sexta-feira, 13 de maio de 2011

Viciados em Glee

Está certo, esta é uma série bem ao estilo americano de ser, com todos os clichês de Hollywood possíveis embutidos nela. Os problemas não são tratados profundamente, tudo se resolve de uma maneira muito simples, racismo e bulling chegam até a ter graça e ao final, uma linda lição de moral. Mas ainda sim, essa é uma série que tem elementos que fazem toda diferença. Tudo soa de forma muito gostosa, divertida e simples. O charme, não levá-la a sério

Assim é Glee: divertida, engraçada e despretensiosa. Com temas que não chegam a ser complexos ou densos, mas que nos fazem pensar, pois às vezes o menos é mais. Porém, o maior diferencial dela está em ser um musical. Com episódios em que a maioria dos problemas levantados se resolvem ao seu término, a série possui um roteiro inteligente, uma edição rápida, sempre mostrando em forma de flashback explicativos sobre alguns acontecimentos do seriado.
A série conta a história do professor Will Schuester que resolve reerguer um antigo coral que havia participado quando jovem estudante, o Glee Club. Retomado o grupo, agora chamado de Novas Direções, ele tenta arranjar jovens que queiram participar do grupo. Os primeiros que se candidatam são os mais exclusos e anti-sociais do colégio.


Rachel é uma garota judia, arrogante, egocêntrica, que só pensa em seu estrelado, em que um dia poderá brilhar nos palcos da fama e ser popular, porém a única coisa que conta ao seu favor é voz, porque no resto é dispensável. Kurt é um garoto que vive sendo jogado pelos rapazes do colégio na sarjeta, lixo e coisas do gênero, por ser gay sofre um bocado, tem um pai machista e sua mãe faleceu quando ele ainda era muito pequeno, tem uma voz impactante, sabendo levar solos femininos dificílimos com muita facilidade.
Mercedes é uma garota gorda e negra com uma voz potente, porém que não é notada por se gorda e negra. Tina é mais comum, finge ser gaga para que ninguém a notem e tem uma voz bela, porém tem medo de usá-la justamente para ninguém percebê-la e por fim, no time dos anti-populares está Arti, um cadeirante, canta e toca guitarra muito bem, não liga para as opiniões do outros, se não liga, pelo menos finge que não. Diante dessa falta de popularidade, Schuester vai usar da ameaça para colocar no grupo Finn, bom moço, inocente, namorado de Quinn, a líder de torcida, jogador de futebol americano, respeitado por todos e canta muito bem.
Com o passar dos episódios, outros entrarão no grupo como as garotas Quinn, Brittany e Santana, do time das lideres de torcida, enviadas pela Sue, a treinadora do time, elas serão espiãs dentro do Glee e farão de tudo para acabá-lo e por fim, os rapazes do time de futebol Puck, Mike e Matt. Alguns começaram no grupo como obrigação, outros por interesses pessoais e outros, apenas por curiosidade, mas com o passar dos ensaios e convivência, todos ficarão muito ligados ao Glee Club.


Como eu disse no primeiro parágrafo, a série tem lá seus vários clichês, mas o que é interessante nesse aspecto é que os roteiristas da série utilizam os estereótipos para brincar com eles mostrando outros lados dessa mesma moeda. No caso, os excluídos têm seus defeitos também, eles não são perfeitos. Rachel, a garota feia com um coração grande e uma bela voz é arrogante e só tem um pensamento em mente: ser uma estrela. Gosta de um cara e se lança nele ou no amigo dele sem pensar.
Mercedes, a garota negra, tem grana e os pais são dentistas. Kurt, o gay, tem um pai machista e joga bola muito bem. Arti, o jovem de cadeiras de rodas dá em cima da amiga, Tina, de uma forma muito tranqüila, como se fizesse isso inúmeras vezes mostrando que o fato dele ser cadeirante não o impossibilita de fazer o que deseja. Isso já quebra alguns estereótipos de vitimas coitadas marcadas pela exclusão e o martírio de não conseguirem a tanta e sonhada popularidade.
As músicas são empolgantes, cantando desde clássicos do rock como The Doors e Beetles até pops da atualidade como Lady Gaga e Byonce, os números musicais são um show a parte e valem vários elogios.

Durante a temporada, conhecemos melhor cada integrante do grupo e das pessoas que os rodeiam. Algumas histórias foram tratadas de uma forma muito bela, cativante e sincera. Kurt e sua opção sexual, por exemplo, a forma como trabalharam a questão do preconceito e do difícil caminho da aceitação, não apenas por parte dele, mas das pessoas que estão ligadas a ele, como no caso seu pai, foi muito franca e terna. Os episódios envolvendo esses dois personagens foram simplesmente o ponto alto da temporada, tanto que os dois atores que os representam foram indicados ao Emmy, maior premiação da TV norte-americana, nas categorias melhor ator coadjuvante e melhor ator convidado em série comédia ou musical, sendo que o ator Chris Colfer, o Kurt do seriado, levou o Globo de ouro, em 2011, como melhor ator coadjuvante nessa mesma categoria.


Outra personagem bem trabalhada na série foi a Quinn. Ela que começou a temporada parecendo uma estatua sem fala ou reação, com o passar dos episódios foi se mostrando cativante, frágil e simpática. A áurea de líder de torcida foi cedendo lugar para uma garota que tenta, erra, erra e apenas quer se vista, mas ao final percebe outros valores e amizades. Todos mudam com o tempo e ela é a mostra disso. Sua personagem consegue ser mais cativante do que a própria protagonista do Glee. Um ponto interessante a abordar nela é o fato de que engravida por acidente do melhor amigo do seu namorado e se vê diante de um acontecimento que lhe custará toda a sua popularidade e marcará sua vida. A forma como a série tratou desse assunto e como foi seu desfecho foi interessante.

Outro ponto alto da série foram as homenagens a algumas personalidades do mundo da música. Entre elas Madona, The Kiss, Ledy Gaga e as músicas da década de 80. O funk também teve a sua homenagem no penúltimo episódio da série. Destaque para todos os episódios, mas em especial o último. Emocionante e bem emotivo, usaram todos os recursos possíveis para que todos chorassem ao final deste season finale.


Na segunda temporada mais personagens ganham presença, alguns assuntos tornam-se verdadeiras bandeiras do seriado, fazendo com que a série perca um pouco essa lado engraçado, afinal, não é para se levar a sério essas histórias e a homenagens a grandes celebridades do mundo da música continuam em alta, assim como as participações especiais como a da atriz Gwyneth Paltrow.

Bom, assim é Glee, leve e boba, com mensagens as vezes muito toscas de auto-ajuda e com episódios que as vezes nem é bom comentar, porém ela é muito carismática e isso se deve a seus personagens e tem uma edição e trabalhos técnicos com relação a questão musical impecáveis. .

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