entro em casa. Há um silêncio tão profundo. Acendo as luzes, vou para cozinha, abro a geladeira, procuro, mas não sei o que exatamente. Ligo o rádio, então paro, o desligo logo em seguida, então ligo a TV, aumento o volume, jogo o controle em qualquer lugar. Vou para o banheiro, ligo o chuveiro, entro debaixo da água, uma água tão quente, tão relaxante, fecho os olhos e apenas sinto ela caindo sobre o meu corpo. Não penso em mais nada, na vida, no trabalho ou nos meus planos, nada, tudo some.

Permaneço durantes horas, saio do banho, então vou jantar. A TV, deixo ainda ligada. A sala e cozinha são invadidas por esse som. Após isso, vou para o quarto. Arrumo minhas coisas, dou uma organizada, arrumo meu despertador, troco de roupa, pego um livro, começo a ler, leio, folheio-o, jogo no chão e então deito, estou tão cansado. Amanhã será um novo dia. Programo a televisão para desligar daqui algumas horas, me deito, fecho os olhos procurando o sono, ele não vem. Começo a imaginar minha vida diferente, o sono começa a chegar, levemente toma conta de mim e simplesmente fecho os olhos e durmo. O dia termina e outro virá, porém não muito diferente desse, sinto apenas o silêncio.

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